Pablo Neruda

Pablo Neruda é o poeta mais famoso do Chile. Além de escritor, foi diplomata. Usou sua poesia não só para falar de amor mas também como forma de expressão política.

Pablo Neruda, em 1963.
Pablo Neruda, em 1963.

Pablo Neruda (Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto) nasceu em 12 de julho de 1904, em Parral, no Chile, mas viveu sua infância e adolescência em Temuco. Depois, mudou-se para Santiago para estudar francês na Universidade do Chile. Em 1923, publicou seu primeiro livro de poesias — Crepusculário.

O autor, que faleceu em 23 de setembro de 1973, em Santiago do Chile, foi diplomata, conheceu vários países e escreveu poesias caracterizadas pelo sentimentalismo, crítica sociopolítica e temática do cotidiano. Assim, Neruda se tornou um dos poetas de língua espanhola mais lidos e traduzidos no mundo inteiro.

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Biografia de Pablo Neruda

Pablo Neruda (Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto) nasceu em 12 de julho de 1904, em Parral, no Chile. Quando tinha apenas dois meses de vida, ficou órfão de mãe. Assim, dois anos depois, seu pai se mudou para Temuco e se casou novamente. Nessa cidade, de 1910 a 1920, Neruda estudou no Liceu de Homens.

Sua primeira publicação foi o artigo “Entusiasmo e perseverança”, assinado como Neftalí Reyes, em 1917, no jornal La Mañana. A partir de então, passou a publicar poesias em periódicos como Corre-Vuela e Selva Austral. Em 1919, ficou em terceiro lugar nos jogos florais de Maule, com o poema “Noturno ideal”.

Passou a assinar as suas poesias com o pseudônimo de Pablo Neruda a partir de 1920. Já em 1921, mudou-se para Santiago, onde ingressou no Instituto Pedagógico da Universidade do Chile, para estudar francês. Nesse mesmo ano, ficou em primeiro lugar no concurso da Federação de Estudantes do Chile, com seu poema “A canção da festa”.

Enquanto estudava, continuou a publicar em periódicos como Claridad, Los Tiempos e Dionysios. Em 1923, publicou seu primeiro livro de poesias: Crepusculário. Dois anos depois, tornou-se diretor da revista Caballo de Bastos, além de escrever para outros periódicos.

No ano de 1927, Pablo Neruda viajou para a Europa e conheceu Portugal, Espanha e França. Em Rangum, na Birmânia, onde atuou como cônsul, teve um relacionamento amoroso com uma mulher chamada Josie Bliss, o qual durou até o ano seguinte. Em 1930, quando era cônsul na Batávia, casou-se com María Antonieta Hagenaar Vogelzang.

Voltou ao Chile em 1932. No ano seguinte, foi para Buenos Aires, na Argentina, e continuou a realizar seu trabalho de cônsul. Já em 1934, foi nomeado cônsul na Espanha, onde conheceu Delia del Carril (1884-1989). Com o início da Guerra Civil Espanhola, em 1936, Neruda foi para a França, e regressou ao Chile no ano seguinte.

Em 1939, o poeta retomou seu trabalho como diplomata e voltou a viver em Paris, onde atuou a favor dos refugiados espanhóis. Em 1940, partiu para a Cidade do México, como cônsul geral. Cinco anos depois, em 1945, Neruda foi eleito senador no Chile, ganhou o Prêmio Nacional de Literatura e se filiou ao Partido Comunista.

Foi condecorado pelo governo mexicano, em 1946, com a Ordem da Águia Asteca. Dois anos depois, devido à perseguição política exercida pelo presidente chileno Gabriel González Videla (1898-1980), foi decretada a sua prisão. Apesar disso, o poeta permaneceu no Chile, mas escondido. Até que, em 1949, ele conseguiu fugir do país.

A partir de então, viajou para diversos países, onde participou de eventos políticos, artísticos e literários. Em 1950, recebeu o Prêmio Internacional da Paz. Quando estava morando na Itália, em 1952, sua ordem de prisão no Chile foi revogada, e, assim, o poeta voltou à sua pátria.

No ano seguinte, recebeu o Prêmio Stalin da Paz. Em 1955, separou-se de Delia de Carril e foi morar com sua nova companheira, Matilde Urrutia (1912-1985). Nesse mesmo ano, fundou a revista Gaceta de Chile. Dois anos depois, tornou-se presidente da Sociedade de Escritores do Chile.

A essa altura, era um dos poetas de língua espanhola mais lidos, traduzidos e celebrados no mundo inteiro. Assim, em 1961, recebeu o título honorífico de membro correspondente do Instituto de Línguas Românicas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Em 1962, foi nomeado membro acadêmico honorário da Faculdade de Filosofia e Educação da Universidade do Chile.

Suas viagens a outros países eram constantes, mas o poeta sempre retornava ao seu país natal. Em 1965, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Oxford. No ano seguinte, recebeu a condecoração peruana Sol do Peru, além do Prêmio Atenea, da Universidade de Concepción, e, em 1967, o prêmio literário internacional de Viareggio, na Itália.

Já no ano de 1968, recebeu a medalha Joliot Curie e se tornou membro honorário da Academia Norte-Americana de Artes e Letras. No ano seguinte, foi nomeado membro honorário da Academia Chilena da Língua e recebeu o título de doutor honoris causa pela Pontifícia Universidade Católica do Chile, além da Medalha de Prata do Senado chileno.

No ano de 1971, Neruda se tornou embaixador do Chile na França e ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. Já em 1972, foi nomeado membro do Conselho Consultivo da Unesco. No ano seguinte, renunciou ao cargo na embaixada. Morreu em 23 de setembro de 1973, em Santiago, no Chile, dias após o golpe militar que implantou a ditadura no país.

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Características da obra de Pablo Neruda

Pablo Neruda fez parte da geração de 1920 da literatura chilena. Por isso, e devido a peculiaridades do autor, suas obras apresentam as seguintes características:

  • Introspecção

  • Saudosismo

  • Melancolia

  • Erotismo

  • Crítica sociopolítica

  • Temática amorosa

  • Elementos do cotidiano

  • Valorização da identidade latino-americana

Obras de Pablo Neruda

Capa do livro “Antologia poética”, de Pablo Neruda, publicado pela editora José Olympio.[1]
  • Crepusculário (1923)

  • Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (1924)

  • Tentativa do homem infinito (1926)

  • O habitante e sua esperança (1926)

  • Residência na terra (1933)

  • Espanha no coração: hino às glórias do povo na guerra (1937)

  • Terceira residência (1947)

  • Canto geral (1950)

  • Os versos do capitão (1952)

  • Todo o amor (1953)

  • Odes elementais (1954)

  • As uvas e o vento (1954)

  • Novas odes elementais (1955)

  • Terceiro livro das odes (1957)

  • Estravagário (1958)

  • Cem sonetos de amor (1959)

  • Navegações e regressos (1959)

  • As pedras do Chile (1960)

  • Cantos cerimoniais (1961)

  • Memorial de Ilha Negra (1964)

  • Arte de pássaros (1966)

  • Fulgor e morte de Joaquín Murieta (1967)

  • A barcarola (1967)

  • As mãos do dia (1968)

  • Fim de mundo (1969)

  • Maremoto (1970)

  • A espada acesa (1970)

  • Discurso de Estocolmo (1972)

  • Incitação ao nixonicídio e louvor da revolução chilena (1973)

  • Livro das perguntas (1974)

  • Jardim de inverno (1974)

  • Confesso que vivi (1974)

  • Para nascer, nasci (1977)

Poemas de Pablo Neruda

O poema “Amazonas” faz parte da obra Canto geral|1|, um dos livros mais conhecidos de Pablo Neruda devido ao seu teor político, pois foi escrito em louvor à América. Esse poema é composto por versos livres e fala sobre o rio Amazonas, caracterizado como “capital das sílabas da água”, “pai patriarca” e “eternidade secreta das fecundações”:

Amazonas,

capital das sílabas da água,

pai patriarca, és

a eternidade secreta

das fecundações,

te caem os rios como aves, te cobrem

os pistilos cor de incêndio,

os grandes troncos mortos te povoam de perfume,

a lua não pode vigiar-te ou medir-te.

És carregado de esperma verde

como árvore nupcial, és prateado

pela primavera selvagem,

és avermelhado de madeiras,

azul entre a lua das pedras,

vestido de vapor ferruginoso,

lento como um caminho de planeta.

Já em “Recordo o mar”, também integrante de Canto geral, o eu lírico quer saber se o povo chileno tem ido ao mar. A partir daí, aparentemente afastada da costa chilena, a voz poética, em tom saudoso, fala da sua relação afetiva com o mar do Chile:

Chileno, tens ido ao mar neste tempo?

Vai em meu nome, molha tuas mãos e levanta-as

e eu de outras terras adorarei essas gotas

que caem da água infinita em teu rosto.

Eu conheço, vivi toda a minha costa,

o grosso mar do norte, dos páramos, até

o peso tempestuoso da espuma nas ilhas.

Recordo o mar, as costas gretadas e férreas

de Coquimbo, as águas altaneiras de Tralca,

as solitárias ondas do sul, que me criaram.

Recordo em Puerto Montt e nas ilhas, à noite,

ao voltar pela praia, a embarcação que espera,

e nossos pés deixavam em suas marcas o fogo,

as chamas misteriosas de um deus fosforescente.
 

Cada pisada era um regueiro de fósforo.

Íamos escrevendo com estrelas a terra.

E no mar resvalando a barca sacudia

uma ramagem de fogo marinho, de vaga-lumes,

uma onda inumerável de olhos que despertavam

uma vez e tornavam a dormir em seu abismo.

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Frases de Pablo Neruda

A seguir, vamos ler algumas frases de Pablo Neruda, retiradas de seu livro Canto geral. Portanto, transformamos seus versos em prosa, de maneira a formar estas frases:

  • “Na fertilidade crescia o tempo.”

  • “Como faisões deslumbrantes, desciam os sacerdotes das escadarias astecas.”

  • “Tudo é silêncio de água e vento.”

  • “O ser como o milho se debulha no inesgotável celeiro dos feitos perdidos.”

  • “A poderosa morte me convidou muitas vezes.”

  • “Sem pão, sem pedra, sem silêncio, sozinho, rolei morrendo de minha própria morte.”

  • “Hoje o ar vazio já não chora.”

  • “O reino morto ainda vive.”

  • “Vejo apenas noite e noite sob as terras estreladas.”

Nota

|1| Tradução de Paulo Mendes Campos.

Crédito da imagem

[1] Record Editorial (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Pablo Neruda"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/pablo-neruda.htm. Acesso em 29 de dezembro de 2024.

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