Xamanismo

O xamanismo é o conjunto de práticas rituais ancestrais que tem como objetivo manter contato com o sagrado por meio de dança, música e consumo de enteógenos.

O xamanismo é uma prática ritual presente em diversos povos originários.

O xamanismo são práticas rituais ancestrais, pois se originaram no Paleolítico, e tem como objetivo manter o contato com o sagrado. Por meio dessas práticas, tem-se contato com os ancestrais, os espíritos da natureza, os espíritos animais etc. Esses rituais são marcados por danças, músicas e pelo consumo de enteógenos.

Dentro do xamanismo, considera-se que o xamã é a figura que conduz o ritual, sendo quem atua como mensageiro ou intermediário entre mundo terreno e o mundo espiritual. No entanto, existem rituais xamânicos sem a presença de um xamã. Diversos povos praticam rituais xamânicos, entre os quais estão muitos povos indígenas do Brasil.

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Resumo sobre xamanismo

  • O xamanismo é o conjunto de rituais ancestrais que são praticados por alguns povos.

  • Essas práticas rituais são usadas para manter contato com o mundo espiritual.

  • Os rituais são marcados pela presença de dança, música e pelo consumo de enteógenos.

  • O xamã é aquele quem conduz os rituais xamânicos, sendo um mensageiro ou intermediário entre o mundo espiritual e o mundo terreno.

  • Diversos povos indígenas do Brasil mantêm rituais xamânicos.

  • A palavra xamanismo é o aportuguesamento de shamanism, que define as referidas práticas ancestrais no idioma inglês.

O que é o xamanismo?

O xamanismo pode ser entendido como um conjunto de práticas religiosas ancestrais presentes em diferentes povos da humanidade. Essas práticas ancestrais permitem o contato com o mundo espiritual. Curandeirismo, adivinhação e alteração no estado de consciência são ações que acontecem durante os rituais.

Qual é a religião do xamanismo?

Apesar de ser referido como religião por muitos, os antropólogos não entendem o xamanismo como uma prática religiosa, porque ele não possui as características para ser definido como tal. Isso porque o xamanismo, por exemplo, não possui dogmas nem uma liturgia a ser seguida. Na prática, o xamanismo é composto de práticas rituais muito antigas que procuram manter contato com o mundo espiritual. Nos rituais xamânicos há a presença de músicas e danças diversas.

Sendo assim, o termo xamanismo é usado para referir-se a rituais ancestrais com a presença de transe (alteração da consciência de um ser humano). Esse transe deve acontecer no sentido de manter a pessoa em contato com elementos (bons ou maus, ancestrais etc.) do mundo espiritual.

É importante mencionar que essa definição é resultado de um amplo debate entre os antropólogos e outros pesquisadores das ciências humanas. Outro ponto é esclarecer que não há consenso entre os especialistas a respeito da definição do xamanismo. Nesse sentido, existem inúmeras críticas a esse termo entre muitos dos estudiosos do assunto.

Quem é o xamã?

Dentro do xamanismo, o xamã é a figura central do ritual, uma vez que ele é entendido como quem guia o contato com o mundo espiritual, sendo o receptor das mensagens. Esse contato com o mundo espiritual permite que o xamã transmita mensagens, mas, além disso, ele pode conduzir rituais de cura contra os maus espíritos.

Entre práticas que podem ser realizadas por um xamã, estão:

  • Permitir que o seu espírito dele abandone o corpo para ter contato integral com o mundo espiritual.

  • Iniciar o transe que permita que ele mantenha esse contato com o mundo espiritual.

  • Fazer com que alguém alcance o estágio de transe temporário.

  • Possibilitar o contato com espíritos de animais e ancestrais.

  • Realizar rituais de adivinhação depois de ter contato com o mundo espiritual etc.

Isso significa que o xamã é o guia dos rituais e o único que tem controle do contato com o mundo espiritual. No contexto dos povos indígenas do Brasil, o xamã corresponde à figura do pajé, quem mantém contato com os espíritos e realiza cura e adivinhações.

A existência do xamã nas práticas xamânicas de diversos povos não significa que todos os povos com rituais xamânicos necessitam ou tenham um xamã para conduzir o ritual. Alguns povos indígenas do Brasil, por exemplo, realizam os seus rituais xamânicos sem um xamã, e, nesse caso, a condução do ritual é realizada conjuntamente pelos próprios participantes. Nesses casos, os próprios participantes têm contato direto com o mundo espiritual, trazendo as mensagens que vêm dele e operando os cantos do ritual.

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O que se toma no xamanismo?

Chacrona (Psychotria viridis) é uma planta fundamental para a composição da bebida eteógena ayahuasca.

Vimos que a alteração de consciência (transe) para alcançar o mundo espiritual e manter contato com os espíritos desse plano é uma característica essencial do xamanismo. A forma como esse transe é alcançado se dá de maneira diferente em cada cultura. De forma geral, o uso de enteógeno é bastante comuns nos rituais xamânicos. Enteógenos são as substâncias consumidas para alterar a consciência e a percepção de uma pessoa.

Entre as substâncias que podem ser consumidas em rituais xamânicos, estão:

Povos praticantes do xamanismo

Entre os povos praticantes do xamanismo, estão:

  • inuit;

  • maias;

  • mazatecas;

  • huichós;

  • mapuche;

  • aimarás;

  • dogon;

  • nguni;

  • vikings (nórdicos da Era Viking);

  • povos indígenas do Brasil:

    • kaingang;

    • marubo;

    • parakanã.

  • aborígenes australianos;

  • mongóis.

Origem do termo xamanismo

Pilares com fitas coloridas tradicionais do xamanismo dos buriates, povo indígena da Sibéria, na Rússia.

A palavra xamanismo é o aportuguesamento de shamanism, a palavra que define a referidas práticas ancestrais no idioma inglês. Esse termo do inglês, por sua vez, deriva de saman, uma palavra originada de línguas tungúsicas (faladas por povos habitantes da Sibéria e de regiões próximas) e que é traduzida como “saber”.

O termo saman se tornou bastante comum para se referir a povos autóctones da Sibéria, como os evenki e os buriates. Acredita-se que ele se popularizou nesse sentido durante o século XVII. No Ocidente, ele ficou conhecido por meio de antropólogos que usaram a expressão xamanismo para se referir às práticas rituais de povos mongóis e turcos.

Fontes

NETO, João Irineu de França. Xamanismo e pajelança nas práticas ritualísticas indígenas. Disponível em: https://revistasenso.com.br/bem-viver/xamanismo-e-pajelanca-nas-praticas-ritualisticas-indigenas/

ARAÚJO, Carlos Eduardo de. Xamanismo hoje: diálogos com uma sabedoria arcaica. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/47219/1/Xamanismohojedialogos_Araujo_2022.pdf

UNICAP. Xamanismo. Disponível em: https://www1.unicap.br/observatorio2/?page_id=771

CESARINO, Pedro de Niemeyer. Xamanismo. Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Xamanismo

FEIJÓ, Adriana. Xamanismo. Disponível em: https://www.personare.com.br/conteudo/xamanismo-o-que-e-m117247

ROCHA, Felipe. O que é xamanismo. Disponível em: https://xamanismoseteraios.com.br/o-que-e-xamanismo/

VIANA, Rodolfo. O que é xamanismo? Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-xamanismo-2

SILVA, Sérgio Baptista da; Giumbelli, Emerson; Quintero, Pablo. O xamanismo e suas múltiplas manifestações e abordagens. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ha/a/q9PwyJwzVMDKbpCKd8xc8rr/?format=pdf&lang=pt

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SILVA, Daniel Neves. "Xamanismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/religiao/xamanismo.htm. Acesso em 09 de maio de 2024.

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