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Adolfo Caminha

Adolfo Caminha foi um escritor cearense do século XIX. Suas obras fazem parte do naturalismo brasileiro, e seu livro mais conhecido é o polêmico romance “Bom-Crioulo”.

Retrato de Adolfo Caminha.
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Adolfo Caminha nasceu em 29 de maio de 1867, em Aracati, no estado do Ceará. Mais tarde, ingressou na Escola da Marinha e chegou a ser promovido a segundo-tenente. Mas abandonou a carreira militar após sofrer perseguição por se apaixonar e viver maritalmente (como se estivesse casado) com a esposa de um oficial do Exército.

O escritor, que faleceu em 1º de janeiro de 1897, no Rio de Janeiro, escreveu obras pertencentes ao naturalismo brasileiro. Portanto, seus livros apresentam características como determinismo e zoomorfização, as quais podem ser encontradas em seu polêmico romance Bom-Crioulo.

Veja também: Aluísio Azevedo — o principal autor naturalista do Brasil

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Adolfo Caminha

  • O autor cearense Adolfo Caminha nasceu em 1867 e faleceu em 1897.

  • Além de escritor, ele também trabalhou para a Marinha brasileira.

  • O estilo literário das obras de Adolfo Caminha é o naturalismo.

  • Seus livros apresentam uma narrativa de caráter determinista.

  • Bom-Crioulo, de temática homoerótica, é seu romance mais famoso.

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Biografia de Adolfo Caminha

Adolfo Caminha nasceu em 29 de maio de 1867, em Aracati, no Ceará. Ficou órfão de mãe quando tinha 10 anos, durante a seca de 1877. Assim, mudou-se para Fortaleza e, três anos depois, foi viver no Rio de Janeiro, em companhia de seu tio-avô Alvaro Tavares da Silva. Em seguida, ingressou na Escola da Marinha.

Nessa instituição, em cerimônia em que estava presente D. Pedro II (1825-1891), fez discurso a favor da abolição e da república. Já no cargo de guarda-marinha, em 1886, viajou até os Estados Unidos a bordo do navio Almirante Barroso. Ainda em 1886, publicou seu primeiro livro: Voos incertos.

Em 1887, publicou, na Gazeta de Notícias, o conto denúncia “A chibata”, o qual critica os castigos físicos sofridos pelos marinheiros nos navios brasileiros. Apesar disso, foi promovido nesse mesmo ano, quando passou ao cargo de segundo-tenente. Em 1888, mudou-se para Fortaleza, onde se tornou membro do Centro Republicano do Ceará.

No entanto, o escritor se envolveu amorosamente com a esposa de um oficial do Exército, que acabou fugindo de casa para morar com Caminha. Devido a essa paixão, o autor recebeu, como punição, a ordem de embarcar em um navio de guerra para a Europa.

Então decidiu deixar a Marinha e passou a trabalhar como funcionário público em Fortaleza, onde, em 1891, criou a Revista Moderna, na qual publicava textos críticos. No ano seguinte, mudou-se para o Rio de Janeiro e assumiu o cargo de oficial adido ao Tesouro Nacional, além de criar A Nova Revista, em 1896. Faleceu em 1º de janeiro de 1897, vítima da tuberculose.

Estilo literário de Adolfo Caminha

As obras de Adolfo Caminha estão inseridas no naturalismo, estilo de época que teve as seguintes características:

  • linguagem objetiva;

  • visão determinista;

  • zoomorfização;

  • elementos racistas e homofóbicos;

  • racionalismo e cientificismo;

  • análise dos comportamentos sociais;

  • personagens controlados pelos instintos;

  • foco no instinto sexual.

Saiba mais: Émile Zola — um dos principais nomes do naturalismo francês

Principais obras de Adolfo Caminha

  • Voos incertos (1886)

  • Judith e Lágrimas de um crente (1887)

  • A normalista (1893)

  • No país dos ianques (1894)

  • Bom-Crioulo (1895)

  • Cartas literárias (1895)

  • Tentação (1896)

Análise literária da obra Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha

Capa do livro “Bom-Crioulo”, de Adolfo Caminha, publicado pela editora Martin Claret.
Capa do livro “Bom-Crioulo”, de Adolfo Caminha, publicado pela editora Martin Claret.

O romance Bom-Crioulo, o mais famoso de Adolfo Caminha, causou polêmica ao ser publicado em 1895, devido à sua temática, já que trata do relacionamento sexual entre dois indivíduos do mesmo sexo. No entanto, a homossexualidade nessa obra é retratada como sendo algo negativo e que, portanto, deveria ser combatido.

Essa perspectiva naturalista levou o autor a criar dois personagens bastante estereotipados. Amaro é um homem negro, forte e mais velho do que Aleixo, um adolescente louro, de 15 anos, com características femininas. Amaro, também chamado de Bom-Crioulo, seduz o jovem, e eles passam a manter relações sexuais.

Como Amaro é negro e, segundo a visão naturalista e pseudocientífica da época, seria um indivíduo inferior, ele se mostra fraco demais para resistir ao “vício” da homossexualidade. Já Aleixo, por ser adolescente, ainda está em processo de desenvolvimento e, por isso, ainda na visão naturalista, seria facilmente influenciável.

Amaro seduz o grumete Aleixo com promessas de uma vida feliz no Rio de Janeiro. Nessa cidade, ele aluga um quartinho na rua da Misericórdia, na casa de uma ex-prostituta portuguesa, e amiga de Bom-Crioulo, chamada Carolina. Assim, quando estão em terra, é nesse lugar que os dois homens se encontram.

No entanto, Carolina começa a sentir atração pelo grumete, principalmente pelo seu jeito feminil, e acaba seduzindo o rapaz. Este, após ter sua primeira relação sexual com uma mulher, passa por uma transformação física, de forma que perde os traços femininos e se torna mais viril.

Enquanto isso, Amaro se degenera, deixa de ser o marinheiro obediente e pacato, entrega-se à bebida e fica doente. Traído e desprezado pelo grumete, Amaro assassina violentamente o rapaz. Dessa maneira, o narrador demonstra que o relacionamento sexual entre dois homens é causador de infelicidade e tragédia.

É importante ressaltar que a obra é visivelmente racista e homofóbica. Mas está de acordo com as equivocadas teorias científicas da época nas quais se amparou o naturalismo. Portanto, a obra possui valor histórico, inclusive por ser o primeiro romance brasileiro em que a temática principal e os protagonistas são homossexuais.

Leia também: O Ateneu obra naturalista que também trata da homossexualidade

Homenagens a Adolfo Caminha

  • Escola Adolfo caminha, em Aracati (CE)

  • Avenida Adolfo Caminha, em Fortaleza (CE)

  • Rua Adolfo Caminha, no Rio de Janeiro (RJ)

  • Rua Adolfo Caminha, em São Paulo (SP)

  • Rua Adolfo Caminha, em Sorriso (MT)

  • Rua Adolfo Caminha, em Recife (PE)

Frases de Adolfo Caminha

A seguir, algumas frases de Adolfo Caminha extraídas de seu livro No país dos ianques:

  • “Não se escreve a história de um país sem demorar-se em largo e paciente estudo sobre as suas origens.”

  • “Para quem viaja no mar uma vela que se avista é sempre motivo de inocente alegria.”

  • “Jamaica parece um pedaço do Brasil transplantado para as Antilhas, tal a opulência da sua natureza.”

  • “Eu de mim só sei que o patriotismo, longe da pátria, duplica.”

  • “É este o único consolo daqueles que andam no mar em serviço da pátria — o repousar em terra amiga.”

  • “A saudade é um estado d’alma como a nostalgia, como o amor, como a tristeza, como a dor...”

  • “A lágrima há de existir enquanto palpitar em nós esse músculo que se chama coração.”

Crédito de imagem

[1] Editora Martin Claret (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura 

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Adolfo Caminha"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/adolfo-ferreira-caminha.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

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