Casimiro de Abreu

Casimiro de Abreu foi um poeta da segunda geração do romantismo, conhecida como ultrarromantismo, e autor do livro As primaveras, no qual se encontra o poema “Meus oito anos”.

Casimiro de Abreu nasceu em 4 de janeiro de 1839, em Barra de São João, no Rio de Janeiro. O poeta foi criado na fazenda de sua mãe, mas, em 1852, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, a pedido do pai, para trabalhar no comércio, tendo apenas o curso primário. No ano seguinte, viajou com seu pai para Portugal, onde escreveu grande parte de sua obra. Em 1859, já de volta ao Brasil, publicou seu livro de poesias As primaveras.

Pertencente à segunda geração do romantismo brasileiro, o poeta escreveu uma poesia nostálgica e bucólica, marcada pela simplicidade e espontaneidade, na qual ressaltou seu patriotismo, a idealização amorosa e o pressentimento da morte. Como outros escritores de seu tempo, também contraiu tuberculose, enfermidade responsável pelo seu falecimento, com apenas 21 anos de idade, em 18 de outubro de 1860.

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Biografia de Casimiro de Abreu

Casimiro de Abreu.

Casimiro de Abreu nasceu em 4 de janeiro de 1839, em Barra de São João, no estado do Rio de Janeiro. Era filho do comerciante português José Joaquim Marques e de Luísa Joaquina das Neves. No entanto, seus pais nunca viveram juntos. Portanto, ele era o que, naquele tempo, chamava-se de “filho natural”, situação bastante complicada se analisada pelos valores morais da época.

Na infância, viveu na Fazenda da Prata, propriedade herdada do primeiro marido de sua mãe, que era viúva. O poeta teve apenas educação primária e, entre 1849 e 1852, estudou no Instituto Freese (Nova Friburgo), onde conheceu seu grande amigo, o escritor Pedro Luiz Pereira de Souza (1839-1884). Assim, em 1852, sem concluir o curso de Humanidades no Freese, foi viver na cidade do Rio de Janeiro, onde, por vontade do pai, trabalhou em um armazém de um amigo de José Joaquim.

No ano seguinte, viajou com o pai para Portugal, onde iniciou sua carreira de escritor e produziu a maior parte de sua obra. Sua peça de teatro Camões e o Jau foi encenada no teatro D. Fernando em 1856, com sucesso. Nesse país, Casimiro de Abreu também escreveu para o jornal A Ilustração Luso-Brasileira. No entanto, voltou ao Brasil em 1857, quando escreveu para os periódicos A Marmota, O Espelho, Revista Popular e Correio Mercantil, no qual conheceu os escritores Manuel Antônio de Almeida (1830-1861) e Machado de Assis (1839-1908).

Publicou seu livro de poesias — As primaveras — em 1859, uma publicação custeada pelo seu pai. Entretanto, Casimiro de Abreu, como outros escritores de seu tempo, contraiu tuberculose e acabou falecendo na fazenda de Indaiaçu, de propriedade de seu pai, que tinha morrido seis meses antes. Assim, com apenas 21 anos, o poeta morreu em 18 de outubro de 1860.

Características literárias de Casimiro de Abreu

Casimiro de Abreu é um escritor vinculado à segunda geração romântica, ou ultrarromantismo, que apresenta as seguintes características:

  • Escapismo
  • Pessimismo
  • Saudosismo
  • Egocentrismo
  • Morbidez
  • Sofrimento amoroso
  • Exagero sentimental
  • Idealização da mulher e do amor
  • Sentimento de tédio e melancolia
  • Locus horrendus: descrição de “lugar tempestuoso” 

Além disso, a poesia do autor apresenta a seguintes temáticas:

  • Nostalgia
  • Bucolismo
  • Religiosidade
  • Pressentimento da morte
  • Patriotismo
  • Enaltecimento da juventude

Seus poemas são marcados por:

  • Simplicidade
  • Versos regulares
  • Espontaneidade
  • Sentimentalismo
  • Melancolia

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Obras de Casimiro de Abreu

Capa do livro “Primaveras” (ou “As primaveras”), de Casimiro de Abreu, publicado pela editora L&PM.[1]
  • Poesia

    • As primaveras (1859)
  • Prosa

    • Carolina (1856)
    • Camila: memórias de uma virgem (1856)
  • Teatro

    • Camões e o Jau (1856)

O poema mais famoso de Casimiro de Abreu é “Meus oito anos”, do livro As primaveras. Nesse poema, o eu lírico, com nostalgia, idealização e melancolia, fala de sua infância, como é possível ver nos trechos a seguir:

Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d’amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias de minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!

Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
[...]

Como características do romantismo e da poesia de Casimiro de Abreu, é possível apontar:

  • escapismo nas lembranças
  • saudosismo
  • egocentrismo (temática centrada no eu lírico)
  • bucolismo (idealização da natureza)
  • simplicidade
  • versos regulares (redondilhas maiores)

Crédito da imagem

[1] L&PM Editores (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

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SOUZA, Warley. "Casimiro de Abreu"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/casimiro-abreu-1.htm. Acesso em 29 de abril de 2024.

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