O que são figuras de sintaxe?

Recurso estilístico bastante empregado nos textos literários, as figuras de sintaxe subvertem propositadamente as normas da língua culta.

As figuras de sintaxe são um importante recurso estilístico empregado na linguagem literária

A língua portuguesa é permeada por peculiaridades, não é mesmo? Ela é tão interessante que, apesar de parecer sisuda, permite certas transgressões à sua norma. Eis então a pergunta para quem quer aprender mais sobre as especificidades da linguagem literária: você sabe o que são figuras de sintaxe?

As figuras de sintaxe, também conhecidas como figuras de construção, subvertem aspectos lógicos da língua portuguesa. Desvios ortográficos, semânticos e sintáticos são algumas das ocorrências mais frequentes. Entretanto, engana-se quem acredita que essa subversão seja um descuido com a língua e com a norma culta. Na verdade, as figuras de sintaxe são empregadas de maneira proposital, normalmente encontradas em textos do gênero literário, nos quais o estilo pode falar mais alto do que as convenções gramaticais.

Ao lado das figuras de sintaxe, estão outros recursos estilísticos, como as figuras de linguagem, figuras de pensamento e figuras de som. Para facilitar o entendimento, observe a tabela com as principais figuras de sintaxe:

Exemplos de figuras de sintaxe

Elipse: Omissão de um termo anteriormente enunciado ou sugerido na oração ou no contexto.
Exemplo: São indisciplinados, mas acredito que meus alunos serão aprovados. (Meus alunos são indisciplinados, mas acredito que meus alunos serão aprovados).

Zeugma: Tipo de elipse que omite um termo anteriormente expresso.
Exemplo: Os adultos foram para o trabalho, as crianças, para a escola. (Os adultos foram para o trabalho, as crianças foram para a escola).

Assíndeto: Figura de construção caracterizada pela omissão das conjunções coordenativas.
Exemplos: “A tua raça quer partir, guerrear, sofrer, vencer, voltar”. - Cecília Meireles. (A tua raça quer partir e guerrear e sofrer e vencer e voltar).

Polissíndeto: Caracteriza-se pela repetição enfática dos conectivos.
Exemplo: “E sob as ondas ritmadas/e sob as nuvens e os ventos/e sob as pontes e sob o sarcasmo/ e sob a gosma e sob o vômito. - Euclides da Cunha.

Pleonasmo: Repetição de ideias com o objetivo de enfatizá-las. Difere-se do pleonasmo vicioso, considerado um vício de linguagem.
Exemplo: Arregaçou as mangas e encarou de frente a situação. (“Encarar de frente” é uma redundância).

Silepse: Também conhecida como concordância ideológica. Pode referir-se ao gênero, número e pessoa.
Exemplo: Todos neste país somos importantes no combate à violência. (O verbo “somos” não está concordando com o sujeito “todos”, no entanto, o verbo está concordando com a ideia nele implícita, já que o falante se inclui entre aqueles que são importantes).

Hipérbato: Caracteriza-se pela troca da ordem direta dos termos da oração.
Exemplo: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante”. (As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico).

Anáfora: Caracteriza-se pela repetição de uma mesma palavra ou expressão no início de frases ou em versos consecutivos.
Exemplos: “Era uma estrela tão alta!/ Era uma estrela tão fria!/ Era uma estrela sozinha/ Luzindo no fim do dia”. - Manuel Bandeira. (Era uma estrela tão alta, fria, sozinha luzindo no fim do dia).


Por Luana Castro
Graduada em Letras

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PEREZ, Luana Castro Alves. "O que são figuras de sintaxe?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/portugues/o-que-sao-figuras-sintaxe.htm. Acesso em 05 de maio de 2024.

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