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Santa Aliança

A Santa Aliança foi uma aliança política firmada entre Rússia, Prússia e Áustria, após a queda de Napoleão, para combater movimentos liberais e ideias republicanas na Europa.

Charge de 1823, intitulada “A Santa Aliança desmascarada”, mostra os líderes europeus conspirando.
Charge de 1823, intitulada “A Santa Aliança desmascarada”, mostra os líderes europeus conspirando.
Crédito da Imagem: Commons
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A Santa Aliança foi estabelecida entre o Reino da Prússia, o Império Austríaco e o Império Russo, logo após o fim da Era Napoleônica e do Congresso de Viena. A Inglaterra não aceitou participar da aliança, mas em alguns momentos deu apoio a ela.

 A aliança pretendia fortalecer o cristianismo na Europa e conter movimentos e revoluções liberais no continente. A Santa Aliança também combateu movimentos nacionalistas na Alemanha, Itália, Áustria, Espanha e Rússia. 

O czar russo Alexandre I foi o idealizador da Santa Aliança, convidando diversos países à aliança. Também foram fundadores da Santa Aliança o rei Frederico Guilherme III, da Prússia, e o imperador Francisco I, da Áustria.

Leia também: Era Napoleônica — fases, conflitos e principais acontecimentos

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a Santa Aliança

  • A Santa Aliança foi criada em 1815 e foi desfeita em 1853, quando se iniciou a Guerra da Crimeia.

  • Durante o período de existência a Santa Aliança reprimiu diversos movimentos liberais ocorridos na Europa.

  • Um exemplo de intervenção da aliança ocorreu em 1820, quando o exército da Santa Aliança invadiu a Espanha, derrubou o governo liberal que governava o país e reestabeleceu a monarquia.

  • Durante o século XIX os ideais liberais ganharam força na Europa, enfraquecendo a Santa Aliança.

  • Em 1853 iniciou-se a Guerra da Crimeia, em que a Rússia lutou contra uma aliança militar que recebeu apoio da Áustria. O início da guerra marca o fim da Santa Aliança.

Antecedentes históricos da Santa Aliança

Em 1789 eclodiu a Revolução Francesa, processo que levou ao poder a burguesia e que foi marcado por grande violência. Durante dez anos, jacobinos e girondinos se digladiaram, perseguindo seus adversários quando ocupavam o poder e criando um ambiente de instabilidade política no país.

Em 1799, através do Golpe do 18 Brumário, o general Napoleão Bonaparte ascendeu ao poder, tornando-se em pouco tempo imperador da França. Napoleão passou a conquistar diversos reinos da Europa, levando os princípios da Revolução Francesa para diversas regiões do continente. Ele derrubou diversos monarcas e colocou pessoas de sua confiança para governar os países conquistados.

Durante as Guerras Napoleônicas o maior inimigo da França foi a Inglaterra. Em 1805 os franceses perderam a batalha naval de Trafalgar, na qual os ingleses conquistaram a hegemonia nos mares. Sabendo que não conseguiria invadir a Inglaterra, Napoleão decretou o Bloqueio Continental em 1806, impedindo o comércio da Europa continental com os ingleses. Seu objetivo era prejudicar a economia da Inglaterra.

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De 1802 até 1815, diversas alianças militares foram formadas para combater a França de Napoleão. Essas coalizões contaram quase sempre com a participação da Inglaterra, Prússia, Rússia, Suécia e Áustria. Até 1812 o exército napoleônico conquistou diversas vitórias sobre seus adversários, mas na Campanha da Rússia os franceses sofreram sua primeira grande derrota.

A partir dessa derrota o exército napoleônico passou à defesa, sofrendo diversas derrotadas.

Veja também: França x Prússia na guerra que marcou o final do processo de unificação da Alemanha

O Congresso de Viena

Em 1813 uma coalizão militar formada pela Inglaterra, Áustria, Prússia, Rússia, Espanha, Portugal, Suécia, Sardenha e diversos reinos alemães passou a guerrear contra a França napoleônica. Em 1814, a coalizão conseguiu conquistar Paris, fazendo Napoleão se exilar na ilha de Elba.

Com a conquista da França os países vencedores criaram o Congresso de Viena, ainda em 1814. O congresso tinha diversos objetivos, os principais deles eram o de refazer o mapa da Europa após as Guerras Napoleônicas e o de criar mecanismos para que novos conflitos não ocorressem na Europa.

As reuniões do Congresso de Viena se iniciaram em 18 de setembro de 1814, envolvendo representantes de diversos reinos europeus. Em março de 1815, com apoio de seus partidários, Napoleão fugiu de Elba, retornando a Paris e governando novamente a França no que é conhecido como “Governo dos 100 dias”.

Napoleão foi definitivamente derrotado na Batalha de Waterloo, sendo capturado e enviado para a ilha de Santa Helena, onde morreu em 1821. Mesmo durante o Governo dos 100 Dias as reuniões em Viena continuaram.

Pintura retratando os líderes europeus no Congresso de Viena, em texto sobre a Santa Aliança.
Líderes europeus no Congresso de Viena. A estabilidade política na Europa era um de seus objetivos.

O Congresso de Viena se encerrou em junho de 1815, poucos dias antes da derrota de Napoleão em Waterloo. O congresso recriou o mapa político da Europa anterior a 1789, restaurando as monarquias europeias em seus antigos reinos.

O que foi a Santa Aliança?

Santa Aliança foi uma aliança política entre o Império Russo, a Prússia e o Império Austríaco. Ela foi formalmente estabelecida em 26 de setembro de 1815, após a derrota de Napoleão em Waterloo e o fim do Congresso de Viena.

A Santa Aliança foi uma aliança cristã que defendia o direito divino dos reis e o absolutismo. Os três monarcas da Santa Aliança aceitaram utilizar os princípios cristãos para gerir sua política interna e externa. Vale lembrar que a Rússia era um país católico ortodoxo; a Áustria, católico; e a Prússia, protestante.

Um dos principais objetivos da Santa Aliança foi o de reprimir movimentos liberais na Europa, evitando que novas revoluções, como a francesa, ocorressem. Uma das primeiras intervenções realizadas pelo exército da Santa Aliança ocorreu na Itália, onde os carbonaris foram derrotados.

Na prática, a Santa Aliança existiu até 1853, quando se iniciou a Guerra da Crimeia, onde uma aliança composta pela França, Inglaterra, Império Otomano e Sardenha, com apoio da Áustria, lutou contra a Rússia.

Quem eram os participantes da Santa Aliança?

  • Áustria

  • Prússia

  • Império Russo

Quais eram os objetivos da Santa Aliança?

O primeiro objetivo da Santa Aliança foi o de assegurar que o absolutismo fosse preservado na Prússia, Rússia e Áustria. A estratégia utilizada para atingir tal objetivo foi o uso da violência, reprimindo grupos contrários, impondo censura e combatendo militarmente movimentos que se tornaram maiores.

Outro objetivo da Santa Aliança foi o de preservar o cristianismo na Europa. Na visão dos monarcas dos três países, o Império Otomano e as ideias liberais ameaçavam o cristianismo.

Saiba mais: Como foi a formação do Estado Moderno?

Como foi o fim da Santa Aliança?

Não existiu um fim formal da Santa Aliança, por isso os historiadores estabelecem datas diferentes para o seu fim. Alguns historiadores afirmam que a Santa Aliança se encerrou em 1825, quando o czar Alexandre I faleceu. Mas a maioria dos historiadores defende que a aliança perdurou e, por diversas vezes até a década de 1850, exércitos da Prússia, Áustria e Rússia lutaram juntos contra movimentos liberais.

A estabilidade política da Europa foi um dos objetivos do Congresso de Viena e da Santa Aliança, e essa estabilidade só seria alcançada através do “equilíbrio de poder” entre as nações europeias. Essa ideia foi defendida por Klemens von Metternick, diplomata do império austríaco, no Congresso de Viena. Esse equilíbrio de poder foi quebrado pela Rússia, na década de 1850, quando passou a expandir seu império.

 Monumento em homenagem à batalha de Sinop, que marcou o fim da Santa Aliança.
Monumento em homenagem à Batalha de Sinop, evento que marcou o rompimento da Santa Aliança.[1]

Em 1853, o czar Nicolau I declarou que a Rússia era protetora dos cristãos ortodoxos de Jerusalém e que, dessa forma, poderia controlar os locais sagrados da cidade. Jerusalém era parte do Império Otomano, que iniciou a guerra contra a Rússia.

A marinha otomana foi derrotada na Batalha de Sinop e, temendo perder o Estreito de Bósforo para os russos, britânicos e franceses declararam guerra à Rússia, iniciando o conflito. A Áustria declarou apoio à França, Grã-Bretanha e otomanos. Para muitos historiadores esse rompimento entre austríacos e russos marca o fim da Santa Aliança.

Exercícios resolvidos sobre a Santa Aliança

1 - (UFRGS 2016) A Santa Aliança, coalizão entre Rússia, Prússia e Áustria, criada em setembro de 1815, após a derrota de Napoleão Bonaparte, tinha por objetivo político:

a) promover e proteger os ideais republicanos e revolucionários franceses em toda a Europa.

b) impedir as intenções recolonizadoras dos países ibéricos e apoiar as independências dos países latino-americanos.

c) lutar contra a expansão do absolutismo monárquico e a influência do papado em todos os países europeus.

d) combater e prevenir a expansão dos ideais republicanos e revolucionários franceses em toda a Europa.

e) apoiar o retorno de Napoleão ao governo francês e garantir o equilíbrio entre as potências europeias.

Alternativa D

A Santa Aliança foi criada pela Rússia, Prússia e Áustria para combater e prevenir a expansão dos ideais republicanos e revolucionários franceses em toda a Europa. A aliança também tinha por objetivo preservar o cristianismo na Europa, que, na visão desses países, era ameaçado pelo Império Otomanos e pelas ideias revolucionárias.

2 - (PUC-Rio) O Congresso de Viena, concluído em 1815, após a derrota de Napoleão Bonaparte, baseou-se em três princípios políticos fundamentais. Assinale a opção que apresenta corretamente esses princípios:

a) Liberalismo, democracia e industrialismo.

b) Socialismo, totalitarismo e controle estatal.

c) Restauração, legitimidade e equilíbrio europeu.

d) Conservadorismo, tradicionalismo e positivismo.

e) Constitucionalismo, federalismo e republicanismo.

Alternativa C

O Congresso de Viena, criado no fim do Período Napoleônico, se baseou em três princípios. O primeiro foi o da restauração, em que todas as monarquias pré-revolucionárias deveriam ser reestabelecidas; a segunda foi a legitimidade da monarquia; e a terceira, o equilíbrio de poder entre as nações europeias que, com o equilíbrio, evitariam novas guerras e revoluções.

Créditos da imagem

[1] Nast Egle/ Shutterstock

Fontes

HORNE, Alistair. A Era de Napoleão. Editora Objetiva, São Paulo, 2013.

ZAMOISKY, Adam. Ritos de paz: a queda de Napoleão e o Congresso de Viena. Editora Record, São Paulo, 2012.    

Escritor do artigo
Escrito por: Jair Messias Ferreira Junior Pós-graduado em História pela Unicamp e professor da Educação Básica há mais de 20 anos. Também é formador de professores e produtor de materiais didáticos há mais de 10 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

JUNIOR, Jair Messias Ferreira. "Santa Aliança"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/santa-alianca.htm. Acesso em 25 de abril de 2024.

De estudante para estudante


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