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Fraudes Olímpicas na Antiguidade

A ambição de muitos atletas antigos acabava degradando o caráter esportivo e religioso das Olimpíadas Gregas
A ambição de muitos atletas antigos acabava degradando o caráter esportivo e religioso das Olimpíadas Gregas
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Ao contrário do que muitos chegam a imaginar, os jogos olímpicos da Antiguidade não envolviam apenas uma celebração aos deuses adorados pelos gregos. Treinamentos exaustivos, alimentação balanceada e a remuneração dos atletas já eram práticas comuns nos jogos disputados na Grécia. Ao longo do tempo, a competição conferia prestígio e poder às cidades-Estado vencedoras, que passaram a patrocinar os atletas que disputariam os jogos.

Curiosamente, até a compra do “passe” de determinados atletas era feita pelas cidades-Estado. No ano de 580 a.C., o legislador grego Sólon estipulou uma lei pela qual os vencedores olímpicos teriam direito a um prêmio de aproximadamente 500 dracmas. A quantia era suficiente para, por exemplo, adquirir um considerável rebanho de ovelhas. Além do prêmio, os campeões olímpicos desfrutavam de outras regalias, como a isenção no pagamento de impostos.

Ao longo do tempo, o espírito competitivo das demais cidades-Estado impeliu as mesmas a tomar medidas semelhantes às adotadas pelos atenienses. Além de incitar a disputa, o espírito competitivo acabou perdendo lugar para o interesse financeiro. Alguns atletas, interessados por um prêmio mais pomposo, chegavam a se vender para competir por outras cidades-Estado e os atletas começaram a ser treinados e peneirados graças à ação de perspicazes professores de Educação Física.

No ano de 388 a.C., o atleta cretense Sotades – que tinha vencido a última competição olímpica de corrida de daulichos – aceitou competir pela cidade de Éfeso. Os cretenses ficaram inconformados com a atitude de Sotades e, por isso, resolveram puni-lo com o exílio. O atleta Astilo de Crotona, uma das mais vitoriosas cidades-Estado da Grécia Antiga, disputou as Olimpíadas de 492 a.C. pela cidade de Siracusa.

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Esses seriam alguns dos casos onde o espírito esportivo perdia espaço para o interesse material. Na XCVIII Olimpíada, o pugilista Eupolos subornou três de seus adversários para que ele ganhasse a competição. O senado da cidade Olímpia resolveu punir os atletas corruptos com uma multa em dinheiro. Com os recursos arrecadados foram construídas estátuas em homenagem a Zeus, sendo que em uma delas foram registrados os seguintes dizeres: “Não é com dinheiro, e sim com pernas rápidas e um corpo robusto que se alcança a vitória de Olímpia”.

Todos estes casos de corrupção acabam com o ideal de que os povos gregos eram honrados e competiam, apenas, em busca da glória e do reconhecimento. Estes personagens históricos não viviam em um tempo em que o interesse e a corrupção estavam radicalmente subordinados a valores morais incorruptíveis. Assim, como nos dias de hoje, a vaidade e o interesse pessoal foram questões presentes nas Olimpíadas disputadas na Grécia Antiga.

Por Rainer Sousa
Mestre em História

Escritor do artigo
Escrito por: Rainer Gonçalves Sousa Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUSA, Rainer Gonçalves. "Fraudes Olímpicas na Antiguidade"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/fraudes-olimpicas-na-antiguidade.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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