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História do Carnaval

Carnaval é uma festa popular marcada pelos exageros. Tem forte ligação com o catolicismo e possui relações com festivais realizados na Antiguidade.

Desfile das escolas de samba, tradição do carnaval no Brasil.
O Carnaval chegou ao Brasil durante a colonização e transformou-se na maior festa popular do país.[1]
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O Carnaval é uma tradicional festa popular realizada em diferentes locais do mundo, sendo a mais celebrada no Brasil. Apesar do forte secularismo presente no Carnaval, a festa é tradicionalmente ligada ao catolicismo, uma vez que sua celebração antecede a Quaresma. O Carnaval não é uma invenção brasileira, pois sua origem remonta à Antiguidade.

A palavra Carnaval é originária do latim, carnis levale, cujo significado é “retirar a carne”. Esse sentido está relacionado ao jejum que deveria ser realizado durante a Quaresma e também ao controle dos prazeres mundanos. Isso demonstra uma tentativa da Igreja Católica de controlar os desejos dos fiéis.

Acesse também: Cuidados com o corpo que devemos ter durante o Carnaval

Tópicos deste artigo

Origem do Carnaval

Alguns estudiosos entendem o Carnaval como uma festa cristã, pois sua origem, na forma como entendemos a festa atualmente, tem relação direta com o jejum quaresmal. Isso não impede que sejam traçadas as origens históricas que nos mostram a influência que o Carnaval sofreu de outras festas que existiam na Antiguidade.

Na Babilônia, duas festas possivelmente originaram o que conhecemos como Carnaval. As Sacéias eram uma celebração em que um prisioneiro assumia, durante alguns dias, a figura do rei, vestindo-se como ele, alimentando-se da mesma forma e dormindo com suas esposas. Ao final, o prisioneiro era chicoteado e depois enforcado ou empalado.

Outro rito era realizado pelo rei no período próximo ao equinócio da primavera, um momento de comemoração do ano novo na Mesopotâmia. O ritual ocorria no templo de Marduk (um dos primeiros deuses mesopotâmicos), onde o rei perdia seus emblemas de poder e era surrado na frente da estátua de Marduk. Essa humilhação servia para demonstrar a submissão do rei à divindade. Em seguida, ele novamente assumia o trono.

O que havia de comum nas duas festas e que está ligado ao Carnaval era o caráter de subversão de papéis sociais: a transformação temporária do prisioneiro em rei e a humilhação do rei frente ao seu deus. Possivelmente a subversão de papéis sociais no Carnaval, como os homens vestirem-se de mulheres e outras práticas semelhantes, é associável a essa tradição mesopotâmica.

A associação entre o Carnaval e as orgias pode ainda relacionar-se com as festas de origem greco-romana, como os bacanais (festas dionisíacas, para os gregos). Seriam eles dedicados ao deus do vinho, Baco (ou Dionísio, para os gregos), marcados pela embriaguez e pela entrega aos prazeres da carne.

Havia ainda, em Roma, a Saturnália e a Lupercália. A primeira ocorria no solstício de inverno, em dezembro, e a segunda, em fevereiro, que seria o mês das divindades infernais, mas também das purificações. Tais festas duravam dias, com comidas, bebidas e danças. Os papéis sociais também eram invertidos temporariamente, com os escravos colocando-se nos locais de seus senhores, e estes colocando-se no papel de escravos.

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Cristianismo e Carnaval

As festas citadas eram, naturalmente, celebrações pagãs e eram extremamente populares. Com o fortalecimento de seu poder, a Igreja não via com bons olhos essas celebrações nas quais as pessoas entregavam-se aos prazeres mundanos. Nessa concepção do cristianismo, havia a crítica da inversão das posições sociais, pois, para a Igreja, ao inverter os papéis de cada um na sociedade, invertia-se também a relação entre Deus e o demônio.

A Igreja Católica, então, procurou ressignificá-las dando-lhes um senso mais cristão. Durante a Alta Idade Média, foi criada a Quaresma — período de 40 dias antes da Páscoa caracterizado pelo jejum. Tempos depois, as festividades realizadas pelo povo foram concentradas nesse período e nomeadas carnis levale.

A Igreja pretendia, dessa forma, manter uma data para as pessoas cometerem seus excessos, antes do período da severidade religiosa. Nesse momento, o Carnaval estendia-se durante várias semanas, entre o Natal e a Páscoa.

Acesse também: Páscoa cristã - celebração realizada 40 dias após o Carnaval

Carnaval na Europa medieval e moderna

Ilustração de jovens fantasiados se divertindo no carnaval medieval
O Carnaval medieval era marcado por festas, banquetes e muitas brincadeiras.

Durante os carnavais medievais, por volta do século XI, no período fértil para a agricultura, homens jovens que se fantasiavam de mulheres saíam às ruas e aos campos durante algumas noites. Diziam-se habitantes da fronteira do mundo dos vivos e dos mortos e invadiam os domicílios, com a aceitação dos que lá habitavam, fartando-se com comidas e bebidas, e também com os beijos das jovens das casas.

Durante o Renascimento, nas cidades italianas, surgia a commedia dell'arte, teatros improvisados cuja popularidade ocorreu até o século XVIII. Em Florença, canções foram criadas para acompanhar os desfiles, que contavam ainda com carros decorados, os trionfi. Em Roma e Veneza, os participantes usavam a bauta, uma capa com capuz negro que encobria ombros e cabeça, além de chapéus de três pontas e uma máscara branca.

Três pessoas mascaradas e com fantasias coloridas, tradição do carnaval na Itália renascentista.
Era comum na Itália renascentista a realização de bailes de máscara durante o Carnaval.

A lógica que regia as festas da Antiguidade era a mesma para o Carnaval na Europa da Idade Média e Moderna: o mundo de cabeça para baixo. Sendo assim, tratava-se de um período de inversão proposital da ordem, portanto, as restrições das vidas das pessoas eram abolidas, e os papéis que existiam naquela sociedade, invertidos.

A partir do século XVI, houve iniciativas de impor o controle sobre as festas carnavalescas no continente. Essa tentativa de silenciamento foi uma reação aos conflitos religiosos que atingiam a Europa naquele período, mas também pode ser explicada como forma de impor controle social. Outra explicação pode ser o conservadorismo vigente que buscava demonizar as festas populares.

Acesse também: Carnaval na Europa da Idade Moderna - saiba como era comemorado

Carnaval no Brasil

A história do Carnaval no Brasil iniciou-se no período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma brincadeira de origem portuguesa que, na colônia, era praticada pelos escravos. Nela, as pessoas saíam às ruas sujando umas às outras jogando lama, urina etc. O entrudo foi proibido em 1841, mas continuou até meados do século XX.

Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos, e as escolas de samba. Afoxés, frevos e maracatus também passaram a fazer parte da tradição cultural carnavalesca brasileira. Marchinhas, sambas e outros gêneros musicais foram incorporados à maior manifestação cultural do Brasil. Caso tenha curiosidade sobre o tema, leia nosso texto: História do Carnaval no Brasil.

Créditos da imagem

[1] CP DC Press e Shutterstock

Fontes:

BURKE, Peter. Cultura popular na Idade Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

MINOIS, Georges. História do riso e do escárnio. São Paulo: Editora UNESP, 2003.

SUPER INTERESSANTE. Qual é a origem do Carnaval? Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-e-a-origem-do-Carnaval/.

SOIHET, Rachel. Reflexões sobre o carnaval na historiografia — algumas abordagens. Disponível em: http://gladiator.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/artg7-8.pdf.

LOUREIRO, Carolina; VALENTE, Isabela; VIVIANI, Fernanda. A festa mais popular do Brasil. Disponível em: http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/media/ecletica33_festa_popular.pdf.

CANÇÃO NOVA. Existe relação entre o carnaval e o Cristianismo? Disponível em: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/existe-relacao-entre-o-Carnaval-e-o-cristianismo/.

AQUINO, Felipe. Como surgiu o Carnaval? Disponível em: https://cleofas.com.br/como-surgiu-o-Carnaval/.

ALETEIA. Qual é a origem da Quaresma? Disponível em: https://pt.aleteia.org/2014/03/05/qual-e-a-origem-da-quaresma/.

 

Por Daniel Neves e Tales dos Santos Pinto
Professores de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "História do Carnaval"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/carnaval/historia-do-carnaval.htm. Acesso em 19 de abril de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

A festa do carnaval, na Antiguidade Ocidental, estava relacionada com rituais pagãos que envolviam embriaguez e promiscuidade sexual. Dois desses rituais eram realizados entre o fim e o início de cada ano, isto é, um em dezembro e o outro em fevereiro. Eram eles:

a) as Saceias e as Olímpicas

b) as Apolíneas e as Siríacas

c) o Pão e Circo e o Lupanar

d) as Saturnálias e Lupercálias

e) o Pão e Circo e as Apolíneas

Exercício 2

A palavra ''carnaval'' vem do latim carnis levale e significa “retirar a carne” ou se livrar da carne. Essa designação começou a ser propagada durante a ascensão da civilização cristã na Idade Média. Levando isso em consideração, qual é o período do calendário litúrgico católico que é precedido pelo dia do carnaval?

a) o Dia de Todos os Santos

b) o Natal

c) a Quaresma

d) o Dia de Santos Reis

e) o Dia de Santa Luzia