
O aposto é um termo acessório da oração e tem a função de explicar, enumerar, recapitular, comparar, distribuir, indicar circunstância, especificar, comentar ou resumir. E são tais funções que definem cada tipo de aposto. Ele se diferencia do vocativo, o qual é um termo independente que consiste em um chamamento ou invocação.
Leia também: O que é o sujeito?
Resumo sobre o aposto
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O aposto é um termo acessório da oração.
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Existem os seguintes tipos de aposto:
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explicativo;
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enumerativo;
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recapitulativo;
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comparativo;
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distributivo;
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circunstancial;
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especificativo;
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da oração.
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-
O vocativo é um termo independente e consiste em um chamamento.
Videoaula sobre o aposto
Tipos de aposto
TIPO |
FUNÇÃO |
EXEMPLO |
Explicativo |
Explicar, identificar, esclarecer. |
Brasília, capital do Brasil, foi inaugurada em 1960. |
Enumerativo |
Enumerar, listar, indicar. |
Considero duas atitudes irritantes: atraso e desatenção. |
Recapitulativo |
Resumir, sintetizar. |
Os livros e os cadernos, tudo foi colocado na mochila. |
Comparativo |
Comparar implicitamente. |
O corpo, máquina frágil, precisa de constante manutenção. |
Distributivo |
Distribuir elementos da oração. |
São dois pastéis: um para mim e outro para você. |
Circunstancial|1| |
Apontar circunstância ou situação. |
Morto, não tinha mais o que desejar. |
Especificativo |
Especificar, delimitar um termo genérico. |
A tia Eunice chegou ontem. |
Da oração |
Comentar ou resumir oração. |
Descumpriu todas as leis de trânsito, sinal de sua irresponsabilidade. Descumpriu todas as leis de trânsito, o que mostra sua irresponsabilidade. |
Como identificar o aposto em uma frase?
É preciso localizar, na frase, uma palavra ou expressão que exerça certa função relacionada a um substantivo, pronome, verbo ou a uma oração. Com exceção do aposto especificativo, os outros tipos de aposto são acompanhados de vírgula, dois-pontos ou travessão.
A seguir, vamos identificar cada um dos tipos de aposto existentes.
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Aposto explicativo
Brasília, capital do Brasil, foi inaugurada em 1960.
A expressão “capital do Brasil”, separada por vírgulas, exerce a função de explicar o que é o substantivo “Brasília”.
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Aposto enumerativo
Considero duas atitudes irritantes: atraso e desatenção.
A expressão “atraso e desatenção”, após dois-pontos, exerce a função de enumerar ou listar o substantivo “atitudes”, que são duas.
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Aposto recapitulativo
Os livros e os cadernos, tudo foi colocado na mochila.
A palavra “tudo”, após vírgula, exerce a função de resumir, ou seja, conter, em uma só palavra, os substantivos mencionados anteriormente. Portanto, “tudo” é o mesmo que “os livros e os cadernos”.
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Aposto comparativo
O corpo, máquina frágil, precisa de constante manutenção.
Ela, luz na escuridão, entrou na minha vida.
A expressão “máquina frágil”, separada por vírgulas, exerce função comparativa. Assim, o substantivo “corpo” é implicitamente (já que há ausência de conjunção) comparado com uma “máquina frágil”. Também a expressão “luz na escuridão”, separada por vírgulas, exerce função comparativa. Portanto, o pronome “ela” é implicitamente comparado com a “luz na escuridão”.
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Aposto distributivo
São dois pastéis: um para mim e outro para você.
A expressão “um para mim e outro para você”, após dois-pontos, exerce a função de distribuir os itens referentes ao substantivo “pastéis”, que são dois.
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Aposto circunstancial
Morto, não tinha mais o que desejar.
A palavra “morto”, separada por vírgula, exerce a função de apontar uma circunstância referente às orações “não tinha mais o que desejar”. Desse modo, “estando morto” é a situação apontada.
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Aposto especificativo
A tia Eunice chegou ontem.
A palavra “Eunice” exerce a função de especificar um termo genérico, isto é, o substantivo comum “tia”. Observe que, nesse caso, não há nenhum tipo de pontuação separando os dois termos.
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Aposto da oração
Descumpriu todas as leis de trânsito, sinal de sua irresponsabilidade.
Descumpriu todas as leis de trânsito, o que mostra sua irresponsabilidade.
A expressão “sinal de sua irresponsabilidade”, após a vírgula, exerce a função de comentar a oração “descumpriu todas as leis de trânsito”. Já o termo “o”, após a vírgula, exerce a função de resumir a oração “descumpriu todas as leis de trânsito”, isto é, “o” retoma a oração anterior.
Diferenças entre aposto e vocativo
APOSTO |
VOCATIVO |
Termo acessório da oração. |
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Tem a função de explicar, enumerar, recapitular, comparar, distribuir, apontar circunstância, especificar, comentar ou resumir. Portanto, existem vários tipos de aposto. |
Tem a função de chamar, invocar. |
Aparece entre vírgulas ou depois de vírgula, dois-pontos ou travessão, com exceção do aposto especificativo. |
Aparece entre vírgulas. Também pode ser precedido ou seguido de vírgula. Ocasionalmente, é seguido de exclamação. |
EXEMPLO |
EXEMPLOS |
O rio Sena fica na França. A aposto especificativo “Sena” especifica o substantivo comum “rio”. |
Senna, você é um campeão. Você é um campeão, Senna. Você, Senna, é um campeão. Senna! você é um campeão. O vocativo “Senna” é um chamamento e indica que alguém está conversando com o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna. |
20 frases com aposto
O cinema, uma luneta mágica, mistura realidade e ilusão.
[comparativo]
A liberdade, águia no infinito, é sempre alvo de repressão.
[comparativo]
Alice Guy-Blaché, pioneira do cinema francês, nasceu em 1873.
[explicativo]
Leonardo da Vinci, cientista e artista, era vegetariano.
[explicativo]
Há um bairro Tiradentes na cidade de Lisboa?
[especificativo]
O teatro Colón fica na Argentina.
[especificativo]
O filme apresenta três qualidades: ótima interpretação, fotografia insuperável e reflexão existencial.
[enumerativo]
Tinha dois desejos: dinheiro e fama.
[enumerativo]
Avós, tios e primos, todos chegaram tarde.
[recapitulativo]
Tosse, gritos, música, tudo me irritava.
[recapitulativo]
Tenho dois livros infantis — um para Amanda, e outro para Augusto.
[distributivo]
Pode me dar três pães: para mim, minha mãe e minha irmã.
[distributivo]
Em criança, só tecia sonhos e ilusões.
[circunstancial]
Os autores românticos idealizam a realidade, indício de sua inadaptação.
[da oração]
A vida é cheia de surpresas, o que a faz assustadora.
[da oração]
Ela e eu, amigos inseparáveis, fomos à festa ontem.
[explicativo]
Cantar, uso artístico da voz, é um talento invejável.
[explicativo]
Quero isto: dormir e sonhar.
[enumerativo]
Nós, páginas em branco, queremos aprender.
[comparativo]
Fernanda Torres, atriz brasileira, ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz.
[explicativo]
Leia também: Termos constituintes da oração: conceitos, exemplos e diferenças
Exercícios sobre aposto
Questão 1 (UFLA)
As mil e uma noites
1º fragmento
“Traído por sua esposa, um sultão resolve punir todas as mulheres do seu reino pelo crime de uma só. E passa a ser lei que a cada noite desposará uma nova mulher, para matá-la na manhã seguinte. A filha do vizir, Sherazade, elabora um plano para botar um fim no massacre. Oferece-se para casar com o sultão, e na noite de núpcias começa a contar-lhe uma história, deixando-a inacabada ao amanhecer. Curioso para saber o desfecho, o sultão permite que a moça viva mais um dia para terminar a história. E assim Sherazade continua
suas narrativas, parando sempre ao amanhecer num momento de suspense, para que o sempre curioso sultão lhe conceda mais um dia de vida. Ao final das 1001 noites de histórias, o sultão já tem três filhos com Sherazade e está apaixonado pela esposa. Decide acabar com a sua vingança e abolir a lei das esposas, e como em qualquer conto de fadas que se preze, vivem todos felizes para sempre.”
Copyright 2001-2005 Nemo Nox.
“A filha do vizir, Sherazade, elabora um plano para botar um fim no massacre.”
O emprego da vírgula nesse trecho justifica-se CORRETAMENTE na seguinte alternativa:
A) separar o vocativo.
B) separar o termo deslocado.
C) separar uma intercalação.
D) separar o aposto.
Resolução:
Alternativa D.
O aposto explicativo “Sherazade” deve estar entre vírgulas.
Questão 2 (Unesp)
Curupira
Na teogonia* tupi, o anhangá, gênio andante, espírito andejo ou vagabundo, destinava-se a proteger a caça do campo. Era imaginado, segundo a tradição colhida pelo Dr. Couto de Magalhães, sob a figura de um veado branco, com olhos de fogo.
Todo aquele que perseguisse um animal que estivesse amamentando corria o risco de ver Anhangá e a visão determinava logo a febre e, às vezes, a loucura. O caapora é o mesmo tipo mítico encontrado nas regiões central e meridional e aí representado por um homem enorme coberto de pelos negros por todo o rosto e por todo o corpo, ao qual se confiou a proteção da caça do mato. Tristonho e taciturno, anda sempre montado em um porco de grandes dimensões, dando de quando em vez um grito para impelir a vara. Quem o encontra adquire logo a certeza de ficar infeliz e de ser malsucedido em tudo que intentar. Dele se originaram as expressões portuguesas caipora e caiporismo, como sinônimo de má sorte, infelicidade, desdita nos negócios. Bilac assim o descreve: “Companheiro do curupira, ou sua duplicata, é o Caapora, ora gigante, ora anão, montado num caititu, e cavalgando à frente de varas de porcos do mato, fumando cachimbo ou cigarro, pedindo fogo aos viajores; à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho”.
[...]
O Brasil no folclore, 1970.
* Teogonia, s.f.: 1. Filos. Doutrina mística relativa ao nascimento dos deuses, e que frequentemente se relaciona com a formação do mundo. 2. Conjunto de divindades cujo culto forma o sistema religioso dum povo politeísta. (Dicionário Aurélio Eletrônico — Século XXI.)
“[...] à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho.”
Eliminando-se o aposto, a frase em destaque apresentará, de acordo com a norma-padrão, a seguinte forma:
A) à frente voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho.
B) à frente dele voam os vaga-lumes batedores, alumiando o caminho.
C) à frente dele voam seus batedores, alumiando o caminho.
D) à frente dele voam os vaga-lumes, alumiando o caminho.
E) à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando.
Resolução:
Alternativa D.
Ao eliminar o aposto explicativo “seus batedores”, a frase fica assim: “[...] à frente dele voam os vaga-lumes, alumiando o caminho”.
Nota
|1| Não há consenso, nos estudos linguísticos, acerca da existência do aposto circunstancial. Esse tipo de aposto expressaria circunstância, ou seja, tempo, causa, concessão etc. No entanto, alguns estudiosos, segundo a doutora Márcia Teixeira Nogueira, “preferem analisar tal expressão como orações adverbiais com verbo elíptico, ou mesmo como adjuntos adverbiais” ou como “predicativos circunstanciais de orações adverbiais com predicado nominal”.
Fontes:
BECHARA, Evanildo. Lições de Português pela análise sintática. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 49. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
NOGUEIRA, Márcia Teixeira. Indeterminações de fronteira da aposição: o chamado aposto circunstancial. Disponível em: https://simelp.fflch.usp.br/sites/simelp.fflch.usp.br/files/inline-files/S701.pdf.
OLIVEIRA, Lilian Manes de. Três assuntos de sintaxe. Disponível em: http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno14-18.html.
SANTOS, Márcia Angélica dos. Aprenda análise sintática. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.