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República de Weimar e a ascensão do nazismo

Iniciada logo após o fim da I Guerra, a República de Weimar buscou estabilizar a Alemanha, mas as crises econômicas abriram o caminho para a ascensão nazista.

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A República de Weimar foi o período da história alemã compreendido entre os anos de 1919 e 1933, entre o fim da I Guerra Mundial e a ascensão do partido nazista ao poder. Os acontecimentos históricos deste período são resultado da reação de setores da sociedade alemã à derrota na I Guerra Mundial e influenciaram a eclosão da II Guerra Mundial.

A existência da República de Weimar pode ser dividida em três fases: uma fase de instabilidade política e econômica, entre 1919 e 1923; uma fase de recuperação e estabilização, entre 1923 e 1929; e uma nova fase de crise, decorrente da quebra da Bolsa de Nova Iorque e com a ascensão do nazismo, entre 1929 e 1933.

O marco alemão sofreu forte desvalorização durante a República de Weimar, devido à crise econômica e ao processo inflacionário
O marco alemão sofreu forte desvalorização durante a República de Weimar, devido à crise econômica e ao processo inflacionário

A Primeira fase

A queda do II Reich em novembro de 1918 e as discussões políticas sobre a aceitação ou não do Tratado de Versalhes, em 1919, marcaram os primeiros anos da nova República. Formou-se um governo provisório com os líderes do Partido Social Democrata Alemão (SPD) e do Partido Social Democrata Alemão Independente (USPD). Em janeiro de 1919, realizaram-se eleições para a Assembleia Constituinte, reunida em Weimar, que confirmou a hegemonia política do SPD. A constituição foi promulgada em julho de 1919 e transformou a Alemanha em uma República Parlamentarista de cunho liberal, sendo formada pelo Reichstag (Parlamento) e pelo Reichsrat (assembleia dos representantes dos estados, de caráter consultivo). Na chefia da República estava o presidente e também o Chanceler (primeiro-ministro).

Paralelamente a esse arranjo institucional, ocorreu a Revolução Alemã de 1918-1919. Com o objetivo de formar uma República Socialista baseada em sovietes, como o que havia ocorrido na Rússia pouco antes, os soldados e trabalhadores alemães tentaram tomar o poder em Berlim, organizando-se em conselhos. A Liga Espartaquista, uma dissidência do Partido Comunista Alemão (KPD), liderava as ações, tendo como principais nomes os comunistas Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht.

Apesar da força popular, eles não conseguiram conter a reação do Governo Provisório, comandado pelo SPD, que convocou o exército para derrotar a revolução. O esmagamento das forças revolucionárias se deu na Renânia, na Baviera e, principalmente, em Berlim. Vários líderes foram presos e executados, inclusive Luxemburgo e Liebknecht. A ironia neste caso é que os mandantes da execução eram antigos companheiros de partido, quando todos ainda estavam no SPD.

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A economia alemã neste período caracterizou-se por uma forte inflação e um grande número de desempregados. A inflação beneficiava apenas alguns grupos econômicos, como grandes indústrias, mas afetava diretamente as condições de vida dos assalariados.

Ainda no aspecto político, esta primeira fase foi extremamente conturbada, com uma série de tentativas de golpe de Estado pelas forças ligadas ao antigo regime.  Algumas delas, como a tentativa do general Kapp, foram contidas pelos trabalhadores, principalmente os organizados em sindicatos próximos ao SPD. Os operários organizaram ainda várias greves entre 1921 e 1922, exigindo a nacionalização das minas e bancos, além de melhorias nas condições de trabalho.

Por outro lado, a insatisfação com a situação econômica resultou também no surgimento do Partido Nacional Socialista Alemão, o partido nazista. Baseado em um ideário nacionalista, antiliberal, anticomunista, formando grupos paramilitares, culpando os judeus ligados ao capital financeiro pelos problemas econômicos alemães e liderados por Adolf Hitler, os nazistas tentaram dar um golpe em Munique, na Baviera, em 1923, mas não obtiveram sucesso.

Hitler utilizou da crise econômica e social alemã nas décadas de 1920 e 1930 para ascender ao poder.*
Hitler utilizou da crise econômica e social alemã nas décadas de 1920 e 1930 para ascender ao poder.*


Segunda Fase

A partir de 1924, o país vivenciou um período de estabilidade política e econômica. Com a aproximação aos capitalistas estadunidenses, que passaram a investir diretamente na Alemanha, a estabilidade econômica alcançada melhorou os salários dos trabalhadores, além de diminuir as taxas de desemprego. Porém, como estes investimentos atrelavam a economia alemã à bolsa de Nova Iorque, a Crise de 1929 atingiu em cheio a Alemanha.

3ª Fase

O resultado foi o grande número de desempregados, que chegou a 5 milhões de trabalhadores. Esta situação levou ao descrédito com os antigos grupos políticos, como os socialdemocratas, abrindo o caminho nas eleições de 1932 para a ascensão dos nazistas. Nas ruas os conflitos entre nazistas e comunistas eram constantes. Com o apoio de capitalistas industriais, que se opunham aos comunistas, os nazistas se aproveitaram da crise política no Reichstag e fizeram de Hitler o Chanceler da Alemanha, em 1933.  Neste mesmo ano, com o incêndio do Reichstag sendo apontado como ação dos comunistas, Hitler pôs na ilegalidade o KPD e depois o SPD. A morte do presidente Hindenburg, em 1934, tornou Hitler o chefe único do Estado, o Führer, iniciando desta forma a organização do Terceiro Reich.

* Crédito da imagem: mrHanson e Shutterstock.com


Por Tales Pinto
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Tales dos Santos Pinto Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PINTO, Tales dos Santos. "República de Weimar e a ascensão do nazismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/republica-weimar-ascensao-nazismo.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

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Lista de exercícios


Exercício 1

(PUC-MG) A crise econômica e a instabilidade político-social que dominaram o cenário alemão durante a República de Weimar (1913-33) apresentaram como desdobramento:

  1. a afirmação dos princípios morais tradicionais e a frugalidade dos costumes, impedindo a adoção de um estilo de vida desregrado e hedonista.
  2. a ascensão dos segmentos intermediários da sociedade, beneficiados com o surto especulativo e a inflação galopante.
  3. a elevação dos investimentos internos, reduzindo o nível de desemprego, notadamente no início da década de 1930.
  4. a consolidação do Partido Social-Democrata no poder, favorecido pelo caos da economia e pelos termos impostos pelo Tratado de Versalhes.
  5. a fragilização das instituições democráticas, abrindo caminho para a difusão de ideologistas radicais de cunho totalitário.

Exercício 2

A República de Weimar foi marcada também por uma série de tentativas de golpes e ações revolucionárias que tinha por objetivo por em prática os projetos políticos dos grupos que protagonizavam estas ações. Frente a isso, indique a alternativa incorreta:

  1. Putsch de Munique, em 1923.
  2. Revolução Alemã de 1918-1919, liderada pela Liga Espartaquista.
  3. Outubro Alemão, de 1923.
  4. Golpe sobre Hindenburg, que transformou Hitler em chanceler alemão, em 1933.
  5. Putsch da Cervejaria, em 1923.