Literatura brasileira

A literatura brasileira tem mais de 500 anos de história e agrega vários autores famosos, como Machado de Assis e Clarice Lispector.

A literatura brasileira alia tradição com inovação e diversidade.

A literatura brasileira está sendo produzida desde o ano de 1500, quando Pero Vaz de Caminha escreveu a sua famosa carta. De lá para cá, várias obras foram escritas em território nacional e possuem características dos seguintes períodos ou estilos literários: quinhentismo, barroco, arcadismo, romantismo, realismo, naturalismo, parnasianismo, simbolismo, pré-modernismo, modernismo e contemporaneidade.

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Divisão cronológica da literatura brasileira

Quinhentismo (1500-1601)

O quinhentismo foi o período literário que englobou os primeiros textos escritos em terras brasileiras, no século XVI. Esses textos possuem uma perspectiva teocêntrica e foram divididos em duas categorias:

Barroco (1601-1768)

O barroco brasileiro teve início no ano de 1601 e se estendeu até a segunda metade do século XVIII. Foi um estilo de época marcado pela dualidade e teve estas características:

  • antropocentrismo versus teocentrismo;

  • material versus espiritual;

  • versus razão;

  • aspecto mórbido;

  • sentimento de culpa;

  • reflexão sobre a efemeridade da vida;

  • visão trágica da existência;

  • pessimismo;

  • feísmo;

  • cultismo;

  • conceptismo;

  • carpe diem (aproveite o momento);

  • emprego da medida nova nos sonetos;

  • uso de hipérbatos, antíteses e paradoxos;

  • poesia lírico filosófica, sacra e satírica.

Arcadismo (1768-1836)

Como reação ao feísmo barroco, surgiu o estilo de época arcadismo. O arcadismo no Brasil teve início em 1768 e esteve em evidência até 1836. As suas principais características foram:

  • bucolismo;

  • pastoralismo;

  • idealização do amor;

  • idealização da mulher;

  • valorização da razão;

  • defesa das seguintes ideias:

    • fugere urbem (fuga da cidade);
    • aurea mediocritas (mediocridade áurea);
    • locus amoenus (lugar ameno);
    • inutilia truncat (cortar o inútil);
    • carpe diem (aproveitar o momento).

Romantismo (1836-1881)

O romantismo brasileiro começou no ano de 1836 e perdurou até 1881, e nele é possível observar tanto poesia quanto romance e teatro.

Poesia do romantismo brasileiro

A poesia do romantismo brasileiro é dividida em três fases.

Prosa do romantismo brasileiro

A prosa do romantismo brasileiro é composta por três tipos.

  • Indianista:

    • indígena é o herói nacional;
    • floresta como espaço da ação;
    • idealização da mulher e do amor;
    • vassalagem amorosa;
    • reconstrução do passado histórico;
    • caráter nacionalista.
  • Urbana:

    • costumes da elite burguesa;
    • espaço da ação é o Rio de Janeiro;
    • idealização da mulher e do amor;
    • obstáculos para a realização amorosa;
    • caráter melodramático;
    • propensão a finais felizes.
  • Regionalista:

    • o meio rural é o espaço da narrativa;
    • o homem do campo é o herói rude e corajoso;
    • idealização da mulher e do amor;
    • obstáculos para a realização amorosa;
    • críticas aos costumes urbanos;
    • patriarcalismo e submissão feminina.

Teatro do romantismo brasileiro

Quanto ao teatro romântico, é possível apontar as seguintes características:

  • aspecto nacionalista;

  • crítica social e política;

  • drama histórico;

  • caráter cômico.

Realismo (1881-1902)

O realismo no Brasil foi inaugurado em 1881 e apresenta estas características:

  • linguagem objetiva;

  • crítica à elite burguesa;

  • análise psicológica;

  • fluxo de consciência;

  • questões sociopolíticas;

  • ausência de idealizações;

  • temática do adultério;

  • ironia.

Naturalismo (1881-1902)

O naturalismo no Brasil teve início em 1881. Esse estilo de época possui os seguintes elementos:

  • linguagem objetiva;

  • determinismo;

  • zoomorfização;

  • cientificismo;

  • ausência de idealizações;

  • crítica sociopolítica.

Parnasianismo (1882-1893)

Em 1882, a poesia parnasiana brasileira começou a ser publicada no país. Ela apresenta as seguintes características:

  • objetividade;

  • descritivismo;

  • antirromantismo;

  • rigor formal;

  • alienação social;

  • referências greco-latinas.

É preciso dizer que, no Brasil, a objetividade parnasiana nem sempre foi seguida à risca. Isso porque algumas poesias desse período apresentam aspectos subjetivos, já que expõem a emoção do eu lírico. Essa é uma peculiaridade brasileira.

Simbolismo (1893-1902)

A estética simbolista brasileira passou a ser identificada no ano de 1893. Caracterizado pela musicalidade e valorização das sensações, o simbolismo apresenta:

  • oposição à literatura realista;

  • subjetividade;

  • valorização da espiritualidade;

  • defesa de um mundo ideal;

  • sondagem do eu;

  • alienação social;

  • rigor formal;

  • poder de sugestão;

  • maiúscula alegorizante;

  • sinestesia.

Pré-modernismo (1902-1922)

O pré-modernismo foi um período literário iniciado em 1902 e finalizado em 1922. Compreendeu, portanto, todas as obras publicadas nesses anos. Ele fez a transição do simbolismo para o modernismo brasileiro.

Assim, apresentou características de transição, isto é, elementos de estéticas passadas (naturalismo, parnasianismo e simbolismo) convivendo com elementos que estariam presentes no modernismo, como o nacionalismo crítico e o realismo social.

Modernismo (1922-1978)

O modernismo brasileiro teve início em 1922, com a Semana de Arte Moderna.

Primeira fase do modernismo brasileiro

A primeira fase do modernismo brasileiro (1922 a 1930) apresentou as seguintes características:

  • inovação;

  • nacionalismo;

  • antiacademicismo;

  • antirromantismo;

  • versos livres;

  • ironia.

Segunda fase do modernismo brasileiro

A poesia da segunda fase do modernismo brasileiro (1930-1945) tem as seguintes características:

  • temática contemporânea;

  • crítica sociopolítica;

  • conflito existencial;

  • misticismo;

  • versos regulares, brancos e livres.

Já a prosa desse período, o romance de 30, apresenta:

  • caráter regional;

  • realismo social;

  • determinismo;

  • enredo envolvente;

  • linguagem simples.

Terceira fase do modernismo brasileiro

A terceira fase do modernismo brasileiro (1945-1978), também conhecida como pós-modernismo, foi composta pela:

  • Geração de 1945:

    • rigor formal;
    • valorização da estrutura do poema;
    • temática sociopolítica.
  • Poesia concreta:

    • caráter experimental;
    • valorização do espaço da folha de papel;
    • perspectiva verbivocovisual.
  • Prosa:

    • linguagem experimental;
    • estrutura não convencional;
    • fragmentação;
    • metalinguagem;
    • fluxo de consciência;
    • temática universal.

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Características da literatura brasileira contemporânea

A literatura brasileira contemporânea é marcada pela diversidade.

A literatura brasileira contemporânea engloba livros produzidos desde a década de 1970 até os dias atuais. Portanto, está inserida nessa categoria a conhecida poesia marginal dos anos 1970. No mais, a principal característica da literatura contemporânea é a diversidade:

  • intertextualidade;

  • crítica sociopolítica;

  • realismo social;

  • traços de estilos do passado;

  • caráter experimental;

  • individualismo;

  • falta de utopia;

  • humor;

  • erotismo;

  • valorização de contos e crônicas;

  • fragmentação;

  • violência urbana;

  • realismo fantástico;

  • ficção intimista;

  • liberdade criativa;

  • preocupação com a estrutura do poema.

Outro fato importante referente à literatura contemporânea é o fortalecimento da chamada literatura periférica ou literatura de minoria. Assim, obras produzidas por autoras e autores periféricos, para um público minoritário (mulheres, negras e negros, população LGBTQIA+ etc.), têm maior visibilidade e atenção do que tinham no passado.

Grandes autores da literatura brasileira

Principais obras da literatura brasileira

“Dom Casmurro”, de Machado de Assis, é um dos romances mais famosos da literatura brasileira. [1]
  • A carta (1500), de Pero Vaz de Caminha

  • Poema à virgem (1563), de José de Anchieta

  • Prosopopeia (1601), de Bento Teixeira

  • Sermões (1679), de Antônio Vieira

  • Obras poéticas de Glauceste Satúrnio (1768), de Cláudio Manuel da Costa

  • O Uraguai (1769), de Basílio da Gama

  • Caramuru (1781), de José de Santa Rita Durão

  • Marília de Dirceu (1792), de Tomás Antônio Gonzaga

  • Suspiros poéticos e saudades (1836), de Gonçalves de Magalhães

  • A Moreninha (1844), de Joaquim Manuel de Macedo

  • Cartas chilenas (1845), de Tomás Antônio Gonzaga

  • O noviço (1853), de Martins Pena

  • Lira dos vinte anos (1853), de Álvares de Azevedo

  • Memórias de um sargento de milícias (1854), de Manuel Antônio de Almeida

  • Os timbiras (1857), de Gonçalves Dias

  • As primaveras (1859), de Casimiro de Abreu

  • Vozes da América (1864), de Fagundes Varela

  • Iracema (1865), de José de Alencar

  • O navio negreiro (1868), de Castro Alves

  • Inocência (1872), de Visconde de Taunay

  • O Cabeleira (1876), de Franklin Távora

  • Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis

  • Fanfarras (1882), de Teófilo Dias

  • Sinfonias (1883), de Raimundo Correia

  • Guesa errante (1884), de Sousândrade

  • Meridionais (1884), de Alberto de Oliveira

  • O Ateneu (1888), de Raul Pompeia

  • Poesias (1888), de Olavo Bilac

  • O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo

  • Broquéis (1893), de Cruz e Sousa

  • Bom-Crioulo (1895), de Adolfo Caminha

  • Mármores (1895), de Francisca Júlia

  • Câmara ardente (1899), de Alphonsus de Guimaraens

  • Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis

  • A falência (1901), de Júlia Lopes de Almeida

  • Os sertões (1902), de Euclides da Cunha

  • Canaã (1902), de Graça Aranha

  • Eu (1912), de Augusto dos Anjos

  • Triste fim de Policarpo Quaresma (1915), de Lima Barreto

  • Urupês (1918), de Monteiro Lobato

  • Obras de Gregório de Matos (1923-1933), de Gregório de Matos

  • Memórias sentimentais de João Miramar (1924), de Oswald de Andrade

  • Macunaíma (1928), de Mário de Andrade

  • O quinze (1930), de Rachel de Queiroz

  • Libertinagem (1930), de Manuel Bandeira

  • Forma e exegese (1935), de Vinicius de Moraes

  • Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos

  • O visionário (1941), de Murilo Mendes

  • A rosa do povo (1945), de Carlos Drummond de Andrade

  • Poemas negros (1947), de Jorge de Lima

  • A volúpia do pecado (1948), de Cassandra Rios

  • O tempo e o vento (1949-1962), de Erico Verissimo

  • Romanceiro da Inconfidência (1953), de Cecília Meireles

  • Morte e vida severina (1955), de João Cabral de Melo Neto

  • Grande sertão: veredas (1956), de João Guimarães Rosa

  • O encontro marcado (1956), de Fernando Sabino

  • Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960), de Carolina Maria de Jesus

  • Poemas dos becos de Goiás e estórias mais (1965), de Cora Coralina

  • A hora dos ruminantes (1966), de José J. Veiga

  • As meninas (1973), de Lygia Fagundes Telles

  • O pirotécnico Zacarias (1974), de Murilo Rubião

  • Poema sujo (1976), de Ferreira Gullar

  • Bagagem (1976), de Adélia Prado.

  • Apontamentos de história sobrenatural (1976), de Mario Quintana

  • Poesia pois é poesia (1977), de Décio Pignatari

  • A hora da estrela (1977), de Clarice Lispector

  • Na corda bamba (1978), de Cacaso

  • Viva vaia (1979), de Augusto de Campos

  • A obscena senhora D (1982), de Hilda Hilst

  • Morangos mofados (1982), de Caio Fernando Abreu

  • A teus pés (1982), de Ana Cristina Cesar

  • Feliz ano velho (1982), de Marcelo Rubens Paiva

  • Galáxias (1984), de Haroldo de Campos

  • Distraídos venceremos (1987), de Paulo Leminski

  • Vastas emoções e pensamentos imperfeitos (1988), de Rubem Fonseca

  • Relato de um certo Oriente (1989), de Milton Hatoum

  • O livro das ignorãças (1993), de Manoel de Barros

  • Nove noites (2002), de Bernardo Carvalho

  • Ponciá Vicêncio (2003), de Conceição Evaristo

Crédito de imagem

[1] Editora Moderna (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Literatura brasileira"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/literatura-brasileira.htm. Acesso em 04 de maio de 2024.