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Caminhando entre as tradições e a democracia: comentários acerca das revoltas no Mundo Árabe

Os movimentos sociais que estão ocorrendo no Mundo Árabe estão modificando o cenário político de uma região marcada pelo imperialismo europeu e os regimes totalitários que se sucederam em diferentes países. Entre os aspectos que se destacam nesses movimentos aparecem as novas mídias e os ideais democráticos.

Bandeira da Síria
Atualmente, a Síria vive em estado de guerra civil
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No final do ano de 2010, alguns acontecimentos começaram a modificar o Mundo Árabe. Uma série de revoltas e insurgências populares tomou força em diferentes países, o que alguns analistas classificaram como a “Primavera Árabe”, uma referência à Primavera dos Povos, um período durante a segunda metade do século XIX quando ocorreram mudanças políticas em diversos países da Europa. Durante o século XX, diferentes tipos de protestos foram chamados de “Primaveras”, como a Primavera de Praga de 1968 na antiga Tchecoslováquia e a Primavera de Pequim, na China, em 1989.

Em comum, os movimentos que estão ocorrendo no Mundo Árabe possuem a vontade de suas populações em construir governos democráticos, que garantam uma redistribuição de renda equilibrada e o direito às liberdades individuais. Outro ponto polêmico é fornecer maior equilíbrio de gênero, pois as mulheres estão em condições de fragilização e marginalização social na maioria dessas nações.

No plano político, esses países são dirigidos por monarcas e ditaduras que beneficiam oligarquias e interesses corporativos e que em sua maioria recebe ou recebeu apoio do ocidente. Apesar do discurso ocidental pró-democratização, as nações mais ricas tendem a apoiar regimes ditatoriais desde que esses governos garantam favorecimentos comerciais e geopolíticos para o mundo desenvolvido. Tal prática é muito comum no Mundo Árabe, principalmente no Oriente Médio, por conta das grandes reservas de petróleo que ajudam a abastecer as maiores economias do planeta.

Outro traço marcante nessas insurgências é a participação da população jovem e favorável a governos laicos, ou seja, governos onde religião e Estado estão separados e a fé não representa um instrumento de moralização em torno de leis restritivas às condutas individuais. Por se tratarem de países predominantemente islâmicos, tal aspecto é notável, visto que muitas pessoas acabam confundindo o islamismo com fanatismo, o que não representa a totalidade dos adeptos dessa religião. A população jovem e islâmica deseja autonomia política, mas sem perder a sua religiosidade e os seus valores morais. É nesse viés que entram as novas mídias digitais e as redes sociais.

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É claro que esse tipo de revolta que nós estamos assistindo poderia ocorrer independentemente da internet, mas o fluxo de informações que a rede mundial proporciona é algo prodigioso, sem precedentes. As ditaduras encontram dificuldade em mapear os rebeldes, que utilizam os microblogs e os telefones celulares para trocar informações de forma ágil e muito precisa. As autoridades desses países não podem contrariar os vídeos postados na internet que demonstram como os manifestantes são tratados: a imposição de toques de recolher e a ação ostensiva de exército e forças policiais que provocam a morte de civis, até mesmo mulheres e crianças.

Países como Tunísia, Líbia, Iêmen e Egito conseguiram derrubar seus ditadores e deram início ao processo de democratização. A Síria ainda permanece em um estado de guerra civil devido à persistência do presidente Bashar al-Assad em tentar controlar as manifestações. Para todos esses países o momento ainda é de incertezas, pois a concretização de um projeto democrático leva tempo, podendo custar décadas, e exige muita resignação e planejamento.


Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP

Escritor do artigo
Escrito por: Júlio César Lázaro da Silva Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Júlio César Lázaro da. "Caminhando entre as tradições e a democracia: comentários acerca das revoltas no Mundo Árabe"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/caminhando-entre-as-tradicoes-democracia-comentarios-acerca.htm. Acesso em 20 de abril de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

Esses movimentos estão surgindo lentamente. As pessoas estão começando a ficar extremamente desencantadas com a realidade da situação. No mundo Árabe, as revoltas aconteceram porque a situação simplesmente explodiu.

Em alguns casos, os ditadores foram depostos, mas quem atuava por trás deles? Nós falamos de democracia na imprensa ocidental, mas aqueles ditadores eram fantoches que atuavam na lógica norte-americana de governar o mundo. Por isso que eu digo que essa realidade é uma contradição imensa [...]. Autoridades inglesas declararam que a saída do ditador do Iêmen seria muito perigosa porque poderia significar o controle do país pela Al Qaeda e, portanto, um risco à segurança na Inglaterra. Dá para imaginar isso? A Al Qaeda no Iêmen sendo um perigo para a segurança inglesa? É um absurdo e os políticos se atrevem a dizê-lo em público, mesmo que não acreditem sinceramente numa palavra.

MÉSZÁROS, I. As revoltas do mundo árabe. Carta Capital, 23/06/2011. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br>. Acesso em: 08/11/2013.

Sobre as afirmações colocadas no texto, considere as afirmações a seguir:

I. A crítica proclamada pelo autor refere-se ao fato de as revoltas do mundo árabe constituírem um acontecimento antigo, mas que só agora recebeu atenção das grandes potências mundiais.

II. As atenções sobre uma possível ascensão da Al-Qaeda no mundo devem-se ao fato de essa organização ser um grupo terrorista, considerada como responsável pelos atentados às Torres Gêmeas em setembro de 2001.

III. A “primavera árabe” ocorre, na verdade, em função da intervenção de Estados Unidos e Inglaterra no mundo árabe, que almejam estabelecer o controle da região.

IV. Ao ressaltar a questão do Iêmen, o autor questiona o fato de não haver apoio internacional aos manifestantes no país, ao contrário do que aconteceu na Líbia, durante a queda do ditador Muammar Kadhafi.

Sobre as considerações acima, é correto dizer que:

a) somente a afirmativa I é verdadeira.

b) somente a afirmativa II é verdadeira.

c) somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.

d) somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.

e) todas as afirmativas são verdadeiras.

Exercício 2

(UECE) O ano de 2011, além de completar dez anos do atentado terrorista aos Estados Unidos, tem visto vários conflitos no mundo árabe: a queda dos regimes tunisiano e egípcio e, em seguida, a derrubada de Muammar Kadhafi, na Líbia, e a insurreição na Síria. Sobre os atuais conflitos no mundo árabe, é correto afirmar que:

a) as revoltas da Tunísia e do Egito foram geradas pela indignação diante da riqueza e da corrupção da elite governante.

b) reivindicam a política de bem-estar social que garante educação, segurança e saúde gratuitas, bem como uma renda digna para todos.

c) foram gerados pela queda do preço do petróleo e pela indignação com a falta de oportunidades para os jovens.

d) os casos sírio e líbio decorrem da aceitação da desigualdade como preço a ser pago em troca do crescimento econômico.