Notificações
Você não tem notificações no momento.
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Calvinismo

O calvinismo foi uma doutrina religiosa que surgiu após a Reforma Protestante, em meados do século XVI. Acreditava na predestinação e na valorização dos bons costumes.

João Calvino, idealizador do calvinismo.
João Calvino elaborou uma doutrina religiosa que afirmava que Deus já havia estabelecido quem seria salvo e quem seria condenado.
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

O calvinismo foi uma doutrina religiosa que surgiu na Suíça, logo após a Reforma Protestante. Seu fundador, João Calvino, acreditava:

  • na predestinação;

  • na valorização dos bons costumes; e

  • na defesa da acumulação de capitais.

O posicionamento favorável ao trabalho e à riqueza fez com que muitos burgueses europeus aderissem ao calvinismo. Em cinco pontos, Calvino traçou as diretrizes da nova doutrina, como a tese de que Deus escolhe aqueles que serão salvos e os que serão condenados. As novas ideias de Calvino incentivaram a formação de novas igrejas pelo mundo, como a Presbiteriana e as Reformadas.

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o calvinismo

  • O calvinismo é uma doutrina religiosa criada por João Calvino, em 1536, e que defende a predestinação, ou seja, que a salvação já foi determinada por Deus.

  • Além da predestinação, os calvinistas acreditam que o trabalho deve ser valorizado como um dom de Deus, os bons costumes devem ser seguidos rigorosamente, e o indivíduo pode ter uma relação própria com Deus, sem intermediários.

  • O que diferencia o calvinismo e o luteranismo é a salvação. Enquanto os calvinistas consideram a salvação como algo já determinado por Deus, os luteranos acreditam que a fé e as boas obras abrem o caminho para a salvação do fiel.

Leia também: Concílio de Trento medidas tomadas pela Igreja Católica para refirmar sua doutrina

História do calvinismo

  • Reforma Protestante

A Reforma Protestante surgiu em 1517, quando Martinho Lutero questionou práticas do clero católico que não condiziam com os ensinamentos bíblicos, como a cobrança pela indulgência. Esse gesto contestador de Lutero desencadeou, em várias partes da Europa, outros movimentos religiosos, que não apenas criticaram a doutrina católica, mas também abriram espaço para o surgimento de novas denominações cristãs pelo mundo. A tradução da Bíblia para o alemão, feita por Lutero, permitiu também que outras pessoas tivessem acesso à Sagrada Escritura e pudessem interpretá-la. Isso fez com que outros líderes elaborassem suas próprias doutrinas religiosas e originou formas diferentes de ler o texto bíblico, sem a interferência do Vaticano. Dessa forma, surgiram várias igrejas cristãs, que, em um curto espaço de tempo, ganharam milhares de fiéis e se espalharam pelo continente europeu. A Igreja Católica perdeu, com isso, a sua hegemonia sobre o mundo cristão ocidental.

Nesse período, vários Estados Nacionais estavam em formação, e os monarcas absolutistas começavam a reinar sobre essas novas nações. A Reforma Protestante foi um grande catalisador para que esses reis rompessem laços com o catolicismo e aderissem a novas doutrinas religiosas cujas ideias se adaptassem melhor aos seus poderes. Para saber mais sobre esse marco na história do cristianismo, leia o texto: Reforma Protestante.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
  • Contexto histórico na Suíça

A Suíça, no final do século XV, desmembrou-se do Sacro Império Germânico e se tornou um reino no qual o comércio se fortalecia. Os burgueses suíços estavam descontentes com as proibições que a Igreja Católica fazia quanto à usura, ou seja, a cobrança de juros. Com a disseminação das novas doutrinas religiosas, o trabalho e o acúmulo de riquezas deixaram de ser pecado, e os burgueses aderiram a elas rapidamente.

Além da liberdade comercial, a Suíça se tornou tolerante às novas doutrinas religiosas. Depois de uma guerra civil entre católicos e protestantes, em 1531, foi assinado a “Paz de Kappel”, na qual a tolerância religiosa se estabeleceu na Suíça e o protestantismo poderia atuar livremente. Foi nesse contexto de liberdade religiosa que o calvinismo surgiu e se estabeleceu.

  • João Calvino e a criação do calvinismo

A palavra calvinismo vem de João Calvino, um francês nascido em 1509 e que, desde cedo, interessou-se por religião. Aos 18 anos, já era declarado mestre em Teologia. Entre 1533 e 1534, converteu-se ao protestantismo, mas como na França, que era predominantemente católica, não havia liberdade religiosa, ele se mudou para a Suíça. Esse país foi favorável para que Calvino dialogasse com outros religiosos protestantes.

Calvino apresentou a predestinação, ou seja, a crença de que Deus, antes da criação, já havia escolhido quem seria salvo e quem seria condenado. Para saber qual era a decisão divina, o fiel deveria buscar indícios e viver uma vida correta, baseada em bons costumes. Para João Calvino, a morte de Cristo na cruz não foi para salvar toda a humanidade, mas os eleitos de Deus desde o princípio.

Calvino divulgou suas ideias em livros. O mais importante é o “As Institutas da Religião Reformada”, publicado em 1536, que teve influência na formação da fé reformada e na expansão do calvinismo pela Europa. A fundação da Academia de Genebra teve papel fundamental na formação de novos reformadores protestantes e no acolhimento daqueles que fugiram de outros países por conta da perseguição religiosa. Calvino buscou conciliar as várias vertentes do protestantismo, no intuito de unir as igrejas protestantes e suas doutrinas.

Durante a Revolução Inglesa, o calvinismo teve papel importante, pois os burgueses que lutaram contra os reis absolutistas não admitiram a proibição das práticas religiosas imposta pela Coroa. Atualmente, o calvinismo se encontra presente em vários países ao redor do mundo. No Brasil, a doutrina chegou no período colonial, mas só se expandiu no final do século XIX, com a Proclamação da República e a garantia da liberdade religiosa.

 Tempo na Suíça, país onde o calvinismo teve papel importante.
A Suíça foi o reino que, durante o século XV, adotou a tolerância religiosa, permitindo o debate entre as várias doutrinas religiosas.

Características e ideias do calvinismo

O calvinismo é uma doutrina religiosa, também chamada de fé reformada. O ponto central do pensamento religioso de João Calvino é a predestinação. O calvinista acredita que, desde a criação do mundo, Deus estabeleceu quais indivíduos seriam salvos e quais seriam condenados. Para saber o destino preestabelecido para a sua alma, o fiel deveria procurar indícios e manter uma vida correta e obediente a Deus. Como os calvinistas defendiam uma “vida pura”, eles foram chamados de puritanos.

A doutrina calvinista afirma que o indivíduo pode estabelecer sua própria relação com Deus, desde que a sua vivência seja baseada na pureza e na prática de bons costumes. Calvino se opôs ao fato de a Igreja Católica ser a única forma de o fiel se relacionar com Deus. Cada fiel recebia um talento, um dom de Deus, e deveria colocar sua aptidão em desenvolvimento. Dessa forma, o calvinismo valoriza o trabalho e os seus frutos, como o acúmulo de capital.

A burguesia abraçou a fé reformada por conta dessa valorização do trabalho, ao contrário do que se via na Igreja Católica, que era contra a usura. Max Weber, em seu livro “A Ética Protestante e o espírito do capitalismo”, analisa a influência da fé reformada na formação e expansão do capitalismo na Europa.

Veja também: Contrarreforma – reação da Igreja Católica ao avanço do protestantismo

Os cinco pontos do calvinismo

Tulipas brancas, símbolos do calvinismo.
A Tulipa se tornou o símbolo dos cinco pontos que norteiam a doutrina calvinista.

A tulipa se tornou o símbolo dos cinco pontos da doutrina calvinista. Cada inicial desses pontos corresponde às letras do nome dessa flor em inglês: “tulip”.

- Total Depravity (Depravação Total): por conta do pecado original, aquele cometido por Adão e Eva relatado no livro bíblico do Gêneses, o homem nasce mau por influência desse pecado. Para que ele pratique o bem, é necessária a ação de Deus.

- Unconditional Election (Eleição Incondicional): a salvação do homem não depende dele próprio e nem de suas boas ações. Quem pode salvar é Deus e ele escolhe quem será salvo e quem será condenado. Para os calvinistas, essa opção divina pode parecer injusta, mas, como todos estavam no pecado e Deus escolheu alguns, segundo a doutrina, isso seria justo.

- Limited Atonement (Expiação Limitada): a morte de Jesus Cristo na cruz não significou a salvação de toda a humanidade, mas sim dos eleitos de Deus.

- Irresistible Grace (Graça Irresistível): o indivíduo que foi escolhido por Deus não pode negar o seu chamado.

- Perseveranse of Saint (Perseverança dos Santos): ao atender o chamado de Deus, o homem assume a sua fé para sempre e, apesar das dificuldades, permanecerá firme em sua crença.

Diferenças entre calvinismo e luteranismo

Apesar de o calvinismo e do luteranismo terem surgido a partir da Reforma Protestante, existem algumas diferenças doutrinais entre as duas. A principal diferença está na salvação. Enquanto os luteranos acreditam que a fé e as boas obras do fiel os conduzem à salvação, os calvinistas consideram a salvação como algo já consumado e definido por Deus antes da criação do mundo.

Os calvinistas não admitem nenhuma intermediação entre o fiel e Deus, enquanto os luteranos têm entre seus integrantes clérigos e ministros com alguns poderes religiosos dentro dos seus ritos. Outra diferença está na temporalidade: o luteranismo surgiu na primeira fase da Reforma Protestante, e o calvinismo foi instituído na fase seguinte.

Exercícios resolvidos sobre calvinismo

Questão 1 – Logo após a Reforma Protestante, várias doutrinas religiosas surgiram para criticar os ensinamentos da Igreja Católica, reinterpretando a Bíblia ou elaborando novos ensinamentos sobre a fé cristã. O calvinismo foi uma dessas doutrinas que surgiram no século XV. Sobre isso, é correto afirmar que:

A) os calvinistas acreditam que Maria, a mãe de Jesus, é a única que poder intermediar o fiel com relação a Deus, e não mais a Igreja Católica.

B) ao elaborar a nova doutrina religiosa, João Calvino afirmou que o trabalho deveria ser desprezado e que a usura era um pecado mortal.

C) a burguesia aderiu ao calvinismo por conta da valorização do trabalho e da não condenação da usura.

D) os luteranos, após o surgimento do calvinismo, abandonaram toda a doutrina elaborada por Martinho Lutero e aderiram às ideias de João Calvino.

Resolução

Alternativa C. João Calvino criticou a condenação da usura feita pela Igreja Católica. De acordo com a sua doutrina, cada indivíduo recebeu de Deus um dom, o qual deveria ser desenvolvido, por isso o trabalho era valorizado pelos calvinistas.

Questão 2 – Sobre a salvação das pessoas, o calvinismo afirma que Deus já escolheu quem será salvo e quem será condenado, ou seja, o futuro de cada pessoa já foi traçado e não pode ser modificado. Essa teoria, que é o ponto central da doutrina calvinista, é chamada de:

A) Teoria da Prosperidade.

B) Teoria da Predestinação.

C) Teoria da Anunciação.

D) Teoria da Revelação.

Resolução

Alternativa B. De acordo com o calvinismo, a Teoria da Predestinação afirma que a salvação e a condenação já foram estabelecidas por Deus antes da criação. A morte de Jesus Cristo não foi a salvação para todos, mas apenas para os eleitos.

Escritor do artigo
Escrito por: Carlos César Higa Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

HIGA, Carlos César. "Calvinismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/ataques-igreja-calvinismo.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas