Agricultura e os recursos naturais

A agricultura pode ser considerada uma das primeiras formas de apropriação dos recursos naturais realizada pela humanidade.

O desenvolvimento das atividades agrícolas propiciou novas tecnologias, mas trouxe inúmeros danos ao meio ambiente

Há milênios os seres humanos aprenderam a intervir na natureza e a lidar com a técnica de cultivar espécies para a utilização e consumo próprios. O desenvolvimento das atividades agrícolas propiciou o uso de novas tecnologias, que aos poucos foram substituindo o modo secular e rudimentar de plantio. A explosão demográfica ocorrida a partir do início do século XX e o crescimento acelerado da atividade industrial exigiram o aumento da produção agrícola em larga escala. 

No Brasil, como em outros países em desenvolvimento, é comum a prática da monocultura. Por se tratar de um país que historicamente construiu sua estrutura econômica em atividades primárias, o Brasil faz uso dessas práticas de produção agrícola em larga escala. Essa atividade é prejudicial, pois não há diversidade de espécies e, na grande maioria, o tempo de repouso do solo não é respeitado, o que acelera a perda de nutrientes. A uniformização ou homogeneização fez desaparecer a diversidade biológica nas áreas destinadas aos latifúndios. Além disso, este desequilíbrio ocasionado pela ação antrópica propiciou o aumento do número de pragas, interferindo em toda cadeia trófica.

A Revolução Verde, em meados da década de 1970, deu início a um conjunto de novas práticas agrícolas, como o uso de pesticidas e de fertilizantes para promover a agricultura de larga escala. Dizia-se na época que a Revolução Verde produziria o suficiente para “matar a fome do mundo”. Evidentemente, esse modelo agrícola atendeu apenas as necessidades dos produtores e de empresas ligadas à cadeia produtiva agrícola, simplesmente sob a ótica econômica.

O aumento assustador de espécies predadoras em associação com as novas tendências trazidas pela Revolução Verde estimulou a utilização de adubos e praguicidas. Entre os praguicidas mais utilizados, podemos citar o DDT (dicloro-difenil-tricloroetileno). O uso dessas substâncias tem aspectos positivos para o homem, mas são extremamente nocivos para o meio ambiente. Essas substâncias, entre outras utilizadas para o mesmo fim, não são biodegradáveis e podem permanecer no solo durante anos. Além da contaminação dos solos, esses elementos contaminam as águas superficiais e subterrâneas, carregando toxinas para outros ecossistemas. As toxinas estão presentes até nos alimentos e, uma vez contaminados, são transferidos para os homens através do consumo destes, podendo acarretar até em morte.

A utilização de máquinas também é danosa para os sistemas agrícolas. Elas afetam principalmente os solos, que são frequentemente revolvidos, alterando seus horizontes e compactando-os gradativamente. Aos poucos, o solo fica completamente danificado, compactado e empobrecido.

Nos últimos anos, vem ocorrendo um forte movimento em defesa da produção ecológica de produtos agrícolas. A agroecologia corresponde a uma nova abordagem da agricultura, que integra os aspectos econômicos aos ecológicos. Dessa forma, temos novas práticas, como a agricultura orgânica, a agricultura biodinâmica, a agricultura natural, a permacultura e a pecuária agroecológica. Essas modalidades buscam a compreensão do ecossistema como um todo, não se detendo apenas a atividade em questão, mas à conservação de todos os recursos naturais envolvidos, como nascentes, espécies nativas e matas de galeria.

Apesar dos benefícios presentes nos sistemas agroecológicos, esse é um movimento ainda incipiente. Há órgãos institucionais no Brasil, como a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), organizações não governamentais e instituições privadas que desenvolvem inúmeras pesquisas voltadas para o assunto. Nesses órgãos, são desenvolvidas técnicas de controle natural de pragas, tolerância de vegetais a insetos, por meio da hibridação e a rotação de culturas.


Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Júlio César Lázaro da. "Agricultura e os recursos naturais"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/agricultura-os-recursos-naturais.htm. Acesso em 03 de maio de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

 “Ao mesmo tempo que libera mão de obra para as atividades urbano-industriais, a agricultura deve responder pela produção de uma quantidade crescente de alimentos para a população urbana. Menos pessoas produzindo no campo, mais pessoas consumindo nas cidades: isso só foi possível graças ao aumento exponencial da produtividade agrícola. A economia industrial deflagrou uma verdadeira revolução nas tecnologias da agropecuária”.

(MAGNOLI, D. Geografia para o Ensino Médio. São Paulo: Atual, 2008. p.133)

Assinale a alternativa que apresenta os dois processos que estão associados à conjuntura abordada no texto:

a) Reforma urbana e políticas ambientais no campo

b) Desenvolvimento sustentável e revolução industrial

c) Revolução verde e êxodo rural

d) Reforma agrária e revolução agrícola

e) Economia verde e concentração fundiária

Exercício 2

Observe as imagens a seguir e assinale a alternativa correta:


Espaço agrícola mecanizado


Trabalhadores no campo

a) a imagem A representa um agrossistema familiar predominante em minifúndios de países desenvolvidos.

b) a imagem B ilustra uma forma de agricultura orgânica e sustentável.

c) as imagens A e B representam, respectivamente, um agrossistema moderno e um tradicional.

d) as práticas ilustradas em ambas as figuras não podem ser relacionadas com a agricultura brasileira.

e) a atividade representada pela atividade B é exclusiva de países desenvolvidos.