Saddam Hussein

Saddam Hussein foi um ditador iraquiano que comandou seu país por mais de 20 anos. Ficou conhecido por crimes contra a humanidade, como o uso de armas químicas em 1988.

Saddam Hussein foi um ditador iraquiano que comandou o seu país por 24 anos de maneira extremamente autoritária. Envolveu o Iraque em duas guerras (Guerra Irã-Iraque e Guerra do Golfo) e ficou marcado por crimes contra a humanidade, por meio do uso de armas químicas contra a minoria curda. Foi preso em 2003, por tropas norte-americanas, e executado em 2006.

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Nascimento e juventude

Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti nasceu no dia 28 de abril de 1937, em um vilarejo chamado al-Auja, próximo de Tikrit, cidade que fica no norte do Iraque. O pai de Saddam chamava-se Hussein Abid al-Majid e acredita-se que ele tenha falecido meses antes do nascimento de seu filho, mas outros biógrafos apontam que ele pode ter fugido e abandonado a família.

Saddam Hussein foi ditador iraquiano por mais de duas décadas. Foi aprisionado por tropas norte-americanas em 2003 e executado em 2006.

A mãe se chamava Subha Tulfah al-Mussallat e fala-se que ela foi incapaz de cuidar de Saddam por conta da morte de seu primeiro filho (irmão mais velho de Saddam Hussein). A morte de seu filho mais velho e a possível morte de seu marido, ambos de câncer, foram golpes duros para Subha.

Por essa razão, Saddam Hussein foi criado por seu tio Khairullah Tulfah, uma figura que assumiu a posição de pai para ele. Aos 10 anos, Saddam Hussein retornou para a casa de sua mãe, quando ela se casou com Ibrahim al-Hassan, um homem violento que maltratava o jovem Saddam. Assim, o garoto decidiu retornar para a casa de seu tio.

O tio de Saddam era um homem envolvido com a política iraquiana e era um forte defensor do fim do domínio britânico sobre o Iraque. Foi por meio de seu tio que Saddam Hussein teve acesso à educação. Ele concluiu o ensino básico aos 18 anos e tentou se aplicar para um colégio militar, mas fracassou. Com isso, matriculou-se em uma faculdade de Direito, em Bagdá.

Envolvimento de Saddam Hussein com a política

Saddam Hussein deixou o curso de Direito e decidiu envolver-se na política. Isso ocorreu por uma influência direta de seu tio. Em 1957, ele ingressou no Partido Ba’ath, partido que seu tio apoiava. Esse era um partido nacionalista e que se baseava no pan-arabismo; portanto, defendia a independência das nações árabes do domínio europeu.

Em 1958, um golpe militar colocou fim à monarquia que apoiava os britânicos e foi estabelecida uma república no Iraque. O novo governo contava com muitos membros do Partido Ba’ath, mas desentendimentos do primeiro-ministro, Abd al-Karim Qasim, levaram os membros do Ba’ath a planejar a sua morte.

Saddam Hussein foi o escolhido para planejar o assassinato de Qasim, mas o plano fracassou, e Qasim sobreviveu. Com isso, Saddam e outros membros do partido decidiram fugir para a Síria, o país onde o Ba’ath tinha surgido. Ele permaneceu na Síria por três meses e, então, refugiou-se no Egito, local onde permaneceu por três anos.

Em 1963, Saddam Hussein retornou ao Iraque porque o Ba’ath realizou um golpe e derrubou o primeiro-ministro Qasim. Mas um novo golpe militar tirou o Ba’ath do poder ainda em 1963. Com esse golpe, Saddam Hussein foi preso e passou dois anos na cadeia.

Em 1966, o presidente do Iraque era Abdul Rahman Arif, irmão de Abdul Salam Arif, o líder do golpe militar de 1963. Ainda nesse ano, Saddam Hussein fugiu da prisão e, entre 1966 e 1968, tornou-se uma figura de grande relevância no interior do Partido Ba’ath. Em 1968, o Ba’ath realizou um novo golpe e, por meio dele, Abdul Rahman Arif foi deposto.

Esse golpe foi liderado por Ahmed Hassan al-Bakr, que se tornou presidente do Iraque em 17 de julho de 1968. Saddam teve envolvimento nesse golpe, embora se desconheça o grau de envolvimento. Por ser um político influente no Ba’ath, Saddam foi nomeado vice-presidente do Iraque.

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Saddam Hussein no poder

Saddam Hussein seguiu como o segundo homem mais importante do Iraque por 10 anos e, nesse período, cumpriu importantes papéis para consolidar a posição do Ba’ath no país. Saddam fortaleceu o sistema de segurança do governo para evitar que novos golpes acontecessem e estabeleceu uma série de ações para unificar o Ba’ath e garantir o apoio da população.

Em 1976, Saddam Hussein tornou-se general no exército iraquiano e, enquanto a sua reputação subia, o renome do presidente al-Bakr caía. Em julho de 1979, Saddam Hussein fechou o cerco e forçou al-Bakr a renunciar à presidência. Com isso, Saddam transformou-se no presidente do Iraque.

Depois de assumir o poder, Saddam governou o Iraque de maneira extremamente autoritária, e a primeira demonstração da vocação centralizadora dele foi no próprio Ba’ath. Em 1979, ele realizou um expurgo no partido, ordenando a prisão de quase 70 membros por serem “desleais”. Desses, 22 foram executados por ordem do ditador.

Saddam Hussein estabeleceu uma polícia secreta, que monitorava a população e reprimia qualquer iniciativa de oposição que fosse esboçada. Além da perseguição aos seus opositores, ele iniciou um programa de culto a sua própria imagem e ordenou a construção de uma série de monumentos em sua homenagem.

Ele ainda procurou explorar o patrimônio histórico e cultural do Iraque – legado dos tempos da Mesopotâmia – como forma de se colocar como um grande líder. No entanto, Saddam Hussein ficou marcado pela crueldade com que tratava a sua própria população. Em 1988, por exemplo, ele ordenou um ataque com armas químicas contra Halabja, cidade perto da fronteira do Irã e do Iraque.

O ataque aconteceu porque milícias curdas ajudaram tropas iranianas a invadirem a cidade durante a Guerra Irã-Iraque. Os curdos eram uma minoria étnica perseguida no Iraque, e o apoio deles ao Irã fez com que Saddam Hussein autorizasse que aviões do exército iraquiano bombardeassem a cidade com armas químicas. O resultado foram cinco mil pessoas mortas.

A Guerra Irã-Iraque foi apenas um dos conflitos que Saddam Hussein iniciou. Essa guerra se estendeu de 1980 a 1988 e foi motivada pela Revolução Islâmica, que aconteceu no Irã, em 1979. Saddam Hussein temia que os xiitas no poder do Irã pudessem se expandir pelo Oriente Médio e decidiu atacar o país vizinho.

Após longos oito anos de guerra, Irã e Iraque se viram em um impasse, pois não havia um lado vencedor, o número de mortos já ultrapassava um milhão e a economia dos dois países estava em ruínas por causa do conflito. Durante essa guerra, Saddam Hussein também usou o exército iraquiano para perseguir minorias étnicas, como os curdos. Esse conflito se encerrou em 1988, com um armísticio entre as duas nações.

Aviões norte-americanos monitorando o território do Kuwait depois da Guerra do Golfo.

Dois anos depois do fim da Guerra Irã-Iraque, Saddam Hussein arrastou o Iraque para um novo conflito. O ditador iraquiano tinha enormes débitos com o Kuwait de empréstimos obtidos durante a Guerra Irã-Iraque. Além disso, ele estava insatisfeito porque os kuwaitianos estavam explorando petróleo em região fronteiriça e porque vendiam seu petróleo muito barato.

A tensão entre os dois países fez com que Saddam Hussein ordenasse a invasão do Kuwait, em 2 de agosto de 1990, dando início à Guerra do Golfo. Com a invasão, o Iraque passava a controlar grande parte das reservas de petróleo do mundo e se colocava como uma forte ameaça à Arábia Saudita, o maior aliado dos EUA na região.

Os Estados Unidos decidiram intervir na situação e realizaram ataques contra o Iraque por 42 dias. A resistência do Iraque em abandonar o Kuwait fez os estadunidenses iniciarem uma campanha militar por terra que eliminou as tropas iraquianas do Kuwait em menos de 100 horas. A insatisfação da população iraquiana com anos de guerras irresponsáveis e com o autoritarismo de Saddam Hussein levou a uma série de rebeliões populares em 1991, mas o ditador iraquiano usou da força para contê-las.

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Últimos anos

Após a Guerra do Golfo, as relações entre Estados Unidos e Iraque nunca mais foram as mesmas. Depois do 11 de Setembro, o governo norte-americano passou a defender a derrubada de ditaduras tradicionais no Oriente Médio, com o intuito de transformar a política desses países. Além disso, existem muitos que defendem que havia um forte interesse norte-americano em tomar os poços de petróleo iraquianos.

Motivos à parte, a grande questão é que os norte-americanos usaram como justificativa para invadir o Iraque a tentativa de Saddam Hussein de obter armas de destruição em massa. As tentativas do ditador iraquiano de conseguir essas armas tinham fracassado desde o começo da década de 1990, portanto a justificativa dada pelos norte-americanos era falsa.

No começo de 2003, cerca de 150 mil soldados norte-americanos foram mobilizados para invadir o Iraque. A batalha pelo controle de Bagdá durou cerca de 10 dias, e as tropas norte-americanas tiveram grande sucesso na invasão iraquiana. Saddam Hussein abandonou o poder do Iraque e fugiu da capital, Bagdá.

Em 13 de dezembro de 2003, Hussein foi encontrado pelas tropas norte-americanas. O antigo ditador iraquiano estava escondido em um buraco no chão, com roupas maltrapilhas e barba enorme. Ele foi levado a julgamento, condenado por cometer crimes contra a humanidade e foi sentenciado à morte.

Ele foi enforcado no dia 30 de dezembro de 2006 e seu corpo foi enterrado em local desconhecido. Com sua execução, Saddam Hussein deixou duas esposas: sua primeira esposa, Sajida Talfah; e sua segunda esposa, Samira Shahbandar. Acredita-se que o ditador tenha contraído ainda outros matrimônios.

 

Por Daniel Neves Silva
Professor de História

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SILVA, Daniel Neves. "Saddam Hussein"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/saddam-hussein.htm. Acesso em 09 de maio de 2024.

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