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Rosa Parks

Rosa Parks ficou marcada na história norte-americana por se recusar a obedecer a uma lei racista que existia no Alabama. A ação dela deu força ao movimento negro nos EUA.

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Rosa Parks foi uma importante personalidade da história recente dos Estados Unidos. Ela ficou famosa por realizar um ato de desobediência civil que deu forças para uma série de protestos dos afro-americanos pelos seus direitos civis. O ato de Rosa Parks de não ceder o seu assento para um homem branco deu início a um boicote contra os ônibus de Montgomery, o que pôs fim à segregação racial nos ônibus em todo o território norte-americano.

Leia mais: Malcolm X, um dos grandes ícones da luta contra a segregação racial nos EUA

Tópicos deste artigo

Juventude

Rosa Louise McCauley (o “Parks” só foi adicionado ao seu nome quando ela se casou) nasceu no dia 4 de fevereiro de 1913 em Tuskegee, no estado do Alabama, no sul dos Estados Unidos. Seu pai chamava-se James McCauley e era um carpinteiro, e sua mãe, Leona Edwards, trabalhava como professora. Ainda na infância, ela se mudou com sua mãe para Pine Level, cidade na região metropolitana de Montgomery, a capital do Alabama.

Rosa Parks ficou conhecida por se recusar a obedecer à lei de segregação racial contra negros nos ônibus em Montgomery, nos Estados Unidos.[1]
Rosa Parks ficou conhecida por se recusar a obedecer à lei de segregação racial contra negros nos ônibus em Montgomery, nos Estados Unidos.[1]

Durante a sua infância, Rosa Parks estudou em colégios rurais, ingressando posteriormente no Industrial School for Girls e, posteriormente, em uma universidade pública para estudantes negros, a Alabama State Teachers College for Negroes. Entretanto, ela não terminou seus estudos, abandonando-os para cuidar de sua mãe.

Durante a infância, Rosa Parks já presenciava a segregação racial existente no sul dos Estados Unidos, uma vez que, para ir ao colégio, ela não podia pegar os ônibus escolares, pois eles eram dedicados exclusivamente aos estudantes brancos. Ela relata que essa experiência foi uma das primeiras que a fizeram perceber as diferenças no tratamento de brancos e negros. Ao longo de sua juventude, ela foi acumulando outras más experiências causadas pelo racismo.

Quando tinha 19 anos de idade, casou-se com Raymond Parks, um barbeiro que fazia parte do National Association for the Advancement of Colored People (NAACP), uma organização que lutava pelos direitos da comunidade afro-americana nos Estados Unidos. O casamento deles aconteceu no dia 18 de dezembro de 1932 e o matrimônio deles durou até 1977, quando seu marido faleceu.

Acesse também: Entenda o que é racismo e veja por que ele é tão nocivo para a humanidade

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Luta contra a segregação

O casamento com Raymond fez com que Rosa Parks se envolvesse com as atividades promovidas pelo NAACP. Ela atuou no apoio ao caso dos Scottsboro Boys, um grupo de nove negros acusados falsamente de terem estuprado uma mulher dentro de um trem em 1931. Na década de 1940, Parks tornou-se um militante ativa do NAACP, assumindo o cargo de secretária.

Nesse período, ela dividia seu tempo entre o envolvimento na militância e o seu trabalho. A ação mais significativa da vida de Rosa Parks ocorreu dentro de um ônibus em Montgomery, no ano de 1955.

  • Boicote aos ônibus de Montgomery

Na capital do Alabama, existia uma prática segregacionista contra os negros que usavam o serviço. As fileiras da frente eram dedicadas às pessoas brancas; já as últimas fileiras eram dedicadas aos negros. Quando os ônibus ficavam muito cheios, os negros eram obrigados a ceder os seus lugares para que os brancos pudessem sentar-se. Essa era uma dentre muitas práticas discriminatórias que existiam nos Estados Unidos.

Modelo do ônibus no qual Rosa Parks recusou-se a ceder o seu lugar para um homem branco em 1955.[2]
Modelo do ônibus no qual Rosa Parks recusou-se a ceder o seu lugar para um homem branco em 1955.[2]

Em 1º de dezembro de 1955, Rosa Parks trabalhava como costureira. Após um dia de trabalho, retornou para sua residência utilizando o serviço de ônibus local. Ela pagou a tarifa de ônibus, como qualquer pessoa, mas, no decorrer da viagem, o motorista ordenou que ela se levantasse e desse o seu lugar a um homem branco.

Como ela se recusou, o motorista chamou a polícia, que prendeu Rosa Parks. O ato dela e sua prisão rapidamente se espalharam e chamaram a atenção dos Estados Unidos. Sua prisão deu início a um boicote dos negros da cidade contra o serviço de ônibus, e a comunidade afro-americana engajou-se na luta contra a segregação racial.

Com o boicote à empresa de ônibus como forma de protesto, a comunidade negra de Montgomery ia trabalhar caminhando ou organizava caronas entre si, caso algum deles tivesse carro. Imediatamente a empresa de ônibus começou a registrar prejuízos por causa do boicote.

Apesar do reconhecimento, Rosa Parks não foi a primeira pessoa negra a realizar esse ato de desobediência civil. Outras pessoas já haviam feito isso nas décadas de 1940 e 1950, mas o ato de Rosa Parks serviu de estopim para o início de um grande movimento dos afro-americanos pelos direitos civis e pelo fim da segregação racial. Em resumo, a ação de Rosa Parks resultou em transformações sociais significativas.

Após ter sua fiança paga, a vida de Rosa Parks tornou-se mais dura do que já era. Ela passou a ser ameaçada por outras pessoas brancas em Montgomery e perdeu seu emprego. Essa situação forçou-a a fugir para Detroit, em Michigan. Ela foi uma dos milhões de afro-americanos que migraram do sul para o norte dos Estados Unidos para fugir da segregação racial.

Entretanto, a semente estava plantada e, por causa da ação de Rosa Parks, iniciou-se um processo que mudou a história dos Estados Unidos. A mobilização da comunidade negra de Montgomery fez surgir uma liderança significativa para a história do movimento afro-americano na luta pelos direitos civis: o pastor batista Martin Luther King Jr.

A mobilização dos afro-americanos contra a segregação racial trouxe resultados significativos, pois abriu espaço para esse debate, uniu a comunidade negra do país e fez com que a Suprema Corte norte-americana decretasse o fim da segregação racial dos negros nos ônibus dos Estados Unidos em 1956.

Acesse também: Ku Klux Klan – a história da maior organização terrorista e racista dos EUA

Últimos anos

Depois de Montgomery, ela se estabeleceu em Detroit e lá conseguiu um emprego como secretária de John Conyers, um congressista negro. Ela permaneceu nesse emprego até o ano de 1988, quando, finalmente, aposentou-se. Ao longo das décadas de 1960, 1970 e 1980, ela permaneceu engajada nos movimentos em defesa dos direitos dos afro-americanos.

Rosa Parks foi homenageada diversas vezes em sua vida pela importância de sua atuação na defesa dos direitos da comunidade afro-americana e na sua luta contra o racismo. Uma das homenagens mais importantes veio em junho de 1999, quando ela recebeu, no Congresso dos Estados Unidos, a Medalha de Ouro como homenagem do governo de Bill Clinton ao seu importante papel.

Em 2002, Rosa Parks foi diagnosticada com demência. Em 24 de outubro de 2005, por causas naturais, Rosa Parks faleceu em sua residência em Detroit. Ela nunca teve filhos.

Créditos das imagens:

[1] neftali e Shutterstock

[2] Joseph Sohm e Shutterstock

 

Por Daniel Neves Silva
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Rosa Parks"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/rosa-lee-parks.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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