Insuficiência cardíaca

A insuficiência cardíaca ocorre quando o coração não consegue bombear o sangue de forma eficaz. Estima-se que 26 milhões de pessoas no mundo lidem com essa condição.

A insuficiência cardíaca é uma doença do sistema cardiovascular.

A insuficiência cardíaca congestiva, ou apenas insuficiência cardíaca, é uma condição na qual o coração não consegue bombear sangue de forma eficaz, levando ao acúmulo de fluidos nos pulmões e outras partes do corpo. Suas causas incluem cardiomiopatia, pressão arterial elevada e problemas cardíacos congênitos. Fatores como tabagismo e consumo de álcool também podem contribuir. Os sintomas abrangem fadiga, falta de ar, inchaço nas pernas e tornozelos, além de tosse persistente.

O diagnóstico envolve exames como ecocardiograma e exames de sangue. O tratamento inclui mudanças no estilo de vida, controle de doenças subjacentes, medicamentos para melhorar a função cardíaca e, em casos graves, intervenções cirúrgicas, como transplante de coração. O acompanhamento adequado pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes e minimizar complicações.

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Resumo sobre insuficiência cardíaca

  • A insuficiência cardíaca é uma condição que ocorre quando o coração não consegue bombear sangue de forma eficaz.

  • Suas causas incluem doença arterial coronariana, cardiomiopatia, pressão arterial elevada, diabetes e fatores de estilo de vida como tabagismo e consumo de álcool.

  • Os sintomas incluem dor no peito, fadiga, falta de ar, presença de edemas e tosse persistente.

  • A insuficiência cardíaca é dividida em quatro estágios, os quais requerem diferentes cuidados.

  • O diagnóstico utiliza exames de sangue e de imagem para avaliar a função cardíaca e identificar possíveis causas subjacentes.

  • O tratamento abrange mudanças no estilo de vida, controle de doenças associadas, medicamentos para melhorar a função cardíaca e, em situações graves, procedimentos cirúrgicos como transplante cardíaco.

O que é insuficiência cardíaca?

A insuficiência cardíaca congestiva, também conhecida apenas como insuficiência cardíaca, é uma condição crônica na qual o coração não consegue bombear sangue de maneira eficiente para atender às demandas do corpo. Nesse cenário, o coração permanece ativo, porém enfrenta dificuldades em gerenciar e adequar-se à quantidade necessária de sangue, resultando no acúmulo desse fluido em outras partes do corpo.

Essa condição continua a ser prevalente em âmbito global, acarretando elevadas taxas de morbidade e mortalidade. Estimativas indicam que cerca de 26 milhões de pessoas são afetadas em todo o mundo.

Como um coração saudável funciona?

O coração, um órgão muscular oco, apresenta um tamanho próximo ao de um punho e um peso médio de cerca de 300g. Integra o sistema cardiovascular e desempenha um papel fundamental no organismo: bombear a quantidade adequada de sangue para todos os cantos do corpo. Sua estrutura engloba quatro câmaras distintas, sendo dois compartimentos superiores conhecidos como átrios e dois inferiores conhecidos como ventrículos.

O átrio direito é responsável por receber sangue pobre em oxigênio proveniente do restante do corpo e impulsioná-lo através do ventrículo direito até os pulmões, onde ocorre a oxigenação. O sangue enriquecido com oxigênio retorna dos pulmões para o átrio esquerdo e, posteriormente, é direcionado para o ventrículo esquerdo, responsável por bombeá-lo para todas as partes do organismo.

Para garantir o ritmo adequado, é importante que essas quatro câmaras batam de forma coordenada. Um coração saudável detém a capacidade de bombeamento que atende as necessidades básicas da circulação sanguínea, assegurando assim um adequado fluxo do sangue pelo corpo. Saiba mais sobre o funcionamento do coração clicando aqui.

Um coração saudável bombeia sangue para todo o organismo.

Causas da insuficiência cardíaca

As causas da insuficiência cardíaca são diversas, incluindo:

  • doença arterial coronariana (obstrução das artérias coronárias, vasos responsáveis por irrigar o músculo do coração);

  • ataque cardíaco (morte das células de uma região do músculo do coração);

  • doença cardíaca congênita (problemas cardíacos presentes desde o nascimento);

  • cardiomiopatia (conjunto de doenças que atingem o músculo cardíaco, podendo ser genéticas ou virais);

  • diabetes;

  • arritmia (batimento cardíaco irregular, muito rápido ou muito lento);

  • doença renal;

  • hipertensão (pressão arterial elevada);

  • consumo excessivo de álcool e tabaco.

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Como o organismo busca compensar a diminuição do fluxo sanguíneo?

No estágio inicial da doença, o coração procura superar a dificuldade de bombear o sangue pelo corpo mediante uma expansão mais significativa, alongando-se para contrair com maior vigor e atender à demanda de bombeamento sanguíneo do corpo. Com o passar do tempo, esse esforço resulta no aumento das dimensões do coração.

Um dos resultados da tentativa do coração compensar a dificuldade em bombear o sangue é o aumento da sua dimensão.

Uma outra estratégia geralmente adotada é o aumento da massa muscular cardíaca, o que aumenta a força de bombeamento do coração. Nesse contexto, o crescimento da massa muscular está associado ao aumento das células contráteis do órgão. Outro mecanismo envolve o aumento da frequência cardíaca.

O corpo como um todo também se engaja. Os vasos sanguíneos se contraem para preservar a pressão arterial elevada, como uma tentativa de compensar a redução da potência cardíaca. Os rins, por sua vez, passam a reter maior quantidade de sal e água, ao invés de excretá-los na urina.

Isso resulta em um aumento do volume sanguíneo, que contribui para a manutenção da pressão arterial e, assim, para o coração a bombear com mais eficácia. Entretanto, ao longo do tempo, esse excesso de volume pode sobrecarregar o coração, agravando a insuficiência cardíaca.

Quais são os sintomas de insuficiência cardíaca?

Os sintomas da insuficiência cardíaca variam de leves a graves, podendo ser intermitentes. Os principais sintomas da insuficiência cardíaca são:

  • Falta de ar, sendo esse o sintoma mais comum da doença, principalmente durante atividades físicas e ao dormir.

  • Dor no peito.

  • Palpitações devido ao aumento da frequência cardíaca para compensar o bombeamento.

  • Fadiga durante atividade física, um sintoma que piora com o tempo, sendo difícil até mesmo desenvolver atividades básicas como tomar banho.

  • Inchaço no abdômen, tornozelos e pernas e ganho de peso devido ao acúmulo de líquido nos tecidos (edema), o que leva a aumento de peso.

  • Dor no abdômen devido ao acúmulo de líquido na região, principalmente no fígado e no sistema digestório.

  • Perda de apetite e náuseas, uma vez que a doença afeta o funcionamento adequado do sistema digestório.

  • Tosse seca e persistente devido ao acúmulo de líquido no pulmão.

Os sintomas da insuficiência cardíaca podem atingir diferentes regiões do corpo.

Em geral, essa condição tende a piorar com o tempo, tornando os sintomas iniciais mais intensos e levando a outras complicações, como:

  • batimento cardíaco irregular;

  • parada cardíaca súbita;

  • hipertensão pulmonar;

  • lesão nos rins;

  • desnutrição;

  • problemas nas válvulas cardíacas;

  • lesão no fígado.

Quais são os estágios da insuficiência cardíaca?

A insuficiência cardíaca é uma enfermidade que se agrava progressivamente. Conforme sua evolução ocorre, o coração reduz ainda mais sua eficácia em impulsionar o fluxo sanguíneo pelo corpo. Esse mal é caracterizado por quatro estágios distintos:

  • Estágio A: configura-se como um estágio pré-insuficiência cardíaca, indicando que o indivíduo apresenta um elevado risco de desenvolver a doença. Tal risco deriva de antecedentes familiares positivos para a condição e da presença de condições médicas como hipertensão, diabetes, cardiomiopatia, doença arterial coronariana, febre reumática, entre outras. Além disso, fatores como histórico de consumo de álcool e utilização de certos medicamentos, como os usados no tratamento de câncer, também são considerados na categorização dos pacientes nesse estágio.

  • Estágio B: esse estágio também é enquadrado como um estágio pré-insuficiência cardíaca. Nesse cenário, o ventrículo esquerdo não funciona adequadamente e/ou manifesta anormalidades estruturais. No entanto, sintomas da doença ainda não são evidentes.

  • Estágio C: caracteriza-se como a fase sintomática da insuficiência cardíaca. Indivíduos nesse estágio recebem diagnóstico confirmatório para a doença e manifestam sintomas relacionados à condição.

  • Estágio D: engloba os pacientes que se encontram em um estágio avançado da insuficiência cardíaca, apresentando sintomas severos que não respondem ou melhoram com tratamentos convencionais.

Diagnóstico de insuficiência cardíaca

O diagnóstico da insuficiência cardíaca envolve a integração do exame clínico com a avaliação dos sintomas, estilo de vida e histórico familiar do paciente, além de exames de imagem e análises sanguíneas. Entre os exames utilizados estão o eletrocardiograma, a tomografia computadorizada cardíaca, o ecocardiograma, a ressonância magnética cardíaca, o raio X do tórax e a cintilografia de aquisição múltipla.

Essa abordagem abrangente auxilia na identificação da presença da doença, bem como na determinação do estágio e da causa subjacente que enfraqueceu ou tornou rígido o músculo cardíaco.

Tratamento da insuficiência cardíaca

O tratamento necessário dependerá tanto do estágio da insuficiência cardíaca como das causas que levaram a essa condição. O objetivo principal do tratamento consiste em impedir a progressão do paciente para estágios mais avançados da doença, uma vez que a regressão de estágios não é possível.

Nas fases iniciais, o protocolo terapêutico geralmente consiste em uma combinação de alterações no estilo de vida e administração de medicamentos. É recomendado adotar práticas saudáveis, incluindo a prática de exercícios físicos moderados e supervisionados, a adesão a um programa de tratamento cardiovascular e a redução da ingestão de sódio, álcool e tabaco. Distintas classes de medicamentos estão à disposição, variando de acordo com as necessidades individuais do paciente, como vasodilatadores e betabloqueadores.

À medida que a doença progride para estágios mais avançados e o tratamento convencional se mostra insuficiente, pode ser considerada a opção do transplante cardíaco. Essa intervenção envolve a substituição do coração disfuncional por um coração saudável proveniente de um doador.

O transplante de coração pode ser recomendado em estágios avançados da insuficiência cardíaca.

Tipos de insuficiência cardíaca

A insuficiência cardíaca pode ocorrer no ventrículo esquerdo ou no ventrículo direito:

  • Insuficiência cardíaca ventricular esquerda: ocorre quando o lado esquerdo precisa trabalhar com mais esforço para bombear a mesma quantidade de sangue. Ela é dividida em insuficiência sistólica e diastólica. Na insuficiência sistólica, o ventrículo esquerdo perde sua capacidade de contrair normalmente e não tem força para empurrar sangue suficiente para o restante do corpo. Já na insuficiência diastólica, o ventrículo esquerdo perde sua capacidade de relaxamento das câmaras cardíacas e não consegue se encher adequadamente de sangue durante o período de repouso entre cada batimento. Em ambos os casos, há uma diminuição na porcentagem de sangue que o coração bombeia. Um coração normal bombeia 55 a 60% do sangue contido nele. Na insuficiência sistólica e diastólica há uma redução para 40% e 50%, respectivamente.

A insuficiência cardíaca ventricular esquerda pode ser sistólica ou diastólica.
  • Insuficiência cardíaca ventricular direita: normalmente ocorre como resultado da falha do lado esquerdo. Quando o ventrículo esquerdo falha e não consegue bombear sangue suficiente para fora, a pressão do fluido aumenta e retorna pelos pulmões, danificando o lado direito do coração. Quando o lado direito perde sua capacidade de bombeio, o sangue se acumula nas veias do corpo.

A insuficiência cardíaca tem cura?

A insuficiência cardíaca é uma condição crônica, exigindo tratamento ao longo de toda a vida. Contudo, com os cuidados apropriados, na maioria dos casos, é possível desfrutar de uma vida com poucas restrições. O prognóstico, que avalia a evolução de uma condição médica, depende de vários fatores, incluindo a gravidade dos sintomas, a funcionalidade do músculo cardíaco, a resposta ao tratamento e a aderência ao plano de reabilitação cardiovascular.

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Fatores de risco para insuficiência cardíaca

Os fatores de risco associados à insuficiência cardíaca compreendem:

  • uso de tabaco, álcool e outras drogas;

  • estilo de vida sedentário;

  • consumo de alimentos ricos em sal e gordura;

  • histórico de ataque cardíaco;

  • histórico familiar de insuficiência cardíaca;

  • hipertensão arterial;

  • presença de doença arterial coronariana;

  • idade acima de 65 anos.

Prevenção da insuficiência cardíaca

Embora haja fatores de risco que não são possíveis alterar, como idade e predisposição genética, é possível adotar modificações no estilo de vida que reduzam a probabilidade de desenvolver insuficiência cardíaca. Algumas medidas incluem:

  • incorporar a prática regular de Exercícios físicos;

  • reduzir ou evitar o consumo de álcool, tabaco e outras substâncias nocivas;

  • evitar o consumo excessivo de sal, gordura e alimentos ultraprocessados;

  • gerenciar o estresse;

  • cuidar de outras condições médicas que possam contribuir para o desenvolvimento da insuficiência cardíaca.

Fontes

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Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

FLORES, Heloísa Fernandes. "Insuficiência cardíaca"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/doencas/insuficiencia-cardiaca.htm. Acesso em 12 de maio de 2024.

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