Iodo (I)

O iodo é um halogênio, sólido à temperatura ambiente, classificado como ametal que pertence ao grupo 17 da Tabela Periódica.

O iodo tem número atômico 53 e massa atômica de 126,9.
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O iodo (I) é um elemento químico ametal que pertence à serie dos halogênios e está localizado no grupo 17 (antiga família 7A) e 5º período da Tabela Periódica. Ele faz parte de um grupo de elementos essenciais para a saúde humana, desempenhando um papel crucial no funcionamento da glândula tireoide, que regula o metabolismo e diversas funções vitais do corpo. Sua presença na alimentação é indispensável para prevenir doenças como o hipotireoidismo e o bócio. Encontrado principalmente em frutos do mar, algas e no sal iodado, ele tem também importantes aplicações médicas, como antisséptico.

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Resumo sobre iodo

  • O iodo é um elemento químico de símbolo I, número atômico 53 e massa atômica 126,9.
  • É um ametal que pertence à série química dos halogênios.
  • Tem cor violeta-escura e se sublima facilmente (passa de sólido para gasoso).
  • É essencial para o funcionamento da glândula tireoide, que regula o metabolismo.
  • É encontrado em frutos do mar, algas, laticínios, ovos e sal iodado.
  • É usado como antisséptico em soluções como tintura de iodo para desinfetar feridas.
  • Excesso de iodo pode causar hipertireoidismo, enquanto sua falta provoca hipotireoidismo e bócio.
  • Foi descoberto em 1811 por Bernard Courtois.
  • É adicionado ao sal de cozinha como medida de saúde pública para prevenir deficiências.

O que é iodo?

O iodo é um elemento químico de símbolo I e número atômico 53, pertencente ao grupo dos halogênios na Tabela Periódica. Ele é um sólido de cor violeta-escura em temperatura ambiente e se sublima facilmente, ou seja, passa do estado sólido diretamente para o gasoso. Na natureza, ele é encontrado principalmente em sais minerais, como o iodeto, e também é adicionado ao sal de cozinha para prevenir deficiências nutricionais.

Para que serve o iodo?

O iodo é essencial para a produção dos hormônios tireoidianos, que regulam o metabolismo do corpo, controlando funções como o crescimento, desenvolvimento e o equilíbrio energético. Sem ele, a glândula tireoide não consegue produzir esses hormônios de maneira adequada, o que pode levar a problemas como o bócio (inchaço da tireoide) e o hipotireoidismo, que afeta o metabolismo. Além disso, ele também é utilizado como antisséptico em soluções como o “iodo povidona”, aplicado para desinfetar cortes e feridas na pele, prevenindo infecções.

Características do iodo

Amostra de iodo em temperatura ambiente.

O iodo apresenta algumas características físicas específicas, como ser um sólido de cor violeta-escura ou preta em temperatura ambiente, com um brilho metálico. Uma de suas principais propriedades é a sublimação, ou seja, ele passa diretamente do estado sólido para o gasoso quando aquecido, liberando vapores violeta.

É um elemento relativamente pesado, pouco solúvel em água, mas se dissolve bem em solventes como álcool e éter. Quimicamente, ele é menos reativo que outros halogênios, como o cloro e o flúor, mas ainda assim forma compostos importantes, como os iodetos.

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Propriedades do iodo

  • Símbolo: I.
  • Massa atômica: 126,90 u.
  • Número atômico: 53.
  • Configuração eletrônica: [Kr] 4d10 5s2 5p5.
  • Eletronegatividade: 2,66 (na escala Pauling).
  • Série química: halogênios.
  • Ponto de fusão: 113,7°C.
  • Ponto de ebulição: 184,3°C.
  • Energia de ionização: 1.008 kJ/mol (primeira ionização).
  • Afinidade eletrônica: 295,2 kJ/mol.
  • Densidade: 4,93 g/cm³.
  • Dureza (escala de Mohs): 0,4.
  • Estado de oxidação: -1, +1, +3, +5, +7.
  • Raio atômico (van der Waals): 198 pm.

Obtenção do iodo

A obtenção do iodo geralmente ocorre por meio de fontes naturais, como água do mar, algas marinhas e depósitos de sal-gema. Nesse sentido, o processo mais comum é feito a partir da água salgada ou de salmouras, onde o iodo está presente na forma de iodeto. Sendo assim, primeiramente, as salmouras são tratadas com cloro, que oxida o iodeto (I⁻) a iodo molecular (I2). Esse iodo molecular é então extraído por meio de sublimação ou usando solventes.

Salmouras que servem como fonte de iodo.

Ademais, ele também pode ser recuperado a partir de cinzas de algas marinhas, que são aquecidas para liberar o elemento. Contudo, apesar de esse método ter sido tradicionalmente usado, hoje é menos comum.

Efeitos do iodo no organismo

Ultrassonografia da tireoide, glândula cuja produção de hormônios está ligada ao iodo.

O iodo tem um papel crucial no organismo, especialmente para a produção de hormônios pela glândula tireoide. Todavia, tanto o excesso quanto a falta dele podem causar problemas de saúde. Diante disso, pontuamos a seguir quais são os efeitos do iodo no organismo.

  • Excesso de iodo: quando há muito iodo no organismo, levando à disfunção da tireoide. Isso pode resultar em hipertireoidismo, no qual a tireoide produz hormônios em excesso, causando sintomas como perda de peso, irritabilidade, batimentos cardíacos acelerados e tremores. Em casos extremos, o excesso desse elemento pode até causar inflamações ou bloqueio do funcionamento da tireoide.
  • Falta de iodo: já a deficiência de iodo provoca o hipotireoidismo, no qual a tireoide não consegue produzir hormônios suficientes, o que pode causar o bócio (inchaço da tireoide), ganho de peso, cansaço extremo e até problemas no desenvolvimento intelectual em crianças. Durante a gravidez, a falta de iodo pode afetar o desenvolvimento do sistema nervoso do bebê.

Alimentos com iodo

Frutos do mar e algas marinhas são os alimentos mais ricos em iodo.

Alimentos ricos em iodo são essenciais para o bom funcionamento da tireoide e para manter o metabolismo equilibrado. Em vista disso, podemos pontuar os principais:

  • Frutos do mar: peixes de água salgada, como bacalhau, atum e sardinha, além de mariscos e camarões, são excelentes fontes de iodo.
  • Algas marinhas: algumas variedades, como a alga nori e a kelp, são especialmente ricas em iodo, oferecendo uma quantidade muito alta em pequenas porções.
  • Laticínios: leite, queijo e iogurte contêm iodo, já que o elemento pode ser encontrado na alimentação das vacas ou ser adicionado durante o processamento.
  • Ovos: principalmente a gema, é uma boa fonte de iodo.
  • Sal iodado: no Brasil e em muitos outros países, o sal de cozinha é enriquecido com iodo para prevenir deficiências na população.

Veja também: Manganês — outro elemento químico fundamental na manutenção da saúde dos seres humanos

Tintura de iodo

A tintura de iodo é uma solução líquida usada como antisséptico para desinfetar cortes, feridas e a pele antes de procedimentos médicos. Ela contém iodo dissolvido em álcool ou água e é eficaz para eliminar bactérias, fungos e outros microrganismos, ajudando a prevenir infecções. Nesse contexto, seu uso é externo, e, ao aplicar, pode causar uma leve sensação de ardor. Também vale lembrar que esse tipo de tintura é bastante prático para primeiros socorros e pequenas lesões conforme é mostrado a seguir.

Tintura de iodo sendo aplicada em lesão.

Precauções com o iodo

É importante ter algumas precauções com o uso de iodo, sobretudo em formas como tintura, a qual exige alguns cuidados para garantir a segurança, por exemplo:

  • A tintura de iodo deve ser aplicada apenas na pele e nunca ingerida, pois pode ser tóxica se consumida.
  • Algumas pessoas podem ser alérgicas ao iodo. Portanto, antes de usar, é importante fazer um teste em uma pequena área da pele para evitar reações alérgicas, como coceira, vermelhidão ou inchaço.
  • O uso prolongado ou exagerado na pele pode causar irritação ou até danos. Logo, deve-se aplicar apenas o necessário e em áreas pequenas.
  • Para cortes ou feridas muito grandes, o uso de iodo deve ser evitado, pois pode retardar a cicatrização ou causar irritação.
  • No caso de uso de suplementos de iodo, é importante não exagerar, porquanto o seu excesso pode desregular a tireoide. Por isso, sempre consulte um médico antes de tomar suplementos, especialmente se houver histórico de problemas na tireoide.

História do iodo

A história do iodo tem início em 1811, quando o químico francês Bernard Courtois o descobriu acidentalmente, pois ele estava trabalhando com algas marinhas para produzir salitre, um componente da pólvora. Ao adicionar ácido sulfúrico às cinzas das algas, percebeu a formação de vapores violetas que, ao se condensarem, geraram cristais escuros. Posteriormente, foram identificados como um novo elemento químico: o iodo.

Entretanto, Courtois não tinha muitos recursos para continuar suas pesquisas, então outros cientistas, como Joseph Louis Gay-Lussac e Humphry Davy, investigaram o elemento mais a fundo e confirmaram que se tratava de um novo elemento químico, ao qual deram o nome de “iodo”, derivado do grego “iodes”, que significa “violeta”, por causa da cor de seus vapores.

Com o tempo, descobriu-se a importância desse elemento para a saúde, sobretudo no tratamento do bócio, uma condição causada pela falta de iodo. Já no século XX, muitos países começaram a adicionar iodo ao sal de cozinha para prevenir deficiências na população, uma medida de saúde pública que continua até hoje.

Fontes

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Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

GONçALVES, Jhonilson Pereira. "Iodo (I)"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/iodo.htm. Acesso em 11 de abril de 2025.

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