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Papel da Companhia de Jesus na Contrarreforma

O papel da Companhia de Jesus na Contrarreforma foi de fundamental importância, haja vista o seu desempenho em âmbito internacional.

O espanhol Santo Inácio de Loyola foi o fundador da Companhia de Jesus
O espanhol Santo Inácio de Loyola foi o fundador da Companhia de Jesus
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A Companhia de Jesus, fundada pelo espanhol Santo Inácio de Loyola, foi uma das mais importantes ordens católicas fundadas no século XVI e segue sendo influente em âmbito internacional até os dias de hoje. Para compreendermos a importância dessa ordem, é necessário que saibamos algumas características do contexto em que ela foi criada.
 

  • Contexto histórico da criação da Companhia de Jesus

Uma das sequências de eventos mais importantes da Idade Moderna é a das chamadas Reformas Religiosas, que compreendem as Reformas Protestantes e a Contrarreforma Católica, ocorridas durante a primeira metade do século XVI. Entre os principais momentos das Reformas Religiosas, temos, do lado protestante, as teses de Lutero de 1517, a revolta camponesa anabatista de 1522-25 e as reformas anglicana e calvinista, na década de 1530, que transcorreram na Inglaterra e na Suíça, respectivamente. Do lado católico, o ponto mais importante foi a convocação do Concílio de Trento, iniciado em 1546, que reafirmou os dogmas católicos e procurou conciliá-los com o humanismo, característico dessa época. Além disso, algo de muito particular ocorria nas nações católicas, em especial na Espanha.

Assim como o Português, o Reino da Espanha, unificado, nasceu das guerras contra a ocupação muçulmana da Península Ibérica. A união dos tronos de Castela e Aragão no fim do século XV foi um marco da defesa política e espiritual do catolicismo europeu. Quando houve a irrupção do protestantismo, a Espanha, que tinha dado início ao processo de colonização do recém-descoberto “Novo Mundo”, juntamente a seu vizinho, Portugal, procurou defender-se da rápida propagação das ideias de Lutero, Calvino e similares. Além das medidas de contenção tomadas no âmbito político, houve, no âmbito estritamente religioso, a criação da Companhia de Jesus, ou Societas Iesu, S.J, em 1534.

  • Os jesuítas e as missões católicas internacionais

O responsável pela criação da Companhia de Jesus, o basco Inácio de Loyola, era ex-membro do exército espanhol e conseguiu, com outros religiosos, como Francisco Xavier e Alfonso Salmerón, levar adiante a ideia de uma ordem que tivesse como objetivo principal as missões católicas internacionais. Os jesuítas, como são chamados os membros da Companhia de Jesus, caracterizaram-se pelo empenho que tiveram em empreender missões por todo o globo na era das grandes navegações. Milhares de jesuítas vieram para a América Hispânica e América Portuguesa para converter e catequizar os nativos, bem como auxiliá-los no processo de aculturação. Foi operando práticas como essa que os jesuítas conseguiram aprender as línguas nativas, como o tupi-guarani, e sistematizá-las em gramáticas gerais, como bem destaca o historiador Christopher Dawson, em seu livro A Divisão da Cristandade:

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Não menos importante foi a atividade missionária dos jesuítas, um dos feitos extraordinários do período. Do período de São Francisco em diante, os jesuítas foram os principais pioneiros e organizadores da expansão missionária cristã na Ásia e nas Américas, na Índia e no Japão, na China e no Sião, no México, no Brasil e no Paraguai. Não levando em conta os aspectos puramente religiosos, essa atividade teve repercussões intelectuais importantes na cultura europeia. Já no século XVI, os relatos dos missionários jesuítas eram mais que histórias de viajantes e exploradores, colaborando muito mais para transformar o conhecimento e a compreensão ocidental do mundo não europeu. Os autores dos inúmeros 'Relatos' jesuítas foram precursores dos etnólogos e orientalistas modernos, bem como dos modernos missionários.[1]

Além disso, a importância da Companhia de Jesus no âmbito contrarreformista residia na disciplina espiritual e comportamental exigida pelo livro Exercícios Espirituais, escrito por Santo Inácio. Apesar de ser um livro bastante enxuto, quase um livreto, ele teve um impacto muito grande no que se refere à modelagem da prática de orações, meditação e ascese que deveria ser seguida pelo missionário.

NOTAS

[1] DAWSON, Christopher. A Divisão da Cristandade – Da Reforma Protestante à Era do Iluminismo. Trad. Márcia Xavier de Brito. São Paulo: É Realizações Ed., 2014. p. 188.


Por Me. Cláudio Fernandes

Escritor do artigo
Escrito por: Cláudio Fernandes Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

FERNANDES, Cláudio. "Papel da Companhia de Jesus na Contrarreforma"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/papel-companhia-jesus-na-contrarreforma.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

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