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O que é fascismo?

O fascismo foi um movimento político que surgiu na Itália sob a liderança de Benito Mussolini, que assumiu o poder desse país a partir de 1922 com a Marcha sobre Roma.

Mussolini e Hitler, líderes fascistas.
Benito Mussolini (ao lado de Hitler) foi o grande líder do fascismo italiano, movimento político surgido em 1919.[1]
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O fascismo é forma radical da expressão do espectro político da direita conservadora. No entanto, é importante dizer que nem toda política praticada pela direita conservadora é extremista como o fascismo. Essa ideia também vale para o espectro político da esquerda, uma vez que nem toda política praticada por ela é radicalizada como o que foi visto pelo stalinismo, o regime totalitário liderado por Josef Stalin, entre 1927 e 1953, na União Soviética.

Acesse também: O nazismo foi um movimento de direita ou de esquerda?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o fascismo

  • O fascismo foi um movimento que surgiu na Itália na década de 1910 e alcançou o poder desse país na década de 1920, mais precisamente em 1922.

  • A ascensão do fascismo na Itália está diretamente relacionada com a crise econômica que o país viveu. Além disso, tem relação com a frustração italiana com a Primeira Guerra Mundial e com o temor da expansão do socialismo no país.

  • O líder do fascismo italiano foi Benito Mussolini.

  • O termo “fascismo” pode ser usado para referir-se, especificamente, ao fascismo italiano, mas historiadores estendem seu uso para outros regimes daquela época, como o nazismo alemão, a Ustasha croata, o franquismo espanhol, etc.

  • Atualmente, também há utilização do termo “neofascismo” para referir-se a movimentos políticos hodiernos que possuem aproximações ideológicas com o fascismo.

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Afinal, o que é fascismo?

O fascismo é um conceito que gera muito debate por sua complexidade, já que é um movimento político que se adapta a diferentes circunstâncias e apropria-se de ideais de diferentes ideologias. De toda forma, o fascismo, enquanto movimento político e social, possui uma retórica populista que explora assuntos como a corrupção endêmica da nação, crises na economia ou “declínio dos valores tradicionais e morais” da sociedade. Além disso, defende que mudanças radicais no status quo (expressão em latim para referir-se ao “estado atual das coisas”) devem acontecer.

Hitler e Mussolini, líderes fascistas.
Hitler e Mussolini são entendidos como líderes dos dois grandes movimentos fascistas do século XX: o alemão e o italiano, respectivamente.[2]

Uma vez que ocupa espaços de poder, o fascismo transforma-se em um regime extremamente autoritário, baseado na exclusão social, portanto, hierárquico e bastante elitista. O termo “fascismo” pode ser usado para referir-se:

1. Ao fascismo surgido na Itália e liderado por Benito Mussolini.

2. À expressão extrema do fascismo sob a ideologia nazista, desenvolvida por Adolf Hitler.

3. Aos regimes que surgiram durante o período entre a Primeira Guerra Mundial e a Segunda inspirados ideologicamente no fascismo italiano, como foram os casos do salazarismo, em Portugal, do franquismo, na Espanha, do movimento Ustasha, na Croácia etc.

Características do fascismo

O fascismo clássico, forma como o fascismo italiano é conhecido entre os historiadores, possuía algumas características:

1. Sistema unipartidário ou monopartidário, no qual apenas o próprio partido fascista tinha direito à atuação no sistema político nacional;

2. Culto ao chefe/líder como forma de colocá-lo como a única pessoa capaz de guiar a nação ao seu destino;

3. Desprezo pelos valores liberais, nos quais estão inclusas as liberdades individuais e a democracia representativa;

4. Desprezo por valores coletivistas, como o socialismo, comunismo e anarquismo;

5. Desejo de expansão imperialista baseada na ideia de domínio de povos mais fracos;

6. Vitimização de determinados grupos da sociedade ou de um povo com o objetivo de iniciar uma perseguição contra aqueles que eram vistos como “inimigos do povo”;

7. Uso da retórica contra os métodos políticos tradicionais afirmando que estes eram incapazes de combater as crises e de levar a nação à prosperidade;

8. Exaltação dos “valores tradicionais” em detrimento de valores considerados “modernos”;

9. Mobilização das massas;

10. Controle total do Estado fascista sobre assuntos relacionados à economia, política e cultura.

O que foi o fascismo italiano?

A expressão “fascismo” foi cunhada pelo italiano Benito Mussolini (1883-1945), que criou, em 1919, uma organização chamada Fasci Italiani di Combattimento. O termo “fasci”, que significa feixe, faz referência ao feixe de hastes de madeira com um machado no centro – símbolo da unidade do poder político na Roma Antiga.

Mussolini começou sua carreira política em um núcleo socialista italiano. O vínculo de Mussolini com o socialismo italiano foi interrompido em 1914 quando publicou em jornal socialista um artigo defendendo a participação da Itália na Primeira Guerra Mundial. Esse rompimento aconteceu porque os socialistas italianos eram radicalmente contra a entrada do país na guerra.

Benito Mussolini, fundador do Fasci Italiani di Combattimento, grupo que deu origem ao Partido Nacional Fascista.
Benito Mussolini foi o fundador do Fasci Italiani di Combattimento, grupo que deu origem ao Partido Nacional Fascista.[3]

Mussolini, então, alinhou seu discurso político com o viés nacionalista italiano. Entre 1919 e 1920, o fortalecimento político de movimentos de orientação socialista levou classes conservadoras na Itália a alinharem-se com o fascismo italiano. O fascimo ganhou muita força nas regiões rurais do centro da Itália.

Nesse contexto, a partir da organização Fasci Italiani di Combattimento, surgiu o Partido Nacional Fascista. O grande objetivo era tomar o poder da Itália tanto por via eleitoral quanto por meio de atos violentos contra opositores. O uso da violência pelos fascistas, inclusive, chegou a ser elogiado por determinadas classes da sociedade italiana que viam a agressividade como uma forma de enfraquecer os socialistas.

Mussolini chegou ao poder em 1922 após membros do Partido Nacional Fascista realizarem a chamada Marcha sobre Roma. Essa marcha aconteceu no dia 28 de outubro de 1922. Nela, fascistas de toda a Itália marcharam em direção a Roma, capital do país, para pressionar o então rei, Vitor Emanuel III, a empossar Mussolini como seu chefe de Estado (ou primeiro-ministro). Muitos fascistas contaram com apoio governamental para chegarem à capital italiana.

O resultado da Marcha sobre Roma foi que o rei destituiu o primeiro-ministro empossado e convocou Benito Mussolini a formar a base do novo governo, agora sob o controle dos fascistas. Monarquistas e conservadores da direita comemoraram a posse de Mussolini, liberais aceitaram a situação, e socialistas opuseram-se, no entanto, não tiveram forças para controlar o crescimento do fascismo. Com o tempo, Mussolini conseguiu controlar todo o Estado italiano.

O Partido Nacional Fascista planejou um modelo de Estado forte, no qual o poder executivo fosse centralizado e a figura do líder, o duce (em italiano), incontestável. O culto à personalidade de Mussolini tornou-se uma das principais características do fascismo italiano. Essa veneração do chefe de Estado também se espalhou para outros países da Europa e para outros continentes nessa época.

Dessa inspiração, surgiram os movimentos que são conhecidos entre os historiadores (e já citados neste texto) como “fascismo espanhol”, no caso de Francisco Franco; “fascismo português”, no caso de António de Oliveira Salazar; e “fascismo alemão”, no caso do nazismo de Adolf Hitler.

Leia também: Adolf Hitler: tudo sobre a história do líder do nazismo

Neofascismo

Atualmente, utiliza-se o termo “neofascista” como referência a regimes políticos que possuem características semelhantes às dos fascismos tradicionais (italiano, alemão, espanhol, português, etc), mas que possuem certas diferenças ideológicas. Essas diferenciações são decorrentes do contexto de desenvolvimento do neofascismo, que é completamente diferente do contexto dos fascismos do período entreguerras. O elo, portanto, é a aproximação ideológica entre o fascismo clássico e os neofascismos.

São características do “neofascismo”:

1. Chauvinismo: patriotismo exagerado que, muitas vezes, assume posturas violentas e xenófobas.

2. Desprezo pela democracia liberal: apesar disso, o neofascismo não constrói regimes extremamente fechados e totalitários como no caso do fascismo italiano. No neofascismo, podem ser construídos regimes com ar democrático, com eleições, inclusive. No entanto, a ação autoritária e doutrinadora do regime visa a manipular as massas como forma de atender aos interesses fascistas.

3. Medidas antipovo: a ideia de “inimigo externo” do fascismo transformou-se em “inimigo interno” no neofascismo. Assim, grupos internos podem ser encarados como inimigos, e medidas contra eles são tomadas como forma de combater-se a oposição política e o debate de ideias.

Créditos de imagem

[1] Everett Historical / Shutterstock

[2] withGod / Shutterstock

[3] Olga Popova / Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva (Historiador) e Cláudio Fernandes (Mestre em História)

Escritor do artigo
Escrito por: Cláudio Fernandes Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

FERNANDES, Cláudio. "O que é fascismo?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-fascismo.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

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