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Cacuriá

Dona Tetê (Foto retirada: http://www.cultura.gov.br/brasilidade/cacuria-de-dona-tete-ma/)
Dona Tetê (Foto retirada: http://www.cultura.gov.br/brasilidade/cacuria-de-dona-tete-ma/)
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O Cacuriá, ou Cacuriá de Dona Tetê, é uma dança típica do estado do Maranhão. Embora já seja parte constituidora do folclore brasileiro, sua origem não remonta mais do que quarenta anos atrás. Essa dança é apresentada durante a Festa do Divino Espírito Santo da região.

A festa do divino é considerada uma das manifestações culturais mais importantes do Maranhão e, por esse motivo, merece um texto à parte com melhores explicações. No entanto, como o tema desse texto é o Cacuriá, apenas pincelarei alguns fatos para contextualizar essa dança na festa do divino. Trata-se de uma festa que ocorre no dia de Pentecostes, sete semanas após a Páscoa, com a intenção de celebrar o dia em que o Espírito Santo teria descido para encontrar os doze apóstolos.

Muito embora a Festa do Divino pareça uma comemoração cristã, no Maranhão ela é bastante sincrética (mistura popular de diferentes crenças) ao apresentar elementos católicos e de religiões africanas. Durante a festa, várias danças são apresentadas como o Tambor de Crioula e o Carimbó. Após a apresentação do Carimbó, foi introduzido o Cacuriá como uma dança mais profana do que as outras.

A música e as danças são constituídas por músicas menores. O seu ritmo é dado por caixas e sempre há uma pessoa que introduz a ladainha, seguida pelos participantes que, além de dançar, respondem ao coro.

A dança é feita aos pares ou em formato de roda. As moças dançam com blusas geralmente curtas e saia comprida rodada, sempre adornadas por flores. Já os rapazes costumam usar colete sem camisa por baixo e calças curtas. Ambos dançam descalços.

Seguem as letras de algumas músicas do Cacuriá, mas é preciso lembrar que como se trata de uma dança popular, é comum que os versos sejam trocados ou até mesmo improvisados:

Bananeira:

Bananeira ou banana
Ainda ontem eu comi
Uma banana de lá

Não me bota n'água
Que eu não sei nadar
A toada é a mesma
Olha lá

O mel é bom com cará
A toada é a mesma
Olha lá

Vamos dançar cacuriá
A toada é a mesma
Olha lá

Cabeça de Bagre:

Cabeça de bagre não tem que chupar
Joguei anzol n'água peguei acará

Cabeça de bagre virou jerêrê
Ora bota no copo que eu quero beber

Cabeça de bagre virou lobisomem
Só que essa acará com pirão se come

Cabeça de bagre não tem que chupar
mulher bota fora homem vai juntar

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Choro da Lera:

Boa noite minha gente
Foi agora que eu cheguei
Fui chegando e fui cantando
Se é do seu gosto eu não sei

Lera chorou, Lera chorou
Eu te disse lera
Vão te tomar teu amor

O coco para ser coco
Deve ser coco inteiro
E o homem para ser homem
Ele deve ter dinheiro

Nunca vi carrapateiro
Botar cacho na raiz
Nunca vi rapaz solteiro
Ter palavra no que diz

Eu vou dar a despedida
Como deu a jaçanã
Não cantamos tudo hoje
Deixo o resto pra amanhã

Divino:

Ah! Meu divino Espírito Santo
Divino Consolador

Consolai minha alma
Quando deste mundo for

Ah! Meu divino Espírito Santo
Pé de prata bico de ouro

Dê licença dê licença
Licença queira me dar

No meio deste salão
Eu vim trazer o cacuriá

Gavião:

Atirei mas não matei
Passarinho de Angola
Lá foi meu tiro perdido
Gavião avoou e foi embora

Avoou, avoou
Avoou deixa voar
No galho da imbaúba
Gavião Totoriá

Atirei mas não matei
Lá foi meu tiro perdido
Minha pólvora foi queimada
Meu chumbo foi derretido

Se eu soubesse que tu vinhas
Como de certo vieste
Mandava varrer caminho
Com galinho de acipreste

Se eu soubesse que era assim
Aqui eu não tinha vindo
Eu tinha ficado em casa
Na minha rede dormindo

Se eu soubesse que tu vinhas
Eu tinha me preparado
Com a minha casa varrida
E o meu cabelo penteado

Jabuti:

Jabuti sabe ler, não sabe escrever
Ele trepa no pau e não sabe descer
lê, lê, lê, lê, lê, lê

To entrando

Jabuti sabe ler, não sabe escrever
Ele trepa no pau e não sabe descer
lê, lê, lê, lê, lê, lê

To saindo

Ladeira:

Escorregou, foi na ladeira
Escorregou, foi na ladeira

E saiu remexendo
Com as mãos na cadeira
E saiu remexendo
Com as mãos na cadeira

Mariquinha:

Mariquinha morreu ontem
Ontem mesmo se enterrou
Na cova de Mariquinha
Nasceu um pé de fulô

Ai minha beleza
Vamos dar um baile
No salão da Baroneza
Ai meu Deus, ai!

Meu anel caiu do dedo
Retiniu mais de uma hora
Que diabo de amor é esse
Que me larga e vai simbora

Quem dançar com meu benzinho
Não dança vira virando
Meu benzinho não é lixo
Que vassoura vai levando

Vou me embora vou me embora
Já disse que eu vou eu vou
Levando a minha enxada
Deixando teu cavador

Vou me embora vou me embora
Aqui eu não vou ficar
Que estes meus companheiros
Tem intenção de me matar

Por Paula Rondinelli
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Mestre em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Doutoranda em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo - USP

Escritor do artigo
Escrito por: Paula Rondinelli Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

RONDINELLI, Paula. "Cacuriá"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/cacuria.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

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