O que foi a Guerrilha do Araguaia?

A Guerrilha do Araguaia foi um movimento armado, liderado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que tinha o objetivo de derrubar a Ditadura Militar no país.

Resumo sobre o que foi a Guerrilha do Araguaia.
Crédito da Imagem: Brasil Escola

A Guerrilha do Araguaia foi um movimento armado que ocorreu entre 1967 e 1974, no sul do Pará. Foi liderado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), contra a Ditadura Militar Brasileira. Foi inspirado pela Revolução Cubana e marcado pela tentativa de instaurar um regime socialista no país. As causas desse movimento incluíram a repressão instaurada após o Golpe de 1964, a insatisfação com a falta de liberdades democráticas e a influência de movimentos guerrilheiros internacionais.

Os objetivos da guerrilha eram derrubar a ditadura, conquistar o apoio da população local, formar um exército popular e promover reformas sociais e agrárias. As operações militares contra a guerrilha, como a Operação Papagaio, em 1972, a Operação Marajoara, em 1973, e a Operação Limpeza, em 1974, foram caracterizadas por táticas agressivas, tortura, execuções sumárias e desaparecimentos forçados, culminando no fim da resistência armada.

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Resumo sobre a Guerrilha do Araguaia

  • A Guerrilha do Araguaia foi um movimento armado, liderado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que quis derrubar a Ditadura Militar e instaurar um governo socialista no Brasil.

  • Ocorreu no sul do Pará, entre 1967 e 1974.

  • Foi inspirada por movimentos guerrilheiros internacionais, como a Revolução Cubana.

  • Foi motivada pela repressão instaurada pela Ditadura Militar após o Golpe de 1964 e a insatisfação com a falta de liberdades democráticas.

  • As operações militares do governo contra a Guerrilha do Araguaia visavam a desmantelar o movimento guerrilheiro com base em estratégias agressivas.

  • Essas operações resultaram em embates violentos, tortura, execuções sumárias e desaparecimentos forçados.

  • O fim da Guerrilha do Araguaia ocorreu em 1974, após a Operação Limpeza, que, com táticas de aniquilação total, conseguiu eliminar quase todos os guerrilheiros, encerrando a resistência armada.

  • Alguns sobreviventes fugiram ou foram capturados e torturados.

  • A guerrilha resultou em pressões para a abertura política e transição democrática, em esforços de reconhecimento e reparação, e num legado sobre a importância da luta por liberdades e direitos democráticos.

Contexto histórico da Guerrilha do Araguaia

A Guerrilha do Araguaia foi um movimento de resistência armado que ocorreu no Brasil durante a Ditadura Militar, especificamente entre os anos de 1967 e 1974. Esse movimento teve como palco a região do Bico do Papagaio, situada no sul do estado do Pará, na divisa com o Maranhão e Tocantins.

Esse período histórico do Brasil foi marcado pela repressão e censura, resultantes do Golpe Militar de 1964, que depôs o presidente João Goulart, instaurando um regime autoritário. O movimento guerrilheiro foi liderado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que buscava instaurar um regime socialista no país.

Mapa da região da Guerrilha do Araguaia.[1

Inspirados em movimentos revolucionários, como a Revolução Cubana, os guerrilheiros se estabeleceram na região do Araguaia para iniciar uma luta armada contra o governo militar. A escolha dessa área se deu por sua localização estratégica, seu difícil acesso e pela presença de uma população local que os guerrilheiros acreditavam poder conquistar para sua causa.

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Causas da Guerrilha do Araguaia

As causas da Guerrilha do Araguaia estão intrinsecamente ligadas ao contexto político e social do Brasil nos anos 1960 e 1970. O Golpe Militar de 1964 interrompeu um período de reformas sociais e econômicas, gerando insatisfação entre diversos grupos políticos e sociais. A Ditadura Militar instaurou um regime repressivo, caracterizado pela perseguição, tortura e assassinato de opositores políticos.

O PCdoB, insatisfeito com a falta de liberdades democráticas e inspirado pelas vitórias de movimentos guerrilheiros em outros países, decidiu seguir o caminho da luta armada. O partido acreditava que a guerrilha rural era a forma mais eficaz de combater a ditadura e mobilizar a população camponesa em prol de uma revolução socialista. A escolha do Araguaia se deu por fatores estratégicos e pela crença de que a população local poderia ser educada e mobilizada para a causa revolucionária.

Quais eram os objetivos da Guerrilha do Araguaia?

Os objetivos da Guerrilha do Araguaia eram essencialmente políticos e ideológicos. O principal objetivo era derrubar o regime militar e instaurar um governo socialista no Brasil, inspirado em modelos como o cubano. Para isso, os guerrilheiros esperavam conquistar a confiança e o apoio da população local, composta majoritariamente por camponeses, para criar uma base sólida de sustentação para o movimento.

Com a base no Araguaia, a ideia era expandir o movimento para outras regiões do país, desencadeando uma insurreição nacional que pudesse derrubar o governo militar. O treinamento militar dos camponeses e a organização de um exército popular eram vistos como passos essenciais para a resistência armada e eventual vitória sobre as forças militares do governo.

A guerrilha também tinha como objetivo implementar reformas sociais e agrárias que beneficiassem a população rural, buscando criar um modelo de sociedade mais justo e igualitário.

Operações na Guerrilha do Araguaia

A Guerrilha do Araguaia foi alvo de diversas operações militares, por parte do governo brasileiro, que buscaram desmantelar o movimento e eliminar os guerrilheiros. Entre as operações mais notórias, estiveram:

Operação Papagaio

A Operação Papagaio, realizada em abril de 1972, foi a primeira grande investida militar contra a Guerrilha do Araguaia. Envolvendo cerca de três mil soldados, essa operação tinha como objetivo inicial reconhecer e mapear a área ocupada pelos guerrilheiros, além de neutralizar focos de resistência.

No entanto, devido à falta de conhecimento sobre a região e a subestimação da capacidade dos guerrilheiros, a operação não conseguiu alcançar seus objetivos principais, resultando em embates isolados e na fuga de muitos guerrilheiros para áreas mais remotas.

Operação Marajoara

Em 1973, a Operação Marajoara foi lançada como uma resposta mais contundente à presença dos guerrilheiros no Araguaia. Liderada pelo major Sebastião Rodrigues de Moura, conhecido como Curió, essa operação envolveu um número maior de tropas e uma abordagem mais agressiva.

Os militares empregaram táticas de contrainsurgência, incluindo tortura, execução sumária e desaparecimento forçado de prisioneiros. A Operação Marajoara infligiu pesadas baixas aos guerrilheiros, mas não conseguiu eliminar o movimento.

Operação Limpeza

A Operação Limpeza, em 1974, foi a última grande ofensiva militar contra a Guerrilha do Araguaia. Com o objetivo de erradicar de vez o movimento, os militares adotaram uma estratégia de aniquilação. Essa operação foi marcada por uma violência extrema, com relatos de torturas brutais e execuções sumárias. A Operação Limpeza resultou na quase total eliminação dos guerrilheiros e no fim da resistência armada no Araguaia.

Fim da Guerrilha do Araguaia

Comboio do Exército Brasileiro trazendo militares para atuarem nas operações da Guerrilha do Araguaia.[2]

O fim da Guerrilha do Araguaia ocorreu em meados de 1974, após a intensificação das operações militares e a adoção de táticas extremamente violentas e repressivas por parte do governo. Com a Operação Limpeza, os últimos focos de resistência foram eliminados, e a maioria dos guerrilheiros foi morta ou capturada. Aqueles que conseguiram sobreviver fugiram para outras regiões ou foram presos e torturados.

Consequências da Guerrilha do Araguaia

A Guerrilha do Araguaia teve diversas consequências para o Brasil, tanto no curto quanto no longo prazo. A resposta do governo militar à guerrilha foi marcada por graves violações dos Direitos Humanos, incluindo tortura, execuções sumárias e desaparecimentos forçados. Esses atos de repressão geraram uma cicatriz profunda na memória coletiva do país e resultaram em investigações posteriores para responsabilizar os envolvidos.

As atrocidades cometidas durante a repressão à guerrilha contribuíram para o fortalecimento do movimento dos Direitos Humanos no Brasil, que ganhou força na luta por justiça e reparação para as vítimas da ditadura.

A Guerrilha do Araguaia e outras formas de resistência contribuíram para a pressão interna e externa sobre o regime militar, eventualmente levando à abertura política e à transição para a democracia na década de 1980. A luta dos guerrilheiros se tornou um símbolo de resistência contra a ditadura, inspirando movimentos políticos e sociais posteriores.

Nos anos seguintes à ditadura, houve esforços para reconhecer e reparar os danos causados pela repressão. Comissões da Verdade foram estabelecidas para investigar os crimes cometidos pelo regime militar e para proporcionar alguma forma de justiça às vítimas e suas famílias.

Saiba mais: Atos institucionais — decretos que legitimavam o uso da violência durante a Ditadura Militar

Exercícios resolvidos sobre a Guerrilha do Araguaia

1. A Guerrilha do Araguaia foi um movimento de resistência armado que ocorreu no Brasil durante a Ditadura Militar, especificamente entre os anos de 1967 e 1974. O movimento teve como palco a região do Bico do Papagaio, situada no sul do estado do Pará, na divisa com o Maranhão e Tocantins, e foi liderado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Inspirados pela Revolução Cubana, os guerrilheiros se estabeleceram na região do Araguaia para iniciar uma luta armada contra o governo militar, com o objetivo de instaurar um regime socialista no Brasil. As operações militares contra a guerrilha, como a Operação Papagaio, a Operação Marajoara e a Operação Limpeza, envolveram táticas agressivas que incluíam tortura, execuções sumárias e desaparecimentos forçados.

Considerando os objetivos e o contexto da Guerrilha do Araguaia, qual das alternativas a seguir melhor descreve os motivos que levaram o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) a optar pela luta armada na região do Araguaia?

a) Estabelecer uma base de apoio urbano e iniciar a insurreição com base nas grandes cidades brasileiras.

b) Explorar economicamente a região do Araguaia para financiar a revolução socialista no Brasil.

c) Derrubar a Ditadura Militar e instaurar um governo socialista, conquistando o apoio da população camponesa e formando um exército popular.

d) Promover reformas agrárias e sociais na região do Araguaia, sem a necessidade de confronto armado.

e) Utilizar a região do Araguaia como esconderijo estratégico, sem o objetivo de iniciar uma insurreição.

Resposta: C

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) escolheu a região do Araguaia para iniciar a luta armada devido à localização estratégica e à presença de uma população camponesa, que eles acreditavam poder mobilizar para a causa revolucionária. O objetivo principal era derrubar a Ditadura Militar e instaurar um governo socialista, formando um exército popular com base no apoio local.

2. A Guerrilha do Araguaia foi uma tentativa de insurgência armada liderada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) contra a Ditadura Militar Brasileira, ocorrendo entre 1967 e 1974, na região do Bico do Papagaio, no Pará. O movimento foi inspirado pela Revolução Cubana e buscava mobilizar a população local para formar um exército popular e, eventualmente, iniciar uma insurreição nacional contra o regime militar. Em resposta, o governo brasileiro lançou várias operações militares, incluindo a Operação Papagaio, a Operação Marajoara e a Operação Limpeza, caracterizadas por táticas de extrema violência, incluindo tortura e execuções sumárias. De que maneira a repressão à Guerrilha do Araguaia influenciou o movimento dos Direitos Humanos no Brasil e a transição para a democracia nas décadas seguintes?

a) Ao eliminar a guerrilha, o governo militar fortaleceu a ditadura e reduziu a pressão por reformas democráticas.

b) As táticas brutais de repressão minaram a credibilidade do governo militar, contribuindo para o fortalecimento do movimento dos Direitos Humanos e acelerando a transição para a democracia.

c) A repressão violenta foi amplamente apoiada pela população brasileira, que viu a guerrilha como uma ameaça à segurança nacional.

d) As operações militares eficazes consolidaram o controle do governo sobre a região e reduziram a influência do movimento dos Direitos Humanos.

e) A guerrilha teve pouco impacto na sociedade brasileira, e a repressão foi vista como uma questão regional, sem maiores consequências nacionais.

Resposta: B

A repressão violenta à Guerrilha do Araguaia, com suas graves violações de Direitos Humanos, expôs as brutalidades do regime militar e gerou uma reação significativa, tanto no Brasil quanto internacionalmente. Isso contribuiu para o fortalecimento do movimento dos Direitos Humanos, pressionando por uma abertura política que culminou na transição para a democracia na década de 1980.

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] Wikimedia Commons

Fontes

FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2009

DOLNIKHOF, M. História do Brasil Império. São Paulo: Contexto, 2017

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "O que foi a Guerrilha do Araguaia?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-guerrilha-araguaia.htm. Acesso em 14 de abril de 2025.

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