Bateria das escolas de samba

A bateria das escolas de samba é a ala responsável por conduzir o espetáculo musical da escola de samba no desfile de Carnaval.

A bateria das escolas de samba é composta por instrumentos de percussão.[1]

A bateria das escolas de samba é a ala responsável por conduzir o espetáculo musical da escola de samba no desfile de Carnaval. Considerada o coração da escola de samba, a bateria é composta por um grupo de pessoas encarregadas pelo andamento rítmico da apresentação.

Comandada por um metre, a bateria das escolas de samba é formada por instrumentos de percussão, entre eles o tamborim e o chocalho, tocados pelos ritmistas. A rainha de bateria ajuda a animar a ala.

Leia também: Quem é a rainha de bateria e qual é a sua importância para o Carnaval?

Resumo sobre a bateria das escolas de samba

  • A bateria das escolas de samba é a ala que conduz o espetáculo musical da escola de samba no desfile de Carnaval.

  • Surgiu com a criação das primeiras escolas de samba.

  • Formada por um grupo de ritmistas e comandada pelo mestre, a bateria garante o andamento do ritmo musical na apresentação de Carnaval.

  • Marcação, chamada, entrada, manutenção do ritmo, passagens, virada ou breque, convenção ou bossa, retomada e finalização são as seções presentes em uma apresentação da bateria.

  • Os elementos que formam a bateria das escolas de samba são: andamento, afinação, instrumentação, disposição dos instrumentos, e batida.

  • Entre os instrumentos utilizados na bateria das escolas de samba, estão: surdo, repique, chocalho, cuíca e tamborim.

  • A criatividade, a versatilidade e a sustentação da cadência do ritmo são critérios utilizados na avaliação da bateria das escolas de samba.

O que é a bateria das escolas de samba?

A bateria das escolas de samba é a ala responsável por conduzir o ritmo musical durante a apresentação no desfile de Carnaval. Muitos a consideram como o coração da escola de samba.

Formada por um grupo de 250 a 300 percussionistas, a bateria da escola de samba é comandada por um mestre. Os membros da bateria desfilam próximos ao carro de som. Os sons emitidos pela bateria são de instrumentos de percussão. Entre eles, os surdos, repiniques e chocalhos.

História da bateria das escolas de samba

O surgimento das escolas de samba na década de 1920 também marca os trabalhos de suas primeiras baterias. O diretor cultural da Salgueiro, Marcelo Pires, afirma que as baterias das escolas de samba estão presentes desde o primeiro desfile de Carnaval.

Entre os instrumentos presentes nas primeiras escolas de samba, os mais comuns eram tamborins, latas de manteiga, cuícas e pandeiro. O surdo, um dos principais instrumentos das escolas hoje em dia, não era utilizado nesse período.

A invenção do surdo, como também sua aplicação nas baterias, ocorreu no final da década de 1920. Alcebíades Barcelos, conhecido como Bide, foi considerado o inventor do instrumento que se tornou um dos mais emblemáticos do samba.

Veja também: Qual é a história do Carnaval no Brasil?

Características da bateria das escolas de samba

A bateria das escolas de samba é caracterizada pela presença de 250 a 300 percussionistas. A rainha de bateria acompanha o mestre e os rimistas e possui a função de animar a ala.

Entre as características da bateria das escolas de samba está a realização de seções que dividem o momento de apresentação, indicando a forma e o momento de uso dos diferentes instrumentos. O naipe na bateria consiste em um grupo composto por vários instrumentos de um mesmo tipo.

Bateria da escola de samba Unidos de Vila Isabel no Carnaval de 1998.[2]

Uma das etapas presentes no processo de apresentação da bateria das escolas de samba é conhecida como “esquentar a bateria”. Nesse momento, é realizada uma espécie de aquecimento da musculatura dos ritmistas que consiste numa batucada preliminar feita antes dos ensaios ou da apresentação no desfile.

A apresentação de uma bateria de escola de samba é dividida em seções, conforme explica Chico Santana, pesquisador e professor de percussão popular da UFPB:

  • Marcação: antecede à entrada da bateria tanto em ensaios como nos desfiles. Os instrumentos utilizados nesse momento são o surdo de terceira, uma caixa e uma cuíca. É caracterizada essencialmente pela batida produzida pelo surdo de terceira, que executa um ritmo diferente do seu convencional, identificando a marcação dos tempos.

  • Chamada: realizada pelo repinique, determina o andamento do ritmo. Também é conhecida como subida, associada à expressão “vai subir”, que quer dizer “chamar o samba”.

  • Entrada: define o início do ritmo de toda a composição da bateria. Os instrumentos leves realizam sons preestabelecidos, que variam conforme a orientação do mestre.

  • Manutenção do ritmo: feita pelos instrumentos pesados, apesar de ser responsabilidade de todos os naipes. O objetivo é manter a continuidade do samba em execuções de batidas características dos instrumentos, que precisam estar entrosados, possibilitando, dessa forma, um ritmo em comum.

  • Passagens: fases específicas de uma apresentação, marcadas pela utilização de determinado instrumento para realizar um trecho. Por exemplo, passagem de tamborim no refrão.

  • Virada ou breque: momento que define a mudança de trecho no samba.

  • Convenção ou bossa: ocorre quando o ritmo da apresentação é cortado por uma variação realizada por toda a bateria, que não deve perder o andamento. A ocasião gera um efeito inesperado.

  • Retomada: os instrumentos da bateria voltam a fazer o som de sua batida-padrão. Esse é um momento de atenção, já que, quando uma bateria provoca um atravessamento de ritmo, que significa perder o ritmo, ela tende a perder pontos na avaliação.

  • Finalização: realização de uma virada que marca o encerramento do ritmo.

Durante uma apresentação, a bateria das escolas de samba deve manter o andamento e a harmonia entre os naipes. Balanço rítmico e questões de criatividade são outros fatores presentes e importantes para o trabalho realizado pela bateria.

Elementos da bateria da escola de samba

A seguir, confira quais são os elementos que formam a bateria da escola de samba:

  • Andamento: varia conforme a música utilizada para ser acompanhada. Há escolas que optam por andamentos acelerados, outras, mais cadenciados ou mesmo lentos.

  • Afinação: diferencia as alturas e as relações melódicas entre os instrumentos. O surdo é o instrumento em que há mais variação de afinação.

  • Instrumentação: conjunto dos instrumentos, diferenciados entre leves e pesados. Quanto à quantidade, geralmente, o caixa é o mais numeroso, seguido por tamborim, repinique, surdo, chocalho e cuícas. A proporção é variável.

  • Disposição dos instrumentos: organizados em fileiras, os leves costumam estar posicionados à frente, e os surdos, nas pontas. As caixas e os repiniques, de forma alternada entre as pontas em fileiras mistas, ficam no meio. O repinique se localiza no centro da bateria.

  • Batida: cada instrumento emite uma batida que caracteriza a identidade sonora de uma bateria. Por meio dos padrões de ritmo, é possível identificar qual é a bateria da escola de samba.

Instrumentos utilizados pela bateria da escola de samba

O surdo é um dos principais instrumentos utilizados pelas baterias das escolas de samba.[3]

Veja, abaixo, os instrumentos utilizados pelas baterias das escolas de samba:

  • surdo de primeira marcação;

  • surdo de segunda marcação;

  • surdo de terceira marcação;

  • repique;

  • caixa de guerra;

  • chocalho;

  • repinique;

  • tamborim;

  • cuíca;

  • agogô;

  • reco-reco;

  • prato;

  • frigideira;

  • pandeiro.

Os instrumentos são divididos em categorias. Os idiofones são aqueles cujo material soa por si só: agogô, reco-reco, pratos, chocalho e frigideira. Enquanto os membranofones são constituídos de tambores revestidos por uma camada sintética ou de animal.

A classificação dos instrumentos é distribuída entre os leves e pesados. Os instrumentos leves são compostos pelos idiofones e membranofones, que costumam ter a afinação mais aguda. Já os pesados são os membranofones, que misturam afinações agudas, médias e graves.

Mestre de bateria

O mestre de bateria é quem comanda a bateria da escola de samba. O cargo é ocupado, geralmente, por um ex-ritmista da própria escola devido ao seu conhecimento musical e liderança. O papel do mestre é indicar o ritmo e as variações de arranjo que estarão presentes na bateria de escola de samba durante uma apresentação.

Leia mais: Quem são o mestre-sala e a porta-bandeira e qual a importância que têm nas escolas de samba?

Função da bateria das escolas de samba

A função da bateria das escolas de samba é conduzir o ritmo musical da escola ao longo da realização de um desfile de Carnaval. Nesse sentido, com o toque dos instrumentos que compõem a bateria, as escolas de samba mostram ao público o samba-enredo.

Importância da bateria das escolas de samba

A bateria é considerada a alma de uma escola de samba, sem ela não existe a instituição, enfatiza Marcelo Pires, diretor cultural da Acadêmicos do Salgueiro. Uma escola de samba, para se apresentar, precisa de instrumentos e de membros para tocá-los.

No desfile de Carnaval, a bateria permite a apresentação da música e dança, elementos essenciais na tradição carnavalesca.

Como é avaliada as baterias das escolas de samba?

A bateria da escola de samba é avaliada, de acordo com o Manual do Julgador do Carnaval das Escolas de Samba do Rio de Janeiro,|1| conforme os seguintes critérios:

  • manutenção regular e sustentação da cadência da bateria em consonância com o samba-enredo;

  • perfeita conjugação dos sons emitidos pelos instrumentos;

  • criatividade;

  • versatilidade.

Apuração dos votos sendo feita no Desfile de Carnaval das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.[4]

Os avaliadores concedem notas de 9 a 10 para as escolas de samba no quesito de bateria. Não são levados em consideração no processo avaliativo os seguintes aspectos:

  • Quantidade de membros de cada bateria, em relação ao número mínimo de integrantes fixado pelo regulamento.

  • Uso de instrumentos de sopro ou qualquer outro artifício que emita sons similares.

  • O fato de qualquer bateria não estacionar no 2º recuo (entre os setores 9 e 11), em razão de não ser obrigatória essa parada.

  • Eventual pane no carro de som e/ou no sistema de sonorização da passarela.

  • Questões inerentes a quaisquer outros quesitos.

Curiosidades sobre a bateria das escolas de samba

  • O maestro Leonard Bernstein visitou o Brasil em 1986 e assistiu aos desfiles das escolas de samba. Na época, ele considerou a bateria da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro uma verdadeira orquestra, comparando o papel do tamborim ao do violino.

  • O pandeiro, o agogô e o reco-reco, instrumentos utilizados pelas baterias das escolas de samba, também estão presentes na capoeira, manifestação cultural afro-brasileira.

  • As baterias das escolas recebem um nome: a da Acadêmicos do Salgueiro é “Furiosa”; a da Estação Primeira de Mangueira é “Tem Que Respeitar Meu Tamborim”; e a da Beija-Flor de Nilópolis é “Soberana”.

Nota

|1|LIESA. Manual do Julgador do Carnaval das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Disponível em: https://liesa.globo.com/carnaval/manual-do-julgador.html.

Créditos de imagem

[1]Circuito Fora do Eixo / Wikimedia Commons (reprodução)

[2]Rodrigo Propósito / Wikimedia Commons (reprodução)

[3]Alno / Wikimedia Commons (reprodução)

[4]Fernando Frazão / Agência Brasil (reprodução)

Fontes

AMORIM, Lino Camenietzki. As baterias das escolas de samba cariocas do grupo especial: trabalho acústico e os impactos do concurso sobre seu caráter humanizador. Dissertação (Mestrado em Música) - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, 2014. 103 f. Disponível em: http://www.repositorio-bc.unirio.br:8080/xmlui/handle/unirio/11167.

LIESA. Manual do Julgador do Carnaval das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Disponível em: https://liesa.globo.com/carnaval/manual-do-julgador.html.

SANTANA, Chico. A batucada da Nene de Vila Matilde: formação e transformação de uma bateria de escola de samba paulistana. 2009. 242 p. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1610672.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

AFONSO, Lucas. "Bateria das escolas de samba"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/carnaval/bateria.htm. Acesso em 01 de maio de 2024.

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