
O lúpulo (Humulus lupulus L.) é uma espécie de angiosperma que apresenta inflorescências que são utilizadas na produção da cerveja. Essas inflorescências (agrupamento de flores) contêm substâncias importantes que garantem aroma, amargor e outras propriedades à cerveja. O lúpulo é usado de diferentes formas na indústria cervejeira, podendo ser utilizado na forma de extrato, flores inteiras ou pellets.
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Características do lúpulo
O lúpulo é uma planta da família Cannabaceae, mesma família da maconha (Cannabis sativa). Essa espécie é uma planta dioica do tipo trepadeira, ou seja, que cresce apoiada sobre alguma estrutura, podendo atingir grandes alturas. Essa planta apresenta um sistema radicular ramificado que pode apresentar mais de 4 metros de profundidade.
As plantas fêmeas de lúpulo possuem uma inflorescência capaz de produzir uma quantidade considerável de um produto chamado de lupulina. Esse produto é uma substância que contém compostos que garantem amargor, aroma e propriedades antioxidantes. Na lupulina, é possível encontrar, por exemplo, resinas, óleos essenciais, proteínas, polifenois e ceras.
Nas resinas, são encontrados alfa e beta ácidos, os quais são os responsáveis por garantir algumas importantes propriedades da cerveja. Os alfa ácidos atuam principalmente garantindo amargor, enquanto os beta ácidos destacam-se principalmente por suas propriedades antimicrobianas.
A quantidade de ácidos pode variar de um indivíduo para outro a depender, por exemplo, da idade e do local para o plantio. No que diz respeito ao aroma, os componentes mais importantes são os óleos essenciais.
Vale destacar que muitos cervejeiros combinam diferentes variedades de lúpulo a fim de conseguir cervejas únicas e com sabores marcantes. Um fato interessante é que as cervejas artesanais apresentam um valor muito mais elevado de lúpulo do que as cervejas populares, o que confere às primeiras sabores mais diferenciados.
Variedades de lúpulo
Existem mais de 100 diferentes variedades de lúpulo, as quais variam, principalmente, de acordo com a concentração de alfa e beta ácidos. Veja a seguir algumas variedades de lúpulo conhecidas:
Variedades de lúpulo |
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Challenger |
Essa é uma variedade de lúpulo do Reino Unido. Ela garante notas de aroma picante e chá verde. |
Chinook |
Esse lúpulo é uma variedade americana que se destaca por possuir aroma com notas de cítrico, amadeirado e herbal. |
Columbus |
É um lúpulo americano que garante muito amargor à cerveja. |
Hallertau |
É um lúpulo alemão que apresenta como principal propriedade garantir aroma à cerveja, sendo considerada uma variedade de aroma nobre. |
Saaz |
Essa é uma variedade da República Tcheca e que possui um elevado aroma, mas pouco amargor. |
Cultivo de lúpulo
O cultivo de lúpulo é bastante antigo e data do século VIII. Nessa época, o cultivo da planta era feito, principalmente, visando a obter as propriedades medicinais relaxantes desse vegetal. Essa planta também apresentava grande aplicação como tintura, produção de cordas e papel, entretanto, nos dias atuais, sua principal utilidade é a produção de cerveja, o que garante a preservação dessa bebida e também sua aromatização.
O primeiro relato do uso da planta na cerveja data da Idade Média. A intenção era garantir que a bebida ficasse melhor conservada. Posteriormente, durante o século XV, o lúpulo tornou-se o mais popular aromatizante e conservante do Reino Unido.
O lúpulo caracteriza-se por necessitar de uma determinada quantidade de luz para garantir seu crescimento e também sua floração, portanto, não é facilmente cultivada em todas as partes do planeta. Essa planta necessita de mais de 13 horas de exposição à luz solar para que seja possível seu florescimento.
Além disso, necessita de solos profundos e férteis, grande quantidade de água e verões quentes e invernos frios. A recomendação é que o cultivo seja feito entre 35° e 55° de latitude norte ou sul. Essa planta é cultivada principalmente em locais do hemisfério Norte.
Curiosidade: De acordo com Bill Laws em seu livro "50 plantas que mudaram o rumo da história", no século XXI, uma garrafa de ale e uma garrafa de cerveja são vistas como a mesma coisa, entretanto, no século XII o ale era produzido sem adição de lúpulo, diferentemente da cerveja. Foi a adição das flores de lúpulo ao processo cervejeiro que fez com que o ale fosse transformado em cerveja.
Por Me. Vanessa Sardinha dos Santos