Batalha de Kursk

A batalha de Kursk ficou conhecida como a maior da história em número de blindados e marcou a derrocada definitiva das ações dos nazistas na União Soviética.

Monumento em homenagem ao confronto dos blindados durante a batalha de Kursk*
Crédito da Imagem: Shutterstock

A batalha de Kursk ficou conhecida como a maior batalha de blindados da história da humanidade. Ocorrida nas proximidades da cidade russa de Kursk, em julho de 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, ela foi uma decisiva vitória dos soviéticos. Além disso, esse confronto representou a última grande ofensiva do exército alemão em território soviético.

Antecedentes

Desde a derrota na batalha de Stalingrado em fevereiro de 1943, o exército alemão havia recuado cerca de 800 km, e o sonho de Hitler de uma rápida vitória sobre a União Soviética havia ruído. A capacidade industrial da Alemanha demonstrava claros sinais de enfraquecimento, assim como era baixo o ânimo na Wehrmacht, as Forças Armadas Alemãs.

No início de 1943, as forças soviéticas eram superiores em tudo: sua capacidade industrial era gigantesca em relação à produção alemã. Por exemplo, naquele ano, a União Soviética produzia, em média, 1.200 tanques T-34 por mês. As melhores unidades alemãs eram o Panther e o Tiger, dos quais a Alemanha produziu cerca de 7.500 em toda a guerra |1|. Além disso, a reposição das perdas em vida humana era feita de uma maneira impressionante pelo país comunista.

Após meses de derrotas e recuos, a Alemanha havia conseguido interromper uma ofensiva soviética e resolveu atacar. Então, os alemães escolheram uma posição enfraquecida da linha do exército soviético, que estava nas proximidades da cidade de Kursk – na fronteira entre as atuais Rússia e Ucrânia. A esperança de Hitler era aproveitar-se dessa posição vulnerável do país inimigo para impor uma pesada derrota, que reverteria o quadro da guerra contra a União Soviética.

Além disso, a derrota dos exércitos alemães no Norte da África tornava iminente uma possível invasão da Itália. Assim, a Alemanha precisava reassumir o controle da guerra na União Soviética para poder defender suas posições italianas. A preocupação de Hitler com a Itália era reforçada pela desconfiança quanto às competências das tropas italianas.

O ataque à cidade de Kursk havia sido planejado originalmente para maio, porém, o líder nazista adiou o plano por dois meses. Isso aconteceu porque Hitler aguardava a chegada de tanques Panther, ainda em produção naquele momento. Esse adiamento permitiu ao exército soviético construir uma série de defesas e obstáculos, os quais fortaleceram suas posições. A União Soviética ergueu milhares de quilômetros de trincheiras, além de instalar arame farpado e inúmeras minas terrestres. Os soviéticos também construíram fossos antitanques.

Vale observar que a ofensiva alemã foi vista com ressalva por muitos de seus generais, porém, o ataque aconteceu mesmo assim: foram mobilizados 780 mil alemães contra cerca de 1,9 milhão de soviéticos. Isso significa que havia uma proporção de cerca de três soviéticos para cada soldado alemão.

Operação Zitadelle

A Operação Zitadelle (Citadela) começou no dia 5 de julho de 1943, após ser adiada por meses. O principal objetivo do ataque era pegar o inimigo desprevenido. Entretanto, isso não aconteceu, pois a inteligência Aliada havia interceptado mensagens dos alemães por meio do sistema Ultra de espionagem, o que tornou os planos nazistas de conhecimento soviético. Assim, quando os alemães atacaram, a União Soviética estava preparada para revidar.

O ataque à cidade de Kursk mobilizou, aproximadamente, 2.700 tanques alemães contra cerca de 3.600 tanques soviéticos, além de aqueles contarem ainda com dois mil aviões contra 2.400 aviões soviéticos e 10 mil peças de artilharia contra 20 mil dos soviéticos |2|. Originalmente, a ideia era utilizar-se dessa força nos moldes da blitzkrieg – ataques coordenados entre todas as forças do exército alemão de forma a abrir uma brecha e penetrar nas defesas adversárias.

O confronto iniciou-se em 5 de julho. As primeiras batalhas entre as aviações contaram com certa vantagem para os alemães. Segundo Max Hastings, após três dias de batalha, eles haviam avançado cerca de 29 km |3|. Depois de uma semana sem conseguir furar as defesas soviéticas, o ataque alemão perdeu força.

Em 12 de julho, uma ofensiva soviética aconteceu em uma batalha conhecida por tanques atirando uns contra os outros a uma distância muito curta, além de soldados dos dois países atirarem uns contra os outros em campo aberto e à queima-roupa. No dia 13, Hitler convocou os seus generais e ordenou o recuo das tropas alemãs com o objetivo de fortalecer as posições na Itália. A retirada alemã iniciou-se em 22 de julho. A derrota estava consolidada.

Consequências

A derrota em Kursk custou cerca de 50 mil soldados aos alemães contra 170 mil soviéticos. Além de perda material gigantesca, o enfraquecimento alemão após o ataque levou a uma grande ofensiva soviética, o que resultou na retomada das cidades de Orel e Begolrod, em 5 de agosto, Briansk, no dia 18, e Kharkov, no dia 25. Conforme disse Antony Beevor, após Kursk, “o sonho de Hitler de garantir os campos petrolíferos do Cáucaso estava destruído para sempre”|4|. Para os soviéticos, a vitória em Kursk iniciou a marcha rumo à cidade de Berlim.

Notas

|1| HASTINGS, Max. O mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 401.
|2| Idem, p. 407.

|3| Idem, p. 410.
|4| BEEVOR, Antony. Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 544.

*Créditos da imagem: Andrii Zhezhera e Shutterstock


Por Daniel Neves
Graduado em História

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SILVA, Daniel Neves. "Batalha de Kursk"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/batalha-kursk.htm. Acesso em 03 de maio de 2024.

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