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Antissemitismo

Antissemitismo é o termo que se dá ao preconceito contra populações de origem semita, como os árabes e os judeus.

O antissemitismo pode ser definido como o ódio às populações de origem semita, com destaque para os judeus.
O antissemitismo pode ser definido como o ódio às populações de origem semita, com destaque para os judeus.
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O antissemitismo é como se define o preconceito contra pessoas de origem semita, em geral, árabes e judeus. O termo é historicamente associado aos judeus, pois a perseguição a esse grupo no continente europeu se estendeu por vários séculos, chegando a episódios violentos e à sua expulsão de determinados países.

O antissemitismo nazista ganhou espaço na sociedade alemã a partir da década de 1920, momento em que esse partido estava em crescimento na Alemanha. Depois que os nazistas assumiram o poder alemão, em 1933, começaram a perseguir os judeus. O ódio nazista aos judeus resultou na morte de cerca de seis milhões de pessoas no Holocausto.

Leia também: Xenofobia — o preconceito que se manifesta contra estrangeiros

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o antissemitismo

  • O antissemitismo pode ser definido como o preconceito contra as populações de origem semita (árabes e judeus principalmente).

  • Remonta à perseguição que os judeus sofreram dos romanos na Palestina, no século I d.C.

  • Na Idade Média, ele era muito comum, e os judeus chegaram a ser expulsos de locais, como Portugal.

  • Sua versão moderna se consolidou à medida que os judeus foram enriquecendo e perdendo influência política.

  • Sua versão nazista foi responsável pelo Holocausto, genocídio que matou cerca de seis milhões de judeus.

Videoaula sobre o antissemitismo

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O que é antissemitismo?

Antissemitismo é o conceito para o ódio que determinadas pessoas sentem de judeus, um povo de origem semita. Atualmente, entendemos que árabes, judeus e outros povos (como os assírios) têm origens semitas, portanto, o antissemitismo pode se referir ao preconceito contra todos eles.

O antissemitismo se tornou associado mais diretamente aos judeus devido à alta repercussão da perseguição aos judeus na Europa ao longo dos séculos XIX e XX. Assim, toda forma de preconceito contra povos semitas — cultural, étnica ou religiosa — é enquadrada nessa definição.

Origens do antissemitismo

É muito difícil traçar as origens do antissemitismo, sobretudo o moderno, porque muitas causas podem ser levantadas para explicar essa perseguição aos judeus, e muitas delas são específicas ao seu próprio contexto. De toda forma, um ponto de partida é o que conhecemos como diáspora judaica.

Basicamente, essa diáspora foi a fuga dos judeus que abandonaram a Palestina por conta da perseguição que sofriam dos romanos na região. Os judeus habitavam a província romana da Judeia, e a sua luta pelo fim da dominação romana levou a uma forte repressão dos romanos, no século I d.C.

Muitos dos judeus que fugiram região se estabeleceram no continente europeu, e, ao longo da Idade Média, essa grande presença fez com que eles fossem gradativamente perseguidos. Isso porque o sentimento de pertencimento dos judeus não estava ligado à terra (uma vez que eles tiveram que sair da sua), mas sim à sua cultura e religião.

Assim, mesmo integrados no continente europeu, os judeus faziam questão de diferenciar-se preservando suas tradições e sua religião. A diferença de religião é considerada pelos historiadores um dos motivos da perseguição contra os judeus durante a Idade Média. Nessa época, eles, em grande parte, mantiveram o judaísmo enquanto que a Europa era católica.

O fato de que os judeus eram vistos como algozes de Jesus também reforçou essa perseguição. Isso explica por que alguns locais da Europa decidiram expulsar todos os judeus de seus territórios, como foi os casos do Reino Unido (em 1290), Espanha (em 1492) e Portugal (em 1497).|1|

A perseguição a essa população na Europa se estendeu da Idade Média à Idade Moderna. Durante a pandemia de peste bubônica, a peste negra, os judeus foram acusados de causarem da doença e foram perseguidos por isso. Diversas aldeias habitadas por eles foram atacadas no período.

O desenvolvimento do Estado moderno foi acompanhado pelo enriquecimento dos judeus  vinculados à burguesia. Esse enriquecimento foi acompanhado também por um diminuto processo de integração dos judeus às sociedades europeias. Assim, eles conseguiram formar negócios prósperos e ainda galgaram posições no interior das burocracias dos Estados europeus.
A ascensão dos judeus na hierarquia social fez com que muitos se convertessem ao cristianismo, e mesmo os que não se converteram conquistaram importantes liberdades individuais. Além disso, eles se tornaram credores dos Estados nacionais. No entanto, o antissemitismo ainda existia e ganhou muita força a partir do século XIX.

Leia também: Cristãos-novos — os judeus convertidos forçadamente à fé católica em território português

Antissemitismo moderno

A filósofa Hannah Arendt afirmou que é muito difícil explicar o antissemitismo com base em uma única razão. No entanto, ela também apontou que a perseguição aos judeus tornou-se mais intensa quando esse grupo foi perdendo espaços na burocracia e nas posições de maior influência dos Estados europeus durante o século XIX.|2|

Ela defendeu a ideia de que a riqueza dos judeus, sem o poder e o prestígio trazidos pelos cargos públicos, permitiu que a perseguição a essa população se intensificasse em diversos países da Europa. O entendimento dela era de que, para aquelas sociedades, a riqueza sem o poder era vista como uma ação de parasitas.

Hannah Arendt também afirmou que a riqueza sem poder dos judeus fez com que eles se tornassem um alvo muito fácil para os problemas da época. Apesar da assimilação de parte da comunidade judaica, ainda no século XIX, uma parcela expressiva dela ainda vivia à margem das sociedades europeias, evitando se integrar, mas gozando de proteção dos Estados, uma vez que prestavam importantes serviços para os governos europeus.

Acontece que, a partir do processo imperialista, a importância dos judeus para os Estados nacionais foi minada pela crescente influência dos homens de negócios. Os judeus então foram gradativamente marginalizados, sua riqueza passou a ser desprezada, uma vez que eles não gozavam mais de poder e influência política. Isso abriu espaço para a perseguição.

A Prússia (reino que depois se tornou a Alemanha) foi o onde o antissemitismo moderno se consolidou primeiramente. No começo do século XIX, esse local passou por profundas reformas para abolir os privilégios que a aristocracia possuía, e promoveu a ideia de tornar todos os cidadãos iguais perante a lei.

Um dos grupos beneficiados nesse processo foram os judeus, pois conquistaram uma série de direitos e liberdades que até então não tinham. A ascensão dos judeus e a derrocada da aristocracia prussiana fizeram com que se estabelecesse um forte antissemitismo naquela sociedade, e, ao longo do século XIX, esse ódio só ganhou força.

Antissemitismo nazista

Um soldado alemão ao lado de um cartaz que dizia: “Alemães, defendam-se, não comprem de judeus”.
Na Alemanha Nazista, os judeus sofriam intensa perseguição do Estado. Na imagem, o cartaz incentiva as pessoas a boicotarem lojas de judeus.[1]

O historiador Richard J. Evans também apresentou o panorama do antissemitismo na Alemanha na virada do século XIX para o século XX. Os judeus eram um grupo minoritário na sociedade alemã, mas, em geral, tinham boa condição financeira e um alto nível cultural. Essa posição fez deles alvo de discursos antissemitas.|3|

Outro ponto importante é que o antissemitismo deixou de ser um componente apenas religioso e social e tornou-se racial. Depois da Primeira Guerra Mundial, o antissemitismo generalizou-se na Alemanha e foi incrementado por uma série de teorias conspiratórias que responsabilizavam os judeus pela derrota alemã na guerra e que afirmavam haver uma conspiração internacional de judeus pela dominação do planeta.

Um dos grandes propagadores do antissemitismo na Alemanha foi definitivamente o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, o Partido Nazista. A plataforma nazista era abertamente antissemita, e, na década de 1920, os nazistas e o próprio Adolf Hitler, líder do partido, falavam abertamente sobre a eliminação da população judia.

  • Leis de Nuremberg

Quando os nazistas assumiram o poder da Alemanha, em 1933, a perseguição contra os judeus deixou o campo do discurso e começou a se tornar prática comum na Alemanha. Uma das manifestações da política antissemita dos nazistas foram as Leis de Nuremberg, que retiravam a cidadania alemã de todos os judeus (étnicos ou religiosos). Essas leis foram sancionadas na Alemanha em setembro de 1935. Para saber mais sobre elas, leia: Leis de Nuremberg.

  • Noite dos Cristais

Como mencionado, a violência não se restringiu ao campo da política, também se tornou física. Ao longo da década de 1930, uma série de ataques contra judeus ocorreram na Alemanha, negócios de judeus foram boicotados, e essa população foi cada vez mais marginalizada. A violência alcançou grande dimensão em novembro de 1938, quando ocorreu a Noite dos Cristais.

A Noite dos Cristais foi um pogrom — ataque coordenado contra os judeus. Foi organizada pelo próprio Partido Nazista, que autorizou que pessoas em toda a Alemanha atacassem residências e lojas de judeus, além de destruírem sinagogas. Para saber mais, leia: Noite dos Cristais.

Confira no nosso podcast: Afinal, o que é genocídio?

Holocausto

O antissemitismo nazista foi o responsável por um dos maiores genocídios da história da humanidade. As ações antissemitas promovidas pelos nazistas se tornaram ações de extermínio deliberado dos judeus da Europa ao longo da Segunda Guerra Mundial. Essa situação foi resultado da Solução Final, plano nazista para o extermínio total dos judeus do continente europeu.

IMAGEM FORTE Corpos de vítimas do Holocausto
No Holocausto, cerca de seis milhões de judeus foram mortos, vítimas do antissemitismo nazista.[2]

Os nazistas aprisionaram judeus em campos de concentração, colocando-os em condições deploráveis e escravizando-os. Aos poucos, eliminaram-nos por meio de fuzilamentos, promovidos pelos grupos de extermínio, e por meio dos campos de extermínio, cujo propósito único era matar essas pessoas. Estima-se que o antissemitismo nazista matou seis milhões de judeus, além de outros grupos minoritários também executados ao longo do Holocausto.

Notas

|1| ŠIMIK, Radek. Os judeus na sociedade portuguesa dos séculos XIV e XV. Para acessar, clique aqui.

|2| ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 27.

|3| EVANS, Richard J. A chegada do Terceiro Reich. São Paulo: Planeta, 2016. p. 62.

Créditos das imagens

[1] Everett Collection e Shutterstock

 

Por Daniel Neves
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Antissemitismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/anti-semitismo.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(Fatec - SP) “Até setembro de 1944, não existiam crianças em Auschwits: eram todas mortas a gás na chegada. Depois dessa data, começaram a chegar famílias inteiras de poloneses: todos eles foram tatuados, inclusive os recém-nascidos.”

LEVI, Primo. Os afogados e os sobreviventes. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. p. 71-72.

O texto acima se refere:

  1. ao chamado holocausto do povo palestino.
  2. ao chamado holocausto do povo judeu.
  3. à Primeira Guerra Mundial e à política de Anchluss.
  4. à Segunda Guerra Mundial e à política de Anchluss.
  5. ao terror retratado pelo palestino Levi ao ver seu povo sendo dominado pelos ingleses.

Exercício 2

(UFU) O depoimento a seguir, escrito por uma pesquisadora polonesa em 1985, relembra momentos de sua adolescência entre judeus em Varsóvia. Trecho 1: anos finais da década de 1930; trecho 2: meados da década de 1940.

Trecho 1

"Àquela época, era difícil para qualquer um ingressar na escola de medicina da Universidade de Varsóvia - para uma moça ou um rapaz judeu, era quase impossível. Embora as universidades polonesas não tivessem chegado a adotar a exclusão total, havia não obstante uma clara restrição extraoficial ao número de judeus admitidos como alunos, em especial nos cursos que preparavam profissionais liberais, como o de medicina."

Trecho 2

"Os guardas obrigam mais e mais pessoas a entrarem, até que fica difícil respirar. Crianças gritam, homens praguejam e blasfemam, uma pessoa fica histérica.

- Vamos botar essas três judias pra fora! - exclama de repente uma mulher. - Estaremos bem melhor sem elas.

Uma forte reprimenda faz com que ela se cale.

- Mais uma palavra - um homem mutilado diz asperamente - e quem vai ser jogada pra fora é você."

BAUMAN, Janina. "Inverno na Manhã. Uma jovem no Gueto de Varsóvia". Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005, p. 17 e 198.

Considerando a narrativa apresentada e o contexto a que se refere, assinale a alternativa correta.

a) A perseguição nazista aos judeus não causou inicialmente muita estranheza, pois diferentes práticas antissemitas eram comuns no dia a dia em várias partes da Europa.

b) O catolicismo e o anglicanismo eram muito difundidos na Polônia já naquela época. Fato este que justificava o forte preconceito contra outras religiões, até mesmo antes do surgimento do nazismo.

c) O convívio entre praticantes de diferentes religiões é indesejável sobretudo em regiões com culturas tradicionais ou em espaços muito habitados, devido ao risco de violências.

d) Hostilidades, restrições e perseguições são sempre lembradas por escritores que viveram o holocausto, mas não se repetem atualmente devido à grande tolerância religiosa.

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