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Ciência Política

A ciência política é um ramo de estudo das ciências sociais que visa a entender como se estabelecem as formações de poder dentro de sociedades complexas.

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A ciência política, uma das áreas das ciências sociais, é responsável por estudar as estruturas políticas dos agrupamentos humanos, tentando entender como estão organizadas as estruturas de poder. Assim, essa ciência pretende conceituar noções como Estado, governo, formas de organização humana, além de estudar a atuação de outras instituições que interferem na organização política, como as empresas da iniciativa privada, organizações não governamentais (ONGs) e as instituições religiosas.

Como uma sociedade deve organizar-se? Qual é a legitimidade do poder de uns sobre os outros? Como a sociedade deve atuar para garantir o bom andamento das relações sociais? Esses são alguns dos problemas levantados pela ciência política, que tenta fornecer uma base teórica científica para amparar a ação prática de governos e organizações políticas. Os gregos antigos chamavam de práxis essa necessidade de se pensar e refletir sobre a ação antes de colocá-la em prática. Fornecer uma base teórica para a práxis política é a principal tarefa da ciência política. 

Leia também: Regimes de governo: as formas como um governo pode comportar-se no poder

Tópicos deste artigo

Ciência política na história

Antes da Grécia Antiga, algumas sociedades desenvolveram sistemas políticos complexos, baseados em formas de estabelecer e organizar o poder. Podemos eleger como exemplos dessas sociedades o Egito e a China antigos. Porém, foram os gregos os primeiros a pensar e a tentar estabelecer sistemas intelectuais sobre o modo como a prática política deveria ser organizada. Nesse sentido, temos os gregos como os primeiros a pensar sobre a práxis política.

Herbert Baxter Adams é considerado o fundador da Ciência Política contemporânea.
Herbert Baxter Adams é considerado o fundador da Ciência Política contemporânea.

Sócrates, Platão e Aristóteles foram os primeiros a se perguntar como deveria ser a organização política para garantir o melhor meio de intervenção prática no mundo. Na época dos filósofos clássicos, ainda não se falava em uma ciência da organização política, mas encontramos neles a importância histórica daqueles que primeiro se perguntaram sobre o modo como a política deveria estar organizada.

Entre o Renascimento e a modernidade, observamos filósofos que também deixaram significativas contribuições para a constituição da ciência política, que somente se estabeleceria como uma ciência metódica e bem articulada no século XIX. Um desses filósofos foi o teórico político florentino Nicolau Maquiavel, que escreveu um dos mais importantes tratados políticos da modernidade, intitulado O Príncipe. Nessa obra, o autor buscou estabelecer as bases para que um governante consiga se manter em um governo estável.

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Os filósofos Jean Bodin e Thomas Hobbes, continuando a linha histórica do pensamento político, dedicaram-se a defender o absolutismo como forma de governo legítima nos séculos XVI e XVII. Foi o filósofo inglês John Locke, no entanto, que inaugurou uma nova forma de pensamento político na modernidade: o liberalismo político. Defensor de um sistema de governo parlamentar, Locke passou a defender um sistema político que não aturasse os abusos de um governo centralizado e permitisse o direito natural à vida, à liberdade e, principalmente, à propriedade privada.

Antes da delimitação da ciência política como uma ciência autônoma, ainda temos as contribuições dos filósofos iluministas do século XVIII, em especial os franceses, para se pensar nos limites e nas atribuições da política no mundo moderno. Os iluministas, em geral, defendiam o fim do Antigo Regime (o absolutismo, que concentrava todo o poder político nas mãos do governante e dava a ele o poder irrestrito) e formas de organização políticas que garantissem a manutenção de direitos ao povo.

Voltaire, um dos filósofos iluministas, defendia a laicidade do Estado, a liberdade religiosa e a liberdade de expressão. Outro grande iluminista foi o filósofo Charles de Montesquieu, que defendia um Estado republicano com os poderes repartidos em três instâncias: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Essa forma, adotada até hoje por muitas repúblicas, limita o poder ao impedir a concentração dele nas mão de apenas uma pessoa, impossibilitando, assim, os abusos.

Montesquieu é autor da teoria da tripartição dos poderes em Legislativo, Judiciário e Executivo.
Montesquieu é autor da teoria da tripartição dos poderes em Legislativo, Judiciário e Executivo.

O mais importante marco para a consolidação da ciência política como um campo autônomo e rigorosamente estabelecido do conhecimento ocorreu no século XIX. Em meio ao surgimento da sociologia por meio das ideias do filósofo Auguste Comte e dos primeiros sociólogos – o filósofo, sociólogo e jurista francês Émile Durkheim e o filósofo, sociólogo e economista alemão Karl Marx –, surgia a necessidade de se pensar também as concepções políticas.

Foi por isso que o historiador estadunidense Herbert Baxter Adams fundamentou um novo campo das ciências sociais, que ficaria responsável por estudar apenas as formações políticas, recebendo contribuições e contribuindo mutuamente com as outras ciências sociais.

Leia também: Pensadores clássicos da sociologia

O curso de ciência política

A partir do século XX, com o estabelecimento e reconhecimento total da sociologia e das ciências sociais como áreas científicas de extrema importância para a compreensão das sociedades complexas, entendeu-se que a ciência política não poderia ficar de fora desses estudos. Assim, começaram a surgir os cursos superiores em ciência política, primeiro nos Estados Unidos, na França e na Alemanha, e depois em outros países. No Brasil, o primeiro curso superior em ciência política surgiu na década de 1930, na USP.

Em geral, os cursos de ciência política são habilitações específicas para os cursos de ciências sociais. Existem matérias de uma grade comum de ciências sociais, como sociologia, economia, antropologia, psicologia e política, que são complementadas com disciplinas específicas, como formações políticas, estratégias políticas, história da política, estatística e formas de governo.

Importância da ciência política

É impossível entender os mecanismos de poder na sociedade, em especial nas sociedades pós-capitalistas, sem estudar ciência política. Além disso, para que os políticos tenham uma atuação significativa nos tempos de hoje, faz-se necessário que eles mesmos (ou que seus assessores) estudem ciência política, pois os atores das três esferas do poder em nossa república (Legislativo, Executivo e Judiciário) devem ser conhecedores da ciência política.

O voto é uma ação cidadã nas sociedades republicanas democráticas atuais.
O voto é uma ação cidadã nas sociedades republicanas democráticas atuais.

Podemos eleger como os quatro conceitos básicos da ciência política as ideias de cidadania, cidade, direito e Estado. O Estado é a tentativa de delimitação das noções de poder amplamente difundidas na sociedade. Direito é a noção que implica a participação de todos os cidadãos como aqueles que têm direito a uma parte do que é oferecido pela sociedade. A noção de cidadania é o que permite a participação política na formação da sociedade e o reconhecimento do papel do cidadão (aquele que participa da formação política da cidade). Por último, a cidade é a instituição política que agrupa os seres humanos dentro de uma estrutura jurídica, geográfica e social.

 

Por Francisco Porfírio
Professor de Sociologia

  

Escritor do artigo
Escrito por: Francisco Porfírio Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PORFíRIO, Francisco. "Ciência Política"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/ciencia-politica.htm. Acesso em 25 de abril de 2024.

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