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Fuga de cérebros

Vagas escassas e desvalorização ocasionam a fuga de cérebros, fenômeno em que profissionais qualificados deixam seus países de origem em busca de melhores oportunidades.

Ilustração representando a emigração de pessoas altamente treinadas e inteligentes para fora de um país.
Fuga de cérebros é um movimento migratório de profissionais qualificados que saem dos seus países de origem em busca de melhores condições de trabalho
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Fuga de cérebros é um tipo bastante específico de emigração que acontece quando trabalhadores com elevado nível de qualificação profissional deixam seus países em busca de melhores oportunidades de emprego. Esses profissionais são pesquisadores, professores de Ensino Superior, médicos, engenheiros e outros especialistas que têm um conhecimento amplo em suas respectivas áreas de atuação.

A falta de oportunidades e a desvalorização profissional no seu país de origem fazem com que eles busquem uma chance de atuar no exterior, onde geralmente encontram melhores condições. No médio e longo prazo, a evasão de um grande número desses profissionais implica consequências para a economia e o desenvolvimento do país.

Confira nosso podcast: Fuga de cérebros e seus efeitos

Tópicos deste artigo

Resumo sobre fuga de cérebros

  • Fuga de cérebros é um tipo de migração caracterizada pela saída de profissionais altamente qualificados dos seus países de origem em busca de melhores oportunidades de trabalho no exterior.

  • Tem como causas a desvalorização profissional, a dificuldade de encontrar um trabalho nas suas respectivas áreas de conhecimento, menores investimentos em setores como ciência e tecnologia, crises políticas e econômicas e até mesmo guerras.

  • O fluxo acontece de países menos desenvolvidos para nações desenvolvidas.

  • Entre os principais países receptores de talentos estão Suíça, Suécia, Estados Unidos, Irlanda, França, Dinamarca e outros.

  • Esse fenômeno se intensificou no Brasil na última década, especialmente com profissionais de inovação e tecnologia.

  • O direcionamento de maiores investimentos à ciência e pesquisa e medidas de crescimento econômico que proporcionem a criação de novas vagas de emprego podem conter a saída de profissionais.

  • As consequências dessa emigração são a escassez de profissionais qualificados no país e, no médio e longo prazo, prejuízos à economia e ao desenvolvimento interno.

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Causas da fuga de cérebros

Fuga de cérebros é um tipo específico de emigração caracterizado pela saída de profissionais altamente qualificados dos seus países de origem. Diversas causas podem estar associadas a esse fenômeno, sendo uma delas a questão da baixa empregabilidade, isto é, a dificuldade que essas pessoas têm de encontrar uma oportunidade de trabalho nas suas respectivas áreas, tanto no setor público quanto no privado. Esse problema está associado ainda aos baixos salários ofertados, muitas vezes incompatíveis com o cargo se comparado à mesma vaga em outros países.

 Jovem cientista negra utilizando microscópico em um ambiente com outros jovens pesquisadores.
A fuga de cérebros é causada pelo desestímulo à ciência, desvalorização profissional e falta de vagas de emprego.

A debandada de profissionais de alto nível acontece também quando há baixos investimentos destinados à ciência e à tecnologia, o que resulta, entre outros, na redução de verbas disponíveis aos cursos de pós-graduação e em um menor número de bolsas de pesquisa destinadas aos programas de pesquisa nas universidades e institutos de Ensino Superior. Com isso, alunos e professores, muitas vezes, buscam alternativas para darem continuidade aos seus trabalhos, encontrando essa oportunidade no exterior.

No caso brasileiro, a alta exigência burocrática para o desempenho das atividades rotineiras e a aprovação de projetos|1|, em áreas como a de professor pesquisador, também motivam a saída. A conjuntura política e econômica de um país também pode determinar a saída de profissionais qualificados, especialmente quando se trata de momentos de crise e ruptura. Outros acontecimentos como os conflitos e as guerras motivam a emigração de um grande contingente populacional, o que implica uma grande perda de capital humano.

Saiba mais: Imigração — o processo de entrada de um indivíduo em um território que não seja o de sua origem

Fuga de cérebros no Brasil

A fuga de cérebros é um fenômeno que acontece há muitos anos no Brasil, mas que tem se intensificado na última década. Isso fez com que o país caísse oito posições no ranking de competitividade global de talentos, desenvolvido pelo Instituto Europeu de Administração de Empresas (Insead), passando da 72ª para a 80ª colocação entre 132 países que compuseram a pesquisa.|2|

Muitos pesquisadores que deixam o Brasil assim o fazem pelos motivos abaixo:

  • desvalorização profissional e falta de oportunidades de trabalho;

  • redução dos investimentos em ciência e tecnologia, o que afeta a estrutura de programas de pós-graduação;

  • questões burocráticas, conforme mencionamos;

  • problemas estruturais, como os elevados índices de violência.

No último caso, a fuga não acontece necessariamente para o exterior, mas principalmente de um estado a outro do Brasil, como é o caso do Rio de Janeiro.|3| Tendo esses aspectos em vista, no Brasil, o principal setor que perdeu profissionais nos últimos anos é o de inovação e tecnologia.

Muitos desses profissionais se deslocam para países como os Estados Unidos, onde se concentram grandes empresas do setor e que absorvem profissionais do mundo todo. Destinos como Reino Unido, França, Suíça e Alemanha são também bastante procurados pelos brasileiros, o que se deve a fatores como melhor qualidade de vida, segurança e melhores salários.

Fuga de cérebros no mundo

 Vista aérea do centro de Zurique, na Suíça.
Zurique, na Suíça, é a cidade que mais recebe jovens talentos no mundo.

O fluxo de profissionais qualificados no mundo acontece de países menos desenvolvidos em direção aos países mais desenvolvidos. Esse padrão se intensificou a partir da segunda metade do século XX, período em que grandes ondas migratórias partiram da Índia, nos anos 1960, e de países africanos, durante as décadas de 1970 e 1980, rumo a nações mais desenvolvidas, como é o caso das nações europeias e os Estados Unidos.

Os países da América Latina também são grandes exportadores de mão de obra altamente qualificada, e os motivos pelos quais isso acontece nas três regiões (Ásia, América Latina e África) são quase sempre os mesmos, embora variem de intensidade e grau de importância a depender da realidade local. Desse modo, a migração é motivada por questões socieconômicas e políticas principalmente, como escassez de vagas de emprego, condições precárias de trabalho, baixos salários, bem como crises econômicas e conflitos militares, conforme indica uma pesquisa da UNCTAD que analisou a fuga de cérebros para países desenvolvidos no início dos anos 2000.

Levando em consideração os países receptores, muitos deles criaram uma ampla demanda por profissionais qualificados em áreas que compreendem desde indústrias de ponta até o setor da saúde, atraindo mão de obra estrangeira para ocuparem esses postos de trabalho. Esse movimento se iniciou a partir da década de 1990 e pode ser observado até o presente.

Um levantamento realizado pelo Insead, em 2018, apontou as 10 cidades que mais atraem jovens profissionais com alto nível de qualificação no mundo.|4| São elas:

Leia também: Globalização — o processo de intensificação da integração econômica e política internacional

Como evitar a fuga de cérebros

Existe um grande debate em torno de quais as melhores estratégias a serem adotadas a fim de evitar que profissionais qualificados deixem seu local de origem e possam, dessa forma, contribuir diretamente para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país mediante a aplicação dos seus conhecimentos e expertise.

As principais medidas a serem tomadas nesse caso são o maior incentivo às carreiras no meio científico e a ampliação dos investimentos destinados à ciência e educação, à inovação e à tecnologia, tornando as condições estruturais e a remuneração muito mais atraentes tanto para novos talentos quanto para profissionais experientes. Além disso, é importante o desenvolvimento de políticas econômicas que estimulem a valorização profissional e a criação de vagas destinadas a esses profissionais altamente qualificados.

Consequências da fuga de cérebros

A perda de capital humano por meio da fuga de cérebros traz implicações muitas vezes negativas para os países de origem, ao mesmo tempo que podem beneficiar os países de destino. No primeiro caso, como pudemos observar no exemplo brasileiro, há uma grande perda de competitividade no cenário internacional, assim como se amplia em grandes proporções a escassez de profissionais qualificados, como médicos, professores de Ensino Superior e cientistas.

Ocorrem também impactos no desenvolvimento tecnológico e econômico desses países, no médio e longo prazo, pela falta de mão de obra especializada. Estabelece-se também certo fluxo de capitais ingressantes nesse país de origem, vindos diretamente daqueles profissionais que migraram e destinam esse dinheiro como forma de auxiliar seus familiares que ficaram.

Em contrapartida, países receptores são beneficiados pelo maior aporte de capital humano que ingressa no seu mercado de trabalho e que contribui diretamente em setores-chave da economia, da educação e da saúde.

Notas

|1| REDAÇÃO; RÁDIO SENADO. Burocracia e falta de investimentos causam fuga de capital humano, indicam participantes de audiência. Agência Senado, 25 out. 2017. Disponível aqui.

|2| OSWALD, Vivian. Fuga de cérebros faz Brasil cair a 80° lugar em ranking global que mede competitividade de talentos. Jornal O Globo, 22 jan. 2020. Disponível aqui.

|3| ALMEIDA, Cássia; BARBOSA, David. Desemprego e violência tiram trabalhadores mais qualificados do Rio. Jornal O Globo, 23 jun. 2019. Disponível aqui.

|4| BBC. As dez cidades do mundo que mais atraem talentos. BBC News Brasil, 25 fev. 2018. Disponível aqui.

 

Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia

Escritor do artigo
Escrito por: Paloma Guitarrara Licenciada e bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e mestre em Geografia na área de Análise Ambiental e Dinâmica Territorial também pela UNICAMP. Atuo como professora de Geografia e Atualidades e redatora de textos didáticos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

GUITARRARA, Paloma. "Fuga de cérebros"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/migracao-cerebros.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

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